quinta-feira, maio 31, 2012

Notícias acabadas de chegar de um outro Continente, e de um lugar remoto

"Conseguimos, finalmente, um computador, que ao fim de várias horas se ligou à net. Adicionalmente, estou sem rede no telemóvel.  Estamos tão isolados que não dá para nada, mas somos 200 pessoas."

K

quinta-feira, maio 24, 2012

De volta a ´Sonhos a Um Espelho`: "Mais um grito"

É noite e está frio.
Sinto mais um arrepio.
Faltam-me palavras para expressar
sentimentos que alguém ousou roubar.

De olhos quase vidrados,
olho lá para fora,
guardo minha alma aos bocados,
que tenta ir-se embora.

De verdade, tenho medo,
não encontro consistência nas palavras,
enquanto perco proximidade a um qualquer conto de fadas.

Então grito
até sair tudo de mim:
frio, medo e pozinhos de perlimpimpim.


José Pedro Cadima (2009), Papiro Editora, Lisboa, p. 38

terça-feira, maio 22, 2012

De volta a ´Sonhos a Um Espelho`: "Vejo-o em teus olhos"

«Em teus olhos vejo
a próxima resposta.
Nem precisas de falar;
já está tudo dito!

Vejo o que estás a sentir.
Sei-o até melhor que tu.
Vejo o que estás a pensar.
Incrível, não é?

Dói-me ver a tua resposta,
e fico com medo de perguntar.
Dói-me saber em quem tu pensas;
dói-me saber que não é em mim.»

José Pedro Cadima (2009), Papiro Editora, Lisboa, p. 72

domingo, maio 20, 2012

Encontros e desencontros


Na vida como nos sonhos,
de olhos fechados ou com eles mantidos bem abertos,
não encontro modo de fugir aos desencontros.
Por isso se lhes chama os desencontros da vida.
Por isso se lhes chama destino.
Por isso lhes chamo má sorte.
Fechando os olhos
ou mantendo-me em rigoroso estado de alerta,
o destino, a sorte ou, porventura, a tua vontade
empurram-me, no quotidiano,
para este espaço onde nunca desejei estar,
que não me desconforta por ficar só,
mas antes por, nele, não me acompanhares.
Não, não fazes diferente do que antes me fizeram.
A minha solidão é proporcional
ao desejo imenso de te sentir perto.
Há hoje quem me fale de saudades.
Saudades tenho eu do tempo
em que até um singelo campo polvilhado por papoilas
se nos oferecia como um campo de morangos para sempre.
Ai que saudades tenho de olhar, sem pressas,
o vermelho rubro das papoilas.

José Cadima

sexta-feira, maio 18, 2012

Memória de passagem pela Nova

(Universidade Nova de Lisboa, 2010-2012)

De volta a ´Sonhos a Um Espelho`: "Um sítio distante de mim"

«Desejaria partir
em busca de isolamento
num lugar bem longe daqui,
num sitio distante de mim,
onde pudesse encontrar
resposta para tudo,
no relativismo absoluto
dos teus e dos meus sentimentos.

Nem em tudo eu meto sentimentos.
Eles é que se metem em mim!
Queria encontrar resposta para problema assim.»

José Pedro Cadima (2009), Papiro Editora, Lisboa, p. 44 

segunda-feira, maio 14, 2012

Dias infelizes: “remake”(3)

"Queria esconder o que sinto,
abafar o meu protesto,
mas não consigo,
nem talvez deva fazê-lo."
Alegrias,
desapontamento, protesto,
facetas tão distintas de um quotidiano
que desejei sereno,
onde caminhar anónimo me realizaria.
Futuro?
Como podem tempos como estes anunciar futuro?

José Cadima

terça-feira, maio 08, 2012

"Ontem e hoje, mãe"

«"Mãe: a palavra mais bela pronunciada pelo ser humano" - Kahil Gibran

Abraço.

--
Mïr»



(reprodução de mensagem que nos caiu entretanto na caixa de correio electrónico)

quinta-feira, maio 03, 2012

O meu pequeno livro de memórias (9)

Ontem, estive no funeral de alguém que fez parte do primeiro grupo de alunos a quem leccionei no primeiro ano em que cheguei à Universidade do Minho. 
Não, não era mais velho que eu. Tinha a idade comum com que se chegava às universidades em 1982/83. 
Fez-me lembrar outros tempos e outras dores, e também coisas muito boas, como o convívio futebolístico que fazíamos semanalmente nessa altura, alunos e professores, e que conseguimos manter durante vários anos.
Deixa-me saudades...Fez-me questionar uma vez mais porque partem os nossos filhos primeiro que nós. Saí apressado do funeral, porque era muita a dor ... e porque, nos dias que correm, há ocasiões em que nem tempo temos para chorar os nossos mortos.

J. Cadima Ribeiro