domingo, julho 31, 2011

Ninguém compra o boneco foleiro (II)

Nas minhas poucas qualidades,
nos meus imensos defeitos,
ninguém parece quer-me,
nem mesmo eu.
Cresceu em mim
uma imensa raiva de mim.

Tal como te pressinto,
nem sequer te imaginas a meu lado.
Sou simplesmente algo,
como um boneco foleiro,
que ninguém compra.

Em perfeito contraste,
eu sinto que te quero muito,
sinto que me fazes toda a falta do mundo,
mesmo desejando ter força bastante
para te ignorar da próxima vez que nos cruzemos,
rua abaixo, rua acima.
Cresceu em mim uma raiva imensa.
Sinto-me um boneco foleiro.

José Pedro Cadima

sábado, julho 30, 2011

O que gosto em ti

O que gosto em ti
Tudo ou nada posso dizer
Tudo ou nada quero dizer
O que posso dizer que és?
Companheiro és
Dedicado és
Atrevido és
Honesto és
Maduro és
Empreendedor és
Que homem és!
Mas, como quase todos os homens,
tens dificuldade em expressares o que és
Tento ajudar-te
És bom aprendiz
Que homem és!...

C.P.

quarta-feira, julho 27, 2011

" 102nd most networked person in Portugal on Social Networks"

José is the 102nd most networked person in Portugal on Social Networks: José has friends in 23 countries, covering a distance of 362,145 Kilometers [...]»

(excerto de mensagem disponível nesta data no Facebook de José Pedro Cadima)

De volta à minha praia fluvial













Vale-de-Frade (Barosa, Leiria)

sábado, julho 23, 2011

Violeta, meu trevo de 5 folhas

Violeta! Meu trevo de 5 folhas,
minha flor singela:
como é bom contemplar-te;
quanto gosto de ter-te por perto,
de preferência, colada a mim.
Violeta, meu trevo da sorte,
a razão está toda do teu lado
quando me lembras a sorte que tenho.
À força de conviver com a pouca sorte,
acabei descrente da sorte
que me acabou reservada, violeta.
Fico-te reconhecido pelo encanto.
Mais te agradeço o modo inesperado
como te ofereceste a meus olhos,
que, de tão inesperada,
resulta-me ainda hoje difícil de crer.
Fazia-me falta uma flor como tu, ontem, hoje,
particularmente hoje,
Meu trevo de 5 folhas:
és tu me impeles para a vida;
és tu a vida que me resta
e a que, pese isso, me agarro com dificuldade,
sem que, a mais das vezes, entenda porquê.
À força de conviver com a pouca sorte,
acabei descrente,
acabei diminuído na dimensão do sonho
que, apesar de tudo, deveria comandar a vida.
Violeta, minha flor:
não desistas de dar cor à minha vida;
não deixes de ser a minha vida,
mesmo quando, descrente
da capacidade que preservo de te fazer sorrir,
te digo: “Até qualquer dia!”.

José Cadima

quinta-feira, julho 21, 2011

(Re)começar

Começar é abalançar-se a dar os primeiros passos e, sucedidos estes, avançar para os segundos e assim por diante. Amor meu: o amor não é apenas uma emoção nascida de razões que estão para além de racionalidades circunstanciais. O amor cultiva-se como se cultivam as roseiras, os pessegueiros que dão pêssegos grossos (quando dão poucos) ou os dióspireiros: nenhum deles dispensa ser regado; nenhum deles gera flores e/ou frutos bonitos e grossos se deixarmos que as ervas e as silvas as/os minem e envolvam.

José Cadima

sexta-feira, julho 15, 2011

Hoje não te escrevo

Há ocasiões em que o trabalho, pouco que seja, me esgota. Lembro-me de outras em que o trabalho se esgotava sem que lhe sentisse o peso. Não é, sei-o bem, apenas uma questão de esforço. É, muito mais, um problema de motivação, de crença que valha a pena enfrentar o dia seguinte, estado de espírito que me escapa nesta altura e de que não estou certo de ser capaz de libertar-me. A não ser... A não ser que...

Estou sem esperança. Estou sem ânimo. Sinto-me profundamente cansado, a ponto de me falhar a energia sequer para te gritar a falta que me fases. Por isso, hoje não te escrevo.

José Cadima

terça-feira, julho 12, 2011

quinta-feira, julho 07, 2011

Sempre que me quiseres

Sempre que me quiseres
Estarei lá
Para te dar força
Para te amar ainda mais
Sempre que me quiseres
abraçar-te-ei com muita força mais
Até te renderes ao meu abraço
Sempre que me quiseste nestes 3 anos
Estive lá
Dei-te força
Amei-te até não poder mais...

C.P.

quarta-feira, julho 06, 2011

Alegoria (esboço de crónica)

Lá em cima, ao fundo: Sameiro. Sameiro, dizes tu, mulher atarefada com a lida da casa, somada aos afazeres do campo. Maria, mulher cada vez mais da cidade, posto que os campos se despovoam a olhos vistos e, na enxurrada, correm risco de ir até as cidades.
Primeiro, foram as mais pequenas mas agora, ai agora, até algumas maiores experimentam já a hemorragia humana de que se julgavam salvaguardadas.
Escândalo! Escândalo! Nem Guimarães escapa. Se os dados galopantes do desemprego o indiciavam, os dos censos, acabados de anunciar, não parecem deixar margem para dúvida. E os seus actores políticos que se achavam tão certos, tão seguros.
Maria! Maria do Sameiro! E agora? Porque há-de ser uma serra, para mais pequena, a constituir a fronteira entre duas faces de uma mesma realidade económica, social atravessada de forma aguda pela crise, por agudas crises de naturezas múltiplas, digo?
Ai Sameiro, Maria do Sameiro, que vai ser de ti, mulher abandonada à tua (pouca) sorte?

JC

domingo, julho 03, 2011

Um dia

Um dia
plantei uma árvore.
Um dia
tive um(a) filho(a).
Sonhei vê-lo(a) crescer.
Um dia
escrevi um livro
e desejei fazer muitos mais.
Um dia
tive um sonho,
a que se seguiram outros.
Cheguei até a sentir
uma inebriante sensação de liberdade
que me permitiu esvoaçar, por instantes.
Um dia
tive um filho e depois outro.
Não me fizeram esquecer
o sentimento de perda do(a) primeiro(a).
Quis crescer com eles.
Quis brincar com eles
mas não fui capaz.
Plantei uma árvore
e outra, e ansiei plantar uma floresta
(sobretudo depois de ter vista queimada
a que o meu avô me deixou, por herança).
Um dia
escrevi um livro,
e questionei-me se teria forças
para escrever algum mais.
Um dia
desejei ser feliz!

José Cadima