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quinta-feira, dezembro 27, 2012

quarta-feira, dezembro 19, 2012

Esperando por ti

As pessoas vão passando,
num movimento contínuo.
Carregam na expressão a determinação
do que as terá trazido a este templo,
em tempo de crise, em época de compras.
Imagino-as em busca de coisas utilitárias,
de prendas, de “souvenirs”, de “recuerdos”,
de redenção, e de muitas coisas mais.
Assisto a este movimento, a este frenesim
enquanto espero por ti.

Movida pela curiosidade,
refém de idêntico frenesim,
vi-te seguir o mesmo trilho, há instantes.
Olho quem passa.
Interrogo-me sobre as lógicas
que trazem mulheres, homens e outras gentes,
nesta hora matinal, nestes tempos incertos,
a este lugar de perdição e/ou de encontro.

Do movimento das pessoas,
a minha atenção vai rodando, ciclicamente, para ti.
Questiono-me sobre quando verei emergir o teu vulto
no imenso espelho de luz
que se configura na minha frente.
Aparecerás rodeada de auréola dourada?
Requisitar-te-á este deus para sua sacerdotisa?
Espero por ti
submergido num mar de questões
para as quais me escapa resposta.
Ainda assim ou por isso mesmo,
espero por ti.

José Cadima

sábado, dezembro 08, 2012

Mensagens curtas, endereçadas

"Não eram para mim, seguramente, as mensagens que, produzidas por ti, entretanto me caíram na caixa de correio electrónico. Deves ter-te enganado no endereço. Eu não tenho imperfeições e o meu ´charme` não tem limites, como tu facilmente reconhecerás."

José Cadima

quarta-feira, novembro 28, 2012

No cais de embarque

Avisto-te no cais de embarque,
ao longe,
e alegro-me por ver-te ali,
alegro-me tanto quanto me surpreendo.
Estou de saída, novamente.
Vou ao encontro do meu destino,
que és tu, no regresso da jornada.
Não estarás no cais de chegada, 
presumo.
Estiveste no cais de partida
e isso basta-me.
Regressar é quase sempre mais fácil,
quase sempre...

José Cadima

domingo, novembro 11, 2012

Partir, sem ti

Uma outra vez, parto sem ti,
mesmo se a ausência não se prevê longa.
De novo, parto sem ti
e a tua memóriia não me abandona nem um instante,
parte que és do meu existir.
Parto e interrogo-mo se não é saudável partir,
libertar-te  de uma presença
que, às vezes, me interrogo se não te sufoca.
Em boa verdade, o que mais sufoca,
a ambos, creio,  serão as margens que nos comprimem,
mas isso basta para que me sinta impelido a partir
e, logo depois, seja o fantasma da tua ausência
que me capture a mente, de forma insistente.
Equilíbrio precário este em que me balanço,
onde a tua ausência me é insuportável
mas a materialização do teu presente,
que não a tua materialidade,
me impelem  a partir,
na esperança de que a ausência seja breve
e, no regresso, o reencontro
seja  a única coisa que importe.

José Cadima

segunda-feira, novembro 05, 2012

Cartas com destinatário certo, e leitura incerta

"O que me desconforta sobremaneira é não entender porque é que te recusas a falar comigo sobre as coisas que te preocupam e, mais do que isso, não entender do que é que me culpas nas coisas que não te correram bem ou não correm bem, no presente. 
Obviamente que terei cometido erros  mas creio que tens consciência que me preocupo contigo e tenho tentado dar-te o apoio que me tem sido possível. Se mais não tenho dado é porque não sei como fazê-lo.
Peço que aceites conversar comigo. Ouvir-te-ei com toda a atenção."

José Cadima

quinta-feira, outubro 25, 2012

Cansado, ainda

Ontem, confessava-me cansado.
Hoje, sinto-me cansado, ainda,
mas um pouco menos.
Ontem, o dia correu célere.
Hoje, o dia foi um pouco mais pausado,
talvez por isso a fadiga esteja menos patente.
À flor-da-pele permanece o meu asco
pelos meandros que a política toma em Portugal,
e pelos frequentadores desses meandros,
sobretudo quando constituídos em governos,
necessariamente incompetentes,
dados a favores, grandes e pequenos,
cultores de pequenos, muito pequenos poderes
e de muitos interesses.
Não pude deixar de pensar nisso, hoje,
enquanto “escutava” o discurso de um desses agentes,
sempre muito atarefados,
correndo de compromisso para compromisso,
sem tempo para dar atenção
aos assuntos que importam  aos cidadãos,
tão maltratados nos tempos que correm,
mais ignorados do que quase sempre o foram.
Cansado, retorno às origens,
quer dizer, retomo a casa
e às minhas lutas de todos os outros dias.
Com a fadiga menos estampada no rosto,
talvez consiga transmitir esperança
que não me assiste.
Cansado,
mesmo que menos que ontem, na aparência,
vou ao teu encontro.
Tu surges-me sempre fresca.
Estou-te grato por isso.

