terça-feira, agosto 30, 2011

Crónicas do quotidiano: "não se pode enganar toda a gente o tempo todo"

Ocupei hoje, dia 29 de Agosto, parte substancial da tarde numa reunião com uma doutoranda de origem brasileira. Surpreendeu-se a dita doutoranda por eu ter agendado a reunião de trabalho com ela para um tempo que ela presumia ser de férias (as minhas férias). Disse-me a propósito que, no Brasil, em tempo de férias, os professores estão ausentes da universidade durante todo período, e, até, nem se prevê que possam aceder aos seus gabinetes de trabalho.
Em resposta, disse-lhe que “as férias” eram para mim a oportunidade de pôr em dia trabalho em atraso e, de quando em quando, ir espreitar o campo ou o mar e, também, de trocar o gabinete de trabalho na Escola pelo que tenho em casa e, ainda, de correr menos do que o habitual. Aceito que outros tenham melhor vida, isto é, melhores férias. Algum mérito ou sorte hão-de ter para o conseguir.
Tendo por certo quanto me custa “ganhar a vida”, é com perplexidade que assisto ao percurso que fazem certas pessoas que conheço, algumas há demasiado tempo, a quem a vida parece custar muito pouco, mesmo não se vislumbrando nelas mérito especial, aparte a facilidade com que alardeiam ser o que nunca foram. E a verdade é que, geralmente, vão fazendo o seu percurso sem grandes atribulações, quando não com inesperado sucesso, aos olhos de quem os conhece um pouco melhor.
Creio que é a elas que se dirige o dito popular que reza qualquer coisa próxima do seguinte: “Pode enganar-se uma pessoa toda a vida, pode enganar-se muita gente durante muito tempo, mas não se pode enganar toda a gente o tempo todo”. Não questiono tal afirmação, fundada que é na sabedoria cozida pelo tempo lento da existência dos povos. Pergunto-me, no entanto, se não haverá alguns que são enganados porque gostam ou não se importam de o ser, posto que, não raras vezes, em nome de projectos e ambições pessoais, ignoram o que está à vista, não digo de todos, mas de muita gente. Sendo de um modo ou de outro, tenho para mim que não pode, depois, quem se coloca em tal posição achar ter sido enganado.
Contrariamente ao que se passará no Brasil, em Portugal, no tempo que corre, é disto que é feito o dia-a-dia de um professor universitário ou, pelo menos, de bastantes deles, mesmo em tempo de férias. Disto, quero dizer, de trabalho e do confronto com muita perplexidade.

J. Cadima Ribeiro

segunda-feira, agosto 29, 2011

Mensagens curtas, endereçadas

"Agradeço a tua mensagem. Embora me queixe de receber poucas boas notícias, ainda as há felizmente. Aquela a que te reportas é um desses casos."

José Cadima

sábado, agosto 27, 2011

Problemas ´versus` desafios

Sempre lidei com grande desconforto com o que não era capaz de entender ou com dificuldades que escapavam à minha capacidade de dar contributo para a sua superação. Os problemas só existem quando nos escapam os instrumentos para a sua resolução. Doutro modo, não são problemas; são desafios.

José Cadima

sexta-feira, agosto 26, 2011

quinta-feira, agosto 25, 2011

Festim de rosas (II)

Num festim de rosas,
podes encontrar coisas espantosas,
loucas, inebriantes,
desde um amor estonteante
a um livro que se lê de um folgo, apaixonante
ou, até, uma dor profunda e obscura,
que te aperta tanto o coração que vais percebê-la como tortura.

José Pedro Cadima

domingo, agosto 21, 2011

Quero ser a única

Quero ser a única a olhar o céu
Quero ser a única a tocar as estrelas
Porque não sou a única?
Sinto amor armadilhado
Com teias do passado
Teias muitas vezes presentes
Sei que o tempo as começou a apagar
Mas ainda não me deixam passar
Tocar a única estrela que vejo no céu
É o meu único desejo
Quando serei a única a tocar o céu?

C. P.

sábado, agosto 20, 2011

Há dias em que acordo triste, muito triste

Há dias em que acordo triste, muito triste. Nesse contexto, falham-me, sobram-me as palavras. Mesmo as palavras escritas é com grande esforço que as enuncio.
Hoje foi(é) um desses dias!

José Cadima

domingo, agosto 14, 2011

De quando em quando

“Ainda não partiste e já morro de saudade!”
De quando em quando, apetece-me partir.
De quando em quando, apetece-me voltar às origens,
aos campos de morangos, para sempre.
De quando em quando,
gosto de olhar os lírios do campo,
o mar que se estende para lá do horizonte.
De quando em quando,
sinto que és o meu horizonte,
o meu ponto de encontro,
mesmo quando, louco, te digo o contrário.
De quando em quando,
apetece-me voltar aos campos de morangos,
aos lírios do campo
que tão bem conheci.
De quando em quando, morro de saudades tuas,
mesmo se não partiste,
meu campo de morangos, para sempre.

José Cadima

segunda-feira, agosto 08, 2011

Mensagens curtas, endereçadas

«És muito benevolente na apreciação que fazes das minhas qualidades e defeitos. Isso dá-me indicação de quanto prezas a nossa relação, o que me conforta bastante.
Infelizmente, tenho pouco com que retribuir-te, aparte o meu amor e dedicação.»

K

quarta-feira, agosto 03, 2011

Mar e Rio

Tu és o mar, o sol, a praia.
Sou o rio, a sombra, o bosque.

Areia que se move com o vento,
se fez um dia de uma pedra
para embelezar a fronteira do mar.

As árvores que refrescam,
que nos fazem companhia
e nos dão o ar para respirar.

O sol que brilha,
espalhando alegria
e apagando o escuro do nosso mundo.

A sombra que nos protege
e nos dá poiso para meditar,
trazendo a paz necessária para o repouso.

És o mar, as ondas do caos,
uma força que tudo derruba,
movendo-se em todas as direcções
sem que ninguém te faça jus(tiça).

Sou o rio no seu percurso,
sincero nos meus meios,
sempre confiante no caminho.
Sei que algum dia
te vou encontrar.

José Pedro Cadima

Mensagens curtas, endereçadas

"Pareces não perceber o que sinto, a não ser nos momentos em que fica mais cruelmente exposto o meu enorme sofrimento. Esses são, entretanto, os instantes em que o reencontro fica mais distante."

José Pedro Cadima