Minha Querida Helena,
O que é evidente, evidente é: decidiste desinvestir do nosso amor. Só assim se compreende a tua falta de empenho em me cativares. Apenas a essa luz tem leitura o teu desinteresse em fazeres-me um telefonema, que seja. Nestes dias mais recentes, não podes nem argumentar que não tinhas para onde me ligar.
Cai assim por terra o argumento que desfilaste durante muito tempo que querias ver-me a viver só. Só, já estava. A viver só, estou desde Agosto e nem por isso a tua receptividade aos meus apelos se alterou de modo expressivo. Nota: eu posso até aceitar que assim seja e não te faltarão razões passadas; tens é que deixar de fazer que fazes; tens é que dar notícia de receptividade ao desafio que te lancei ou recusá-lo, sem mais.
Não te pedirei explicações; elas estão dadas. Não te reclamarei um amor que, lendo as coisas como as evidências sugerem, se esgotou. Não me pedirás tu, por sua vez, que esqueça o passado, e que faça de conta que tu tens o mesmo significado para mim que qualquer outra, mesmo que com um rabo tão bem feito quanto o teu. Devias, até, cuidar mais dele.
A
diferença entre ti e uma outra é que, queiras ou não queiras, és a minha
Helena, e isso faz toda a diferença. Também te disse que não procurarei mais
Helena alguma e, desse modo, estás condenada a ser a última que me encantou e
se foi, deixando atrás de si um imenso vazio. É que, sabes, as Helenas sempre
me foram esquivas, talvez por tê-las amado tanto.
José Cadima
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