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sábado, janeiro 26, 2013

Revisitando "Estou por aqui, ainda"

"Faz-me falta sentir os teus dedos
entrelaçados nos meus.
Faltam-me os teus lábios húmidos.
Falta-me o abraço capaz de transportar-me
para junto do arco-íris,
por instantes, que valem uma vida."

K

quarta-feira, dezembro 19, 2012

Esperando por ti

As pessoas vão passando,
num movimento contínuo.
Carregam na expressão a determinação
do que as terá trazido a este templo,
em tempo de crise, em época de compras.
Imagino-as em busca de coisas utilitárias,
de prendas, de “souvenirs”, de “recuerdos”,
de redenção, e de muitas coisas mais.
Assisto a este movimento, a este frenesim
enquanto espero por ti.

Movida pela curiosidade,
refém de idêntico frenesim,
vi-te seguir o mesmo trilho, há instantes.
Olho quem passa.
Interrogo-me sobre as lógicas
que trazem mulheres, homens e outras gentes,
nesta hora matinal, nestes tempos incertos,
a este lugar de perdição e/ou de encontro.

Do movimento das pessoas,
a minha atenção vai rodando, ciclicamente, para ti.
Questiono-me sobre quando verei emergir o teu vulto
no imenso espelho de luz
que se configura na minha frente.
Aparecerás rodeada de auréola dourada?
Requisitar-te-á este deus para sua sacerdotisa?
Espero por ti
submergido num mar de questões
para as quais me escapa resposta.
Ainda assim ou por isso mesmo,
espero por ti.

José Cadima

quarta-feira, novembro 28, 2012

No cais de embarque

Avisto-te no cais de embarque,
ao longe,
e alegro-me por ver-te ali,
alegro-me tanto quanto me surpreendo.
Estou de saída, novamente.
Vou ao encontro do meu destino,
que és tu, no regresso da jornada.
Não estarás no cais de chegada, 
presumo.
Estiveste no cais de partida
e isso basta-me.
Regressar é quase sempre mais fácil,
quase sempre...

José Cadima

terça-feira, novembro 27, 2012

És o meu diamante

És o meu diamante
Aquele que reluz no escuro
Que eu identifico na multidão

És o meu diamante
Mais brilhante do que o sol
Mais claro que o luar

És o meu diamante
Reluzes sempre para mim
Mesmo antes de seres lapidado
A rugosidade superficial tento tirar
Faço deslizar-te na minha mão
Ofereces resistência
Mas o meu desejo é mais forte
Afinal, eu também sou um diamante...

C.P.

segunda-feira, novembro 12, 2012

Eternidade

Dás-me a eternidade
Ao dizeres que me amas
Dás-me a eternidade 
Quando me abraças
Dás-me a eternidade
Quando juntos lutamos
Contra a desigualdade
Contra a falta de democracia
É uma eternidade 
De que necessito
É uma eternidade
Que vais beber
Dou-te a eternidade
Digo que te amo...

C.P.

domingo, novembro 11, 2012

Partir, sem ti

Uma outra vez, parto sem ti,
mesmo se a ausência não se prevê longa.
De novo, parto sem ti
e a tua memóriia não me abandona nem um instante,
parte que és do meu existir.
Parto e interrogo-mo se não é saudável partir,
libertar-te  de uma presença
que, às vezes, me interrogo se não te sufoca.
Em boa verdade, o que mais sufoca,
a ambos, creio,  serão as margens que nos comprimem,
mas isso basta para que me sinta impelido a partir
e, logo depois, seja o fantasma da tua ausência
que me capture a mente, de forma insistente.
Equilíbrio precário este em que me balanço,
onde a tua ausência me é insuportável
mas a materialização do teu presente,
que não a tua materialidade,
me impelem  a partir,
na esperança de que a ausência seja breve
e, no regresso, o reencontro
seja  a única coisa que importe.

José Cadima

sábado, setembro 22, 2012

Estou por aqui, ainda

Estou por aqui,
maugrado as minhas poucas qualidades,
pese os meus imensos defeitos.
Estou por aqui, entorpecido pela tua ausência,
diminuído pela falta que me fazes.

Faz-me falta sentir os teus dedos
entrelaçados nos meus.
Faltam-me os teus lábios húmidos.
Falta-me o abraço capaz de transportar-me
para junto do arco-íris,
por instantes, que valem uma vida.

Caio em mim, retorno à Terra,
e tomo consciência de quanto estás longe,
levada pela alienação do presente,
a ânsia de futuro,
o trabalho, a vida,
as pequenas coisas que nos desgastam
e nos atiram para longe do que mais importa.
 
Fico triste, pressinto-te triste,
mas incapaz de entender a luta que travo
para não defraudar nem a ti,
nem a outros, nem a mim,
num exercício de impossibilidades
de que sou consciente mas me recuso a admitir.
Sei-te triste.
Sei-te a reclamar que nunca mais aprendo,
mas foi exactamente isso que me levou a ti,
que agora sei longe.

Interrogo-me sobre o que te posso pedir.
Pergunto-me se vale a pena
voltar a fazer o caminho
que me levou a ti
e que me levou, até, por instantes,
a repousar, contigo, naquele ponto em que o arco-íris
toca, muito levemente, a terra.
 
Não sei…Não sei, não.
Tu saberás, porventura.
Tu lerás nas linhas da tua própria mão
o meu devir.
A mim, restar-me-á tentar lê-lo nos teus olhos.
Até lá, estou por aqui.

K

Estou por aqui

Estou por aqui
Sentindo-te como se...
Nos meus dedos
Na minha boca... tocasses
Caio em mim
E sinto-te longe,
do outro lado do mundo...

