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sexta-feira, outubro 12, 2012

Recuperando um texto com quase 5 anos

Domingo, Dezembro 23, 2007


Sou aquilo que sou

“Não sou um anjo,
nem sou um querido”,
descontadas as vezes em que, de mão dada,
vagueamos, sem tempo contado,
entre nuvens de algodão.
Sou apenas aquilo que sou.
Sou a verdade,
a tristeza, a dor que sinto.
Sou a esperança que teima
em não desistir,
morrendo de saudade do tempo
em que o sonho ainda era possível.
Sou aquilo que sou.

José Cadima

terça-feira, dezembro 06, 2011

Hoje, especialmente hoje, apetece-me reler o texto

Escondido num novelo de lã

Num novelo de lã me quero esconder,
quietinho, aconchegado, a salvo;
a salvo do que vai lá fora,
a salvo do que ficar fora do meu novelo de lã.
Deixem-me procurar um lugar
onde possa permanecer recolhido,
longe da impiedosa lei
que, nos sonhos, traz a luz.

A opressão ataca os pobres
que querem sonhar,
encurrala-os em becos sem saída,
enche-nos a vida de medos.
Pressinto longe o meu novelo de lã.
Quem me dera tê-lo mais perto,
ali, ao alcance de uma mão.

José Pedro Cadima

sexta-feira, maio 06, 2011

É bonito o poema

É bonito o poema.
Transpira emoção e dor,
a dor que se perceberia
mesmo que a tua mão não se sugerisse trémula
e as lágrimas não ameaçassem irromper a cada instante,
ao escrevê-lo.
É bonito o poema,
este poema de amor que escreveste
para denunciar o nosso amor de sempre,
porque existiu mesmo antes de nos encontrarmos,
como bem se percebe quando os nossos olhos se cruzam
ou quando dávamos as mãos.

K

terça-feira, março 01, 2011

Na vida: sonhos (II)

Atirando para trás
as insígnias conseguidas,
constata-se que há muitos sonhos
que são muito mais pequenos que a vida.

Reflexos em espelhos sem cantos
permitem a fuga da ilusão.
Tarefa árdua é procurar
agulha em palheiro:
vemo-nos gregos,
Portugueses
dos dias infelizes que correm.

José Pedro Cadima

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Palavras escritas

Prender um texto ao nosso vocabulário
não é matar a literatura.
Prender um texto ao que sabemos,
mesmo pouco, é dar-lhe um pouco de nós.
Expressar sentimentos,
embora de forma rudimentar,
pode ser mais belo
e ter mais significado
que fazê-lo através de palavras trabalhadas
mas vazias de sentimento.

José Pedro Cadima

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

(De volta a)O mundo

Desço suavemente, fazendo festas ao mundo,
não vá ele enfurecer-se.
Pressinto-o zangado,
deixando-me descrente de que tenhamos futuro.

Puxo das forças e da coragem que me restam
e olho-o nos olhos.
Tento dizer-lhe que ele está no centro das minhas preocupações.
Procuro dar-lhe expressão do meu empenho
na construção de um projecto económico
menos delapidador de recursos,
mais respeitador dos equilíbrios naturais.
Falo-lhe com carinho.

Vejo-o rosnar, primeiro, sacudir-se, depois,
e aquietar-se, de seguida.
Questiono-me se acreditou no que lhe disse.
Acreditando ou não,
deixou-me seguir caminho.

José Pedro Cadima

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Está tudo tão industrial (II)

Está tudo tão sem graça,
tão industrial.
É como se a vida
não passasse de uma peça de maquinaria.
Se assim é, se assim tiver que ser
deixai-me, pelo menos, ser o manobrador desta máquina,
deste engenho que me pertence.
Quero poder rodar manivelas.
Quero ensaiar novos ritmos de rotação.
Quero saltar sobre os maus tempos.
Quero ser o operador desta vida
que é a minha.

José Pedro Cadima

sábado, janeiro 22, 2011

Raiva(II)

Há raiva que nada faz
e me deixa sempre em guerra.
Tropeço num vazo que caiu
do alto dos meios receios.
Pior era ter por lá ficado!

A gravidade é forte
e traz tudo para os meus pés,
excepto os problemas.
Esses teimam em manter-se lá no alto,
ameaçando-me a tranquilidade,
quando não alimentando-me a raiva.

José Pedro Cadima

terça-feira, dezembro 28, 2010

O que deixaste à porta (um breve regresso a 2007)

Se bem o deixaste à porta
escusado é voltar atrás.
Não está lá
nem pensa em depressa voltar.

Em retorno, desejo-te do coração
que não se alongue teu caminho.
Ficarias abandonada neste mundo,
outra vez.

Hás-de iludir-te
para a esperança procurar,
que também lá atrás ficou
pedindo ao bem que te espere.

Aqui, espera-te o mal,
carregando ironia vida adiante,
sempre erguido e com mãos largas,
alardeando alegria a tua expensas.

