quinta-feira, junho 28, 2007

Adorar e não adorar

Vi uns poucos, em acto de adoração,
a chamar de rei e senhor
a alguém em que apenas reconheci um homem comum.
Porquê esta necessidade de encontrar alguém a quem idolatrar?
Porquê esta necessidade de alguém que os guie?
Não saberão eles guiar-se a si próprios?
Sentir-se-ão fracos ou é essa postura que os torna fracos?
Eu? Nunca fui de adorações!

José Pedro Cadima

terça-feira, junho 26, 2007

O meu amor por ti

Se o meu amor por ti
fosse o responsável pelo girar dos planetas,
um ano duraria menos que um segundo.

Se o meu amor por ti
fosse aquilo que alimenta a luz das estrelas,
seria sempre dia.

Se o meu amor por ti
se exprimisse apenas por palavras,
então este poema não teria fim.

José Pedro Cadima

domingo, junho 24, 2007

O caminho do conhecimento

Conhecimento é riqueza.
Cada caminho percorrido
é algo mais que conhecemos,
que é suposto deixar-nos mais ricos.

Cada pessoa, cada opinião
dão-nos uma força diferente.
Nem sempre temos as que precisamos;
as que necessitamos, temos que procurar por elas!

Cada experiência acrescenta riqueza,
se bem que haja quem a encontre sem procurar por ela.
Eu preciso de ajuda para fazer o meu caminho.
Serás tu capaz de me ajudar a encontrá-lo?

José Pedro Cadima

sexta-feira, junho 22, 2007

A tua companhia

Sinto-me sozinho
e com falta de carinho.
Só a tua companhia
me acalmaria
e me faria sentir o carinho
que tanta falta me faz.
Por isso, anseio estar contigo;
por isso, anseio reencontrar-te
para me reencontrar.

José Pedro Cadima

quinta-feira, junho 21, 2007

Amores deste dia

A água quente está em falta.
Tenho as cuecas favoritas por lavar.
O pão da manhã estava frio
e, pior ainda, tinha chovido e estava molhado.
Morreu-me o cão!
Não me fujas tu também,
senão perco amores a mais, num dia…

José Pedro Cadima

segunda-feira, junho 18, 2007

Pensei que existisse!

Pensei que existisse.
Cheguei a ver em mim alguém.
Subitamente, percebi que não o era,
estava longe do ser;
o sentimento que de ti vinha
era mais por ele do que por mim. Não era?
Quis o demónio dar-me esta penitência
para ver quanto aguentava eu
sem renunciar à minha crença no amor.
Viverei, também eu, para lá dos cem anos?
Às vezes penso que sou inútil,
outras vezes aceito o facto…
Pensei que existisse.
Cheguei a ver em mim alguém.

José Pedro Cadima

sábado, junho 16, 2007

O amanhã de amanhã

Deito-me ainda com lágrimas.
Tento esquecer o meu dia
e procurar que o amanhã seja diferente,
seja melhor.
Mas nunca o é,
e, amanhã, irei, com lágrimas nos olhos,
pedir que o amanhã de amanhã
seja melhor do que o de hoje.

José Pedro Cadima

quinta-feira, junho 14, 2007

Os sonhos

Quando se tem muitos sonhos,
há que esperar ter muitas desilusões.
Onde eles se formam
crescem flores que as desilusões
fazem murchar.
Os rios dos sonhadores
são coloridos de vermelho:
o vermelho do sangue
de um coração ferido.

José Pedro Cadima

terça-feira, junho 12, 2007

Vejo-o em teus olhos

Em teus olhos vejo
a próxima resposta.
Nem precisas de falar;
já está tudo dito!

Vejo o que estás a sentir.
Sei-o até melhor que tu.
Vejo o que estás a pensar.
Incrível não é?

Dói-me ver a tua resposta,
e fico com medo de perguntar.
Dói-me saber em quem tu pensas;
dói-me saber que não é em mim.

José Pedro Cadima

domingo, junho 10, 2007

A minha explosão

Estoiro só mais uma vez.
Já estava farto de ter tanta coisa dentro de mim.
Destruo tudo à minha passagem,
como uma ogiva nuclear.
Caio em mim e expludo.
Uma nuvem de poeira faço
e tudo em minha volta desfaço.

José Pedro Cadima

sexta-feira, junho 08, 2007

Amor, mas não por mim

O mal-estar aproxima-se.
Apresenta-se mais forte que um vendaval.
Até as lágrimas se escondem.
Os momentos, esses, não valem nada,
pelo menos os meus.
És tu que me fazes sentir mal.
Falas de amor, mas não será por mim.
O mal-estar aproxima-se, célere.

José Pedro Cadima

quarta-feira, junho 06, 2007

Corre para mim!

Uma lágrima, duas lágrimas;
a luz, vejo a luz, ouço a tua voz
e o coração bate mais rápido.
É a felicidade a correr para mim!

Às vezes, sempre, preciso disto,
preciso sentir cá dentro algo,
algo grande e forte.
É a evidência, o sinal, de que o amor está de volta.

Penso, então, que a felicidade
volta a chamar por mim.
Aqui chegado, não dá mais para fugir.
Há que ir em frente, de coração aberto.

José Pedro Cadima

segunda-feira, junho 04, 2007

sexta-feira, junho 01, 2007

Descrença

Quem passa fome, tem fé,
fé num futuro melhor, num deus que o ajude.
Quem está à beira da morte, tem esperança,
esperança que deus lhe providencie saúde ou o céu.

Mas eu não tenho fé, não tenho fome,
nem vejo ao longe a morte;
não tenho fome mas preferia ter ou perscrutar a morte,
a ver-te nos braços de outro.

Não imaginas como, nessa altura, quis ser crente,
quis sentir fome, sentir a morte ceifar-me
e ter esperança de ir para outro lugar, para um lugar melhor.
Mas não, não me restou senão ver-te nos braços de outro.

José Pedro Cadima