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quarta-feira, abril 11, 2012

Algo impossível de comprar (Uma carta de Natal)

Os poemas que escrevo são o escape,
a fuga que encontro
à hedionda realidade que nos submerge.

Neles, pelo menos, embora nem sempre,
encontro paz, fartura
e, até, um estranho mas pacifico amor.

O maior senão é a dor
que por vezes também encontro 
de lembranças passadas,
com que receio voltar a cruzar-me.

José Pedro Cadima

terça-feira, abril 03, 2012

O sábio (2)

Um dia, fui ter com um velho sábio
e perguntei-lhe o que se escondia no céu.
Ao qual ele me respondeu: “o amor”!
Foi então que fiquei a saber que queria ir para o inferno
porque, cá na terra, demasiadas vezes
a dor do amor experimentei.

José Pedro Cadima

terça-feira, outubro 25, 2011

O azar e a sorte (II)

Sei que eles andam por aí.
O azar, sobretudo.
Vigiam os nossos passos;
controlam tudo;
batalham em todos os campos.
São poderosos,
tão poderosos