José Pedro Cadima

terça-feira, novembro 30, 2010

Tempos glaciares (2)

O cansaço enfraquece-me,
empurrando-me para o canto
mais sombrio da minha alma.
A insipidez do local abafa-me.
Já passaram por aqui desejos
e sonhos de encantar,
mas inverosímeis.
Agora, não são senão memórias,
imensos espaços gelados,
glaciares, diria.
Saudade? Arrependimento?
Sim, não os deveria ter deixado gelar!
Sim, acode-me a saudade de tempos menos sombrios.

José Pedro Cadima

terça-feira, dezembro 23, 2008

Sonho contigo, uma vez mais

*
*
(título de poema, publicado neste "jornal de parede" a 14 de Novembro de 2007, Quarta-feira, agora lembrado porque o sonho carece de ser permanentemente renovado e alimentado)

quinta-feira, julho 10, 2008

Procurar-lhe sentido

Mundo: sítio horrível,
em que se encontram Céu e Inferno,
o bem e o mal.
Presos neste vazio,
vasculhamos uma essência
que nos pertença,
que nos dê sentido.

Mundo: sítio horrível,
que nos leva à loucura
de lhe procurar sentido,
para que a nossa existência
não seja só forma
e seja, antes, sentido, essência, vida.

José Pedro Cadima

sexta-feira, julho 04, 2008

Mundo ingrato

Contando as estrelas,
faço vida de passatempo,
aprecio beleza
desobrigado da ver.

Contando estrelas e planetas,
vejo derreter ouro
e fazer moedas,
vejo morrer homens
e fazer festas.
O amor segue descalço.

Anda descalço o amor
a calcar espinhos de rosa,
fugindo de feridas pequenas
que nos pés se aconchegam.

Nunca foi tão pobre.
Deu tudo o que tinha
sem olhar ao que lhe restou.

Não lhe resta nada.
Descalço, ferido
e com os pés em ferida,
só nos resta implorar-lhe que não se vá,
que fique,
que aceite sofrer só um pouco mais.

José Pedro Cadima

sexta-feira, junho 27, 2008

Humilhado

Nunca acreditei

que um dia te teria.

A magia parecia

passar ao lado da minha vida.

Sonhava ter-te mesmo acordado.


Suspirava só em pensar

quão suave seria a tua pele,

quão especial seria tocar-te.

Amava-te mais que à vida,

Aceitava humilhar-me

como prova de amor.


Os tecidos do meu corpo

transpiravam de cada vez que te via.

O meu estômago remexia.


Entretanto, tu continuaste

a ignorar-me.

Deixaste-me para trás, simplesmente;

humilhado, sim,

mas só!


José Pedro Cadima

quarta-feira, junho 18, 2008

Vocabulário

Prender um texto ao nosso vocabulário
não é matar a literatura.
Porquê obrigar-nos a todos
a ter um dicionário?
Tantas palavras bonitas,
com tantos significados,
mas sem emoção alguma.

Prender um texto ao que sabemos,
embora pouco, é dar-lhe um pouco de nós.
Quando se escreve, quando se lê,
é com o coração que o fazemos.
Deixemos o linguarejar para trás.
Expressar sentimentos,
embora de forma rudimentar,
pode ser, quem sabe, mais belo
e tem, por certo, todo outro significado.

José Pedro Cadima

quinta-feira, junho 12, 2008

Momentos brancos

Não haja pressa
que o momento aguarda.
Não deixemos o morrer
de ansiedade acompanhar-nos,
sendo nosso par.
Sobretudo, recusemo-nos
a casar com ele para a vida.

Odiosamente, sinto falta
de momentos em branco,
no meio de uma multidão;
momentos apaixonados.

Enrolando o tempo
em amor
que mal me fez,
perdi momentos vazios.
Não tendo sabido parar o tempo,
deixei-os fugir.

José Pedro Cadima

segunda-feira, junho 02, 2008

Na vida: sonhos

Jogando em frente
as insígnias conseguidas,
nota-se que há muitos sonhos
que são mais pequenos que a vida.

Reflexos em espelhos sem cantos
permitem a fuga da ilusão.
Tarefa árdua é também procurar
agulha em palheiro:
vemo-nos gregos.

Convirá alertar os homens de ambição
que o mundo não se conquista com talheres,
embora essa conquista possa
não dispensar a mesa.
Pelo menos, não se contam histórias,
em que tal tenha acontecido.

Às mulheres, rosas se oferecem
ao invés de alecrim,
talvez por causa do seu perfume.
Podem ser rosa,
podem ser brancas ou vermelhas,
vermelho-amante;
fazem-nos sempre sonhar
com o seu perfume de rosas,
o seu cheiro de mulher.

José Pedro Cadima

terça-feira, maio 27, 2008

Lábios

Lábios doces, leves;
doces, leves lábios.
Toque apaixonado
por despertar.
Imprevisto gesto de amor.

Flutuo-o levemente,
para lá dos sonhos
impostos pelo desejo de te beijar.

Doces…
Leves…
Lábios…

José Pedro Cadima

sexta-feira, maio 23, 2008

Está tudo tão industrial

Está tudo tão industrial,
como se a vida
fosse mais uma peça de maquinaria.

Se assim é,
deixai-me ser seu manuseador,
deixai-me espaço para manipular
esta máquina que me pertence.

Quero poder rodar manivelas.
Quero saltar sobre os maus tempos.

José Pedro Cadima