sábado, março 31, 2007

Só mais um beijo

Só mais um beijo;
só mais um acariciar de lábios.
Só mais um...
Só mais um...

Como é doce beijar-te.
Como é quente abraçar-te.
Eu quero-te.
Por isso te cortejo.

Dizendo-te quanto te quero,
estou a contar-te apenas meia verdade.
Para dizer-te tudo, tinha que confessar-te
quanto anseio por mais um beijo.

José Pedro Cadima

quinta-feira, março 29, 2007

Belo dia…

Foi nesse dia que:
… enchi a cabeça de sonhos;
… entrei numa nuvem
e não caí.
Foi a partir desse dia
que nasci;
que comecei a viver.
Só a partir dele os anos
começaram a contar…

José Pedro Cadima

terça-feira, março 27, 2007

Desejos

Desejos...
São a única coisa que sinto:
o desejo
de me aconchegar a ti;
o desejo
de te beijar;
o desejo
de te acariciar;
o desejo
de partilhar contigo mimos, muitos!
Mas, acima de tudo,
desejo-te.

José Pedro Cadima

domingo, março 25, 2007

Amo!

Adoro; adoro; adoro.
Amo!
E de repente todo o sangue,
todas as lágrimas
formam lindos rios
de palavras e frases
que até então eu não conhecia.

Os mortos já não andam...
Pelo menos, os mortos com coração,
pois sem coração todos andam,
até mesmo os mortos.

José Pedro Cadima

sexta-feira, março 23, 2007

Anjo da guarda

Os anjos também choram,
e por vezes sou eu
quem os faz chorar.

Os anjos também amam,
e por vezes sou eu
quem os faz amar.

E tal como eu choro,
também eles choram
por te amar.

O meu anjo da guarda
é aquele anjo
que eu amo mais.

Dói-me cá dentro,
e por isso o meu anjo
de ti me defende.

Mas eu não quero ser defendido,
rejeito ser defendido e bato no anjo
que me prende.

Pobre anjo que me defende;
pobre anjo que me tenta salvar.
Está a incomodar-se em vão.

José Pedro Cadima

quinta-feira, março 22, 2007

quarta-feira, março 21, 2007

Quero ser feliz!

Quero chorar e não consigo.
Quero verter as lágrimas todas
num copo de vinho
e bebê-las como se de sangue se tratasse.

Quero libertar o que tenho cá dentro
e fortalecer meu coração.
Quero ser alguém!
Quero ser amado!
Quero ser feliz!

José Pedro Cadima

terça-feira, março 20, 2007

Posso sempre chorar

Se beijares outro que não eu,
nada terei que ver com isso.
Se amares outros que não eu,
nada poderei fazer...

Se amares outros que não eu,
nada poderei fazer,
excepto chorar tanto
que as minhas lágrimas salgadas
encham rios e campos
e afoguem toda a Terra.

José Pedro Cadima

domingo, março 18, 2007

És má!

És má, muito má
pois, quando estás triste,
mostras todo o teu
pesado sofrimento,
mas, quando estás feliz,
não és capaz de mostrar
a tua felicidade,
e compensar
quem te ajudou a conquistá-la
e, por isso, deveria merecer a tua gratidão.

José Pedro Cadima

sexta-feira, março 16, 2007

Vou...

Vou puxar-te pelos pulsos
até colar-te a mim.
Vou pôr-te as mãos na cintura
e contigo dançar.
Vou levantar-te no ar até teres a minha altura
e poder beijar esses teus lábios
tão apetecidos.
Vou rodear com meus braços o teu corpo.
Vou apertar-te contra mim
para te sentir respirar.
Vou …

José Pedro Cadima

quarta-feira, março 14, 2007

Se tu soubesses …

Todo o mundo à minha volta rodopia e estremece
como se de um relâmpado se tratasse.
Andamos à procura de um passado,
de um futuro e, talvez, de um presente.
Estaremos à procura de algo nunca procurado
ou, ao invés disso, de uma verdade que nos mente?

Se tu soubesses o quanto me perturbas
e quanto, de certa forma, meu corpo empurras
para uma sensação de liberdade
que me confunde e me enleva.
Se tu soubesses …
Todo o mundo à minha volta rodopia.

José Pedro Cadima

segunda-feira, março 12, 2007

Afogar-me em teu olhar

Leve e cuidadoso
é o arrepio na espinha.
Cheia e rápida
é a lágrima em meu olho.
Não sabes o quanto te quero!
Não sabes… o que é amar.
É de noite que mais desespero.
É de noite que mais anseio
afogar-me em teu olhar.

José Pedro Cadima

domingo, março 11, 2007

Meu anjo…

Meu anjo:
só te faltam as asas
para seres um anjo
e poderes voar até mim;
só te faltam as asas
para seres, quem sabe, até um arcanjo,
pois nunca vi poder assim.

Meu anjo:
abre as asas e voa;
serei eu o escolhido
para provar os teus céus?
Ou serei banido,
abandonado num monte de lágrimas
e desejos… só meus?