José Cadima

terça-feira, outubro 23, 2012

Cansado

Apenas uma palavra: cansado.
Esgotamento físico?
Saturação mental?
Esforço para além daquilo que as forças
me permitem alcançar?
Desapontamento, descrença,
saturação, esgotamento?
De tudo isto me teço.
Tudo isto me trouxe até aqui,
não sendo lugar onde possa repousar.
Cansado, sem dúvida.
Penalizado por este “tempo” de descrença
e de desesperança
que não fui capaz de antecipar,
“tempo” para o qual não me preparei,
nem o quereria fazer.
Voltar atrás, ir da esperança para a descrença,
do fulgor para a fadiga,
em trajeto sem escalas.
Difícil será retomar o futuro.
Passado, já temos em dose bastante.
Como me libertar desta armadilha,
que agora é cansaço
e amanhã não saberei como lhe chamar,
onde não quero reconhecer-me?

José Cadima

segunda-feira, outubro 15, 2012

"A fuga de população que sofre"

“Em Portugal a emigração não é, como em toda a parte, a transbordação de uma população que sobra; mas a fuga de uma população que sofre” 

Fernando Pessoa

Territórios esquecidos

"Este período pós-moderno exige-nos e remete-nos para a meditação sobre o futuro de territórios esquecidos durante tanto tempo e que renascem para cada um de nós nalguma fase da nossa vida."

K

sexta-feira, outubro 12, 2012

Recuperando um texto com quase 5 anos

Domingo, Dezembro 23, 2007


Sou aquilo que sou

“Não sou um anjo,
nem sou um querido”,
descontadas as vezes em que, de mão dada,
vagueamos, sem tempo contado,
entre nuvens de algodão.
Sou apenas aquilo que sou.
Sou a verdade,
a tristeza, a dor que sinto.
Sou a esperança que teima
em não desistir,
morrendo de saudade do tempo
em que o sonho ainda era possível.
Sou aquilo que sou.

José Cadima

sábado, setembro 22, 2012

Estou por aqui, ainda

Estou por aqui,
maugrado as minhas poucas qualidades,
pese os meus imensos defeitos.
Estou por aqui, entorpecido pela tua ausência,
diminuído pela falta que me fazes.

Faz-me falta sentir os teus dedos
entrelaçados nos meus.
Faltam-me os teus lábios húmidos.
Falta-me o abraço capaz de transportar-me
para junto do arco-íris,
por instantes, que valem uma vida.

Caio em mim, retorno à Terra,
e tomo consciência de quanto estás longe,
levada pela alienação do presente,
a ânsia de futuro,
o trabalho, a vida,
as pequenas coisas que nos desgastam
e nos atiram para longe do que mais importa.
 
Fico triste, pressinto-te triste,
mas incapaz de entender a luta que travo
para não defraudar nem a ti,
nem a outros, nem a mim,
num exercício de impossibilidades
de que sou consciente mas me recuso a admitir.
Sei-te triste.
Sei-te a reclamar que nunca mais aprendo,
mas foi exactamente isso que me levou a ti,
que agora sei longe.

Interrogo-me sobre o que te posso pedir.
Pergunto-me se vale a pena
voltar a fazer o caminho
que me levou a ti
e que me levou, até, por instantes,
a repousar, contigo, naquele ponto em que o arco-íris
toca, muito levemente, a terra.
 
Não sei…Não sei, não.
Tu saberás, porventura.
Tu lerás nas linhas da tua própria mão
o meu devir.
A mim, restar-me-á tentar lê-lo nos teus olhos.
Até lá, estou por aqui.

K

terça-feira, setembro 18, 2012

Voltarei…

Não dormi bem hoje,
Ontem também não.
Há períodos em que fico,
noite adentro, a memorizar as desgraças do dia,
os desencontros da vida.
Quanto maior é o esforço que faço
para encontrar o meu espaço de tranquilidade,
para te “apanhar”,
mais sensível fico e mais as noites me viram pesadelo.
O dia também não começou bem.
Depois da noite, veio o dia.
Depois do pesadelo da noite,
deparei-me com um dia de pesadelo.
E eu que não busco outra coisa senão tranquilidade.
Depois de dia desencontrado,
fico obrigado a clamar por compreensão,
a quem me queira compreender,
fico na esperança do reencontro
depois do desencontro.
Ingrata posição esta de ser culpado
de culpa que me escapa,
culpado de não encontrar saída para um problema
cuja origem tenho dificuldade em descortinar.
Neste turbilhão, faço asneiras, oh se faço,
dou respostas que não eram pedidas,
desencontro-me até de mim,
que, no final, é o que mais me preocupa
e será, eventualmente,  a razão primeira
das insónias que me atingem
Não há volta  a dar-lhe.
Dormi mal, e essa é realidade incontornável,
tão incontornável quanto o foi a semana
emocionalmente desgastante que vivi,
pese não ter feito nada que a antecipasse,
pese a procura de encontro que activamente prossigo.
Voltarei, estou seguro, a recuperar e a seguir o meu caminho,
qualquer que ele seja.
Voltarei a ter uma noite repousada
um qualquer destes dias.
Voltarei…

José Cadima