quarta-feira, setembro 29, 2010

segunda-feira, setembro 27, 2010

Jonkoping: pássaro
















Acordo e penso em ti, pássaro de fogo.
Acordo e penso em nós, aves negras.
Acordo e imagino-me bater asas e partir ao teu encontro, pássaro amarelo, azul, de todas as cores.

K

quinta-feira, setembro 23, 2010

Quero parar

Quero parar!
Quero seguir o meu caminho,
caminho distinto
do que me trouxe a estas paragens.
Quero parar, parar, parar
mas a inércia arrasta-me, impele-me,
deixando-me cada vez mais estreito
o umbral de arbítrio.
Anseio seguir por onde quero,
percorrendo estrada ampla,
liberta de sinais vermelhos.
Quero parar!
Quero retornar à utopia
que me trouxe a estes lugares,
que já não são de encontro,
antes são de desassossego.
Quero parar
para procurar caminho retemperador.

José Pedro Cadima

segunda-feira, setembro 20, 2010

Frases soltas, pensamentos soltos

Há ocasiões em que preciso estar só, para pensar, para ganhar ânimo, para me encontrar. Sobretudo, há ocasiões em que não quero que outros pensem que é a sua presença ou alguma coisa que fizeram ou disseram que me deixou com um estado de espírito que não entendem. Isso é o que me incomoda mais.

José Cadima

sábado, setembro 18, 2010

Um homem “de tantas faces, polemista por natureza e ofício [...]"

«Não sei a data certa em que trocámos as primeiras mensagens postais; não tenho rigorosamente presente em que anos esteve em Braga em fugazes visitas de trabalho, no quadro de um projecto de pós-doutoramento; sei que morreu em Junho de 2003, aos 56 anos de idade, “na plenitude da sua maturidade intelectual”, como escreveram os amigos que lhe organizaram um livro de homenagem póstuma, reunindo o essencial da sua obra escrita, “acabado” de vir a público, e que um amigo comum teve a gentileza de me fazer chegar há poucos dias. Falo de Dinizar Becker, um homem “de tantas faces, polemista por natureza e ofício, indignado, produtivo e combativo … neste momento de agudização de uma crise mundial, que provoca perplexidades sem respostas, sobre a qual Dinizar teria muito a dizer” [Desenvolvimento Contemporâneo e seus (Des)caminhos: a contribuição da obra de Dinizar Becker, Agostini, Bandeira e Dallabrida (Org.), UNIVATES, 2009, Lajeado, Brasil, p.25]. Em boa hora o fizeram. Estou-lhes grato pela homenagem que por essa via lhe prestaram em nome dos muitos amigos que teve em vida, entre os quais julgo poder incluir-me.»
.
J. Cadima Ribeiro

quinta-feira, setembro 16, 2010

Vontade (II)

Vontade é voltar a escrever. Vontade é fugir à rotina; fugir...
Desgraçadamente, vontade de escrever é coisa que não tenho. Pior: não tenho mesmo vontade de outra coisa que não seja partir para longe, fugir…
E vendo a vida correr, sobressaltado, dou um salto: tau – bato com a cabeça no céu, que, não parecendo, estava ali tão perto.
É como ter vontade de voar e não ter asas, ainda que, neste caso, isso pouco importe porque nem essa vontade me assiste.
Fugir? Regressar? Fugir?

José Pedro Cadima

terça-feira, setembro 14, 2010

Quem sou? (II)

Em busca de reconhecimento
sem nada ter feito.

Em demanda da linha do horizonte
não ousando apressar o passo.

Em busca do Olimpo
descrendo dos deuses.

Quero ser tanto na vida
que me esqueço de quem sou.


José Pedro Cadima

segunda-feira, setembro 06, 2010

Pelo mar dentro

Pelo mar dentro
tentámos ir.
Fomos até à ilha das pedrinhas,
ilha repleta de sonhos,
ilha repleta de símbolos.
Havemos de lá voltar um dia.
Um dia, havemos de lá voltar...

K

quinta-feira, setembro 02, 2010

Ele há coisas do arco-da-velha

Os leitores habituais terão sentido a minha ausência de vários meses das “páginas” deste jornal de parede. Não foi por vontade, já que sei bem a saudade que tal deixa nos meus leitores e, especialmente, nas muitas fãs que felizmente tenho, nem por falta de insistência dos seus editores no sentido de que eu vertesse aqui mais amiúde o que me vai na alma, que, lembro, são meus amigos de longa data. Faltou-me tempo e faltou-me, sobretudo, tema de análise, posta a acalmia, quase clima de romance, que se vive na sociedade portuguesa de há um par de anos a esta parte. É como se aquilo que alguns usam designar de “silly season”, referindo-se a certo período de cada ano (Julho/Agosto), se tivesse estendido por este período todo.
Conto, uma vez mais, com a benevolência dos meus caros leitores e queridas leitoras, à semelhança do que fazem os portugueses sempre que, em período eleitoral, acabam a referendar todo o rol de asneiras feito pelo governo em funções e pelos outros, tal e qual, que os antecederam.
Pois, dizia eu, a persistir este ambiente de romance que se vive na sociedade portuguesa, continuaria sem motivo de análise social. Não deixando de ser assim, por puro acidente, entrou-me hoje pelos olhos dentro um título que se encontrava na primeira página de um jornal de Braga e que, grosso modo (não memorizei rigorosamente as palavras empregues no jornal), dizia assim: “Sócrates inaugura Hotel Meliã”.
E o que é que isto tem de relevante a ponto de fazer o cronista saltar para esta trincheira? Perguntarão os meus caros leitores e as minhas queridas leitoras. Pois, o que tem de singular é o facto do referido hotel ter entrando em funcionamento há bem mais de um mês, conforme é bem notório perscrutando-o a partir da avenida que lhe é fronteira.
Incontestável que o hotel se encontre em plena operação há várias semanas, ocorre perguntar como é possível que tal aconteça sem que tenha sido previamente e solenemente inaugurado? Será que possível que tenhamos todos, os portugueses digo, ficado doidos? Ou isso aconteceu porque o hotel é parte de uma cadeia hoteleira espanhola e, portanto, estranha aos nossos bons costumes? E, a ser assim, ocorre-me adicionalmente questionar: e que costumes tem eles, os espanhóis? Não são gente civilizada e dada à bonomia, também?
Dito isto, perceberão os leitores e leitoras deste jornal de parede que eu não pudesse deixar de lavrar umas linhas dando expressão do meu desconforto e indignação. Bem diz o nosso povo, que ele há coisas do arco-da-velha. Pelo menos, que não fiquem sem registo, digo eu.

J. C.