José Pedro Cadima

sábado, março 10, 2007

Descreve o amor!

– Escreve uma composição descrevendo o amor.
– Não sei!
– Tens que saber!
– Já por mais de mil vezes tentei e nunca o consegui.
Em todos os livros eu procurei e não achei o significado.
Se não existe definição, como posso eu descrevê-lo?
De todas as maneiras como foi descrito o amor,
aquela que melhor interpreta o que sinto é a dor.

José Pedro Cadima

quinta-feira, março 08, 2007

Minha Querida Helena

Quando já não o esperava, eis que dás um sinal de boa-vontade; pequeno, tardio, mas nem por isso deixou de ser um passo em frente. Como interpretá-lo então? Como o primeiro de um percurso que tem que ter um primeiro passo? Como uma breve hesitação ou desequilíbrio que ocorreu nesse sentido, podendo tê-lo sido para trás ou para qualquer um dos lados? Como um gesto de quem procura um caminho e está inseguro de ser aquele o trilho que o vai levar á meta perseguida?
Mesmo surpreso, fico contente; pouquinho, para não ser surpreendido por uns próximos dois passos atrás. Para mim, alguém que se move é um ser que está vivo e, estando-o, só pode esperar que o dia seguinte corra melhor que o dia que o antecedeu. Sabes: podendo não parecê-lo, sou eu que te digo isto, provavelmente não por força da realidade que me assiste no presente mas, antes, por tê-lo assumido como filosofia de vida no passado e, tendo como rotina o trabalho com jovens, tê-lo usado para lhes transmitir o entusiasmo, o arrojo e a iniciativa que amiúde não descortinei neles.
Vou ficar na expectativa. Vou tentar reconhecer em ti a aluna que foste, esforçada, decidida, mas insegura (Descalça vai para a fonte, Helena pela verdura; vai descalça mas não segura. Recordas-te?). Com o carinho do professor que segue os gestos hesitantes da aluna por quem desenvolveu uma empatia que nasceu de um ror de pequenos nadas, vou ficar a aguardar que passo darás depois deste primeiro; não sendo, no entanto, já capaz de dar-te lições, por me faltar convicção.
Falo disto com óbvio embaraço pois que sempre fiz por ensinar o que conheço e aquilo em que acredito. Isso levou-me a percorrer caminhos mil, ensaiar percursos que quem me dera nunca tivesse usado percorrer, tentar aprender outra vez o que soube e esqueci ou o que julgava ter aprendido mas, lá chegado, verifiquei ser uma caixa negra sem porta de entrada evidente. Falo disto com o óbvio embaraço de quem, porventura, quis mostrar-te um mundo novo e só conseguiu pôr diante de ti um território de ilusão, que se esvaneceu logo que os primeiros ventos arrastaram os fumos que davam forma às imagens que configuravam o meu mundo imaginário.
Que frustração imensa, minha querida, esta do professor que julgava saber e nada compreendia. Que calamidade esta, meu amor, de me encontrar a mirar que passos darás não tendo modo de te dizer que vais segura se seguires caminho comigo.


Braga, 19 de Setembro de 2004


José Cadima

terça-feira, março 06, 2007

Teus caracóis

Caracóis. Caracóis.
Mas que lindos eram os teus caracóis!
Fazias lembrar um conto de fadas,
onde cavaleiros trepavam por eles
para atingir a tua janela.

Por onde subir
senão mesmo pelo teu lindo cabelo?
Por onde subir,
para o céu alcançar,
senão pelos fios do teu cabelo?!

José Pedro Cadima

segunda-feira, março 05, 2007

Beijar-te

Era capaz de beijar o teu corpo todo,
e depois voltar a fazê-lo.
Era capaz de te olhar nos olhos,
e contemplar a beleza que deles irradia, durante horas.
Era capaz de te abraçar,
e sonhar que esse momento durasse para sempre…

José Pedro Cadima

sábado, março 03, 2007

Roda moinho

Roda moinho
como nunca rodaste;
nada ficou
como deixaste;
ama alguém
que nunca amaste.

Roda moinho
para o lado contrário,
tal como o lutador
vai contra o adversário,
tal como o bombeiro
entra pelas chamas.

Roda moinho
com toda a força,
faz com que o mundo
se distorça
de tanto rodares.
Roda moinho,
percorre o teu caminho.

José Pedro Cadima

sexta-feira, março 02, 2007

A tua beleza

Escrevo
poemas sobre ti
pois a tua beleza me inspira,
e dá-me força
para continuar
a sorrir e a sonhar.

Escrevo
na expectativa do teu amor,
ansiando que não me enganes
com mentiras,
mas me encantes com verdades.

Escrevo
pois tenho o dom da palavra,
tal como o dom de amar
e admirar quem ama.

Escrevo
como sinal de vida,
buscando a realidade
e almejando a imaginação libertar.

Escrevo
como rejeição de amarras
outras que não sejam as do amor.

José Pedro Cadima