K

segunda-feira, agosto 06, 2012

Uma flor

Olho para o lado
e vejo uma flor.
És tu. Só podes ser tu!
Antes eras tojo
espinhoso e revoltado
tentando subir a montanha
ou, por vezes, fugindo dela.
Hoje és uma flor
cada vez mais luminosa,
cada vez menos espinhosa.

C.P.

domingo, agosto 05, 2012

Sonhei

Sonhei.
Sonhei alto
e o meu sonho levou-me a ti.
Somos circunstância.
Somos acaso.
Somos flor de laranjeira.
Já fomos tojo.
Já fomos urze.
Talvez possamos ser
campo de morangos, para sempre.
Trevo de 5 folhas já és.
Trevo de 3 folhas sou,
buscando, ansioso, sorte
que tão fugidia me tem sido.
Depois de tanto desencontro,
pode ser a hora do encontro.
Somos acaso.
Somos flor de laranjeira.
Somos campo de morangos
acabado de plantar.

José Cadima

domingo, julho 29, 2012

O meu Carpélio

És o meu Carpélio
Feito de moléculas quentes
e de átomos radiantes
És o meu Carpélio
Que me aquece nas noites longas
Que me protege
Quando a minha pele cai
Quando fico à deriva
Procurando calor
És o meu Carpélio
E sempre o serás
Eu sou a tua pele
Que se entrelaça
No teu Carpélio

C.P. 

domingo, junho 17, 2012

Distante

Distante, dizes tu.
Distante, concordo eu,
submergido num mar de luz,
abafado por um calor tórrido,
confrontado com uma paisagem
que me desloca para referências tropicais.
Distante, como oportunidade de fuga,
como exigência de auto-regeneração.

Custou-me a tua ausência.
Faltou-me a dimensão encontro,
que não se opõe à dimensão retiro.
Mau teria sido não aproveitar a ocasião.
O quotidiano, se traz conforto,
traz também desgaste,
muito desgaste, tantas vezes.
Por isso, a fuga
se pode configurar tamanhamente regeneradora
de um corpo cansado, de uma mente exausta.
Distantes de nós, estamos nós tantas vezes
quando o escape não é possível.

A coragem, a ousadia de romper
não são indolores.
Ficar, deixar correr
não é garantia de conforto.
Ficar e partir são, assim, pratos de balança
de um equilíbrio precário e difícil de conseguir.
Se ontem estava fora,
hoje estou de regresso.
Vamos celebrar esse regresso!
A distância é um dado de ontem.
A fuga é uma oportunidade para amanhã.

José Cadima

sábado, junho 02, 2012

Ao longe

“Ao longe os barcos de flores”.
Ao longe os barcos do amor.
Ao longe, por dois largos pares de dias,
num lugar remoto,
o meu ponto de encontro,
o meu espaço de fuga.
É irónico que, na mesma data em que te ausentas,
eu parta também, em direção oposta,
como se o nosso espaço de convívio quotidiano
não fizesse sentido
quando não o habitamos juntos.
Coincidência? Destino? Acaso?
Talvez isso seja sinal
de que, doravante, partir só ganha sentido
quando possamos partir ambos.
Juntos pelo acaso?
Juntos pelo destino?
Juntos, contemplando extensos campos de morangos,
para sempre,
ou, algumas vezes, de malmequeres
de diferente coloração,
ora amarelos, ora brancos,
ora verdes, como deviam ser todos.
Deveriam ser todos, sublinho,
ou, pelo menos, os que são carregados
pelos barcos de flores
que, de quando em quando, da costa
enlaçados, perscrutamos  no mar,  ao longe.

José Cadima

domingo, maio 20, 2012

Encontros e desencontros


Na vida como nos sonhos,
de olhos fechados ou com eles mantidos bem abertos,
não encontro modo de fugir aos desencontros.
Por isso se lhes chama os desencontros da vida.
Por isso se lhes chama destino.
Por isso lhes chamo má sorte.
Fechando os olhos
ou mantendo-me em rigoroso estado de alerta,
o destino, a sorte ou, porventura, a tua vontade
empurram-me, no quotidiano,
para este espaço onde nunca desejei estar,
que não me desconforta por ficar só,
mas antes por, nele, não me acompanhares.
Não, não fazes diferente do que antes me fizeram.
A minha solidão é proporcional
ao desejo imenso de te sentir perto.
Há hoje quem me fale de saudades.
Saudades tenho eu do tempo
em que até um singelo campo polvilhado por papoilas
se nos oferecia como um campo de morangos para sempre.
Ai que saudades tenho de olhar, sem pressas,
o vermelho rubro das papoilas.

José Cadima

segunda-feira, maio 14, 2012

Dias infelizes: “remake”(3)

"Queria esconder o que sinto,
abafar o meu protesto,
mas não consigo,
nem talvez deva fazê-lo."
Alegrias,
desapontamento, protesto,
facetas tão distintas de um quotidiano
que desejei sereno,
onde caminhar anónimo me realizaria.
Futuro?
Como podem tempos como estes anunciar futuro?

José Cadima

quinta-feira, janeiro 12, 2012

Amo-te, um bocadinho

Amo-te, um bocadinho
dizes-me tu,
depois de te tentar seduzir.
Toco no meu cabelo,
ponho um brilho nos olhos
e preparo-me para te receber,
no meu abraço,
na minha boca,
na minha alma.
Amo-te, um bocadinho,
dizes-me tu,
tentando esconder a emoção,
do sentimento que é
constatares, finalmente,
que alguém te ama,
que te quer a ti
e que tu a queres a ela.
 Meu amor, quando vais dizer Amo-te, apenas?
...
C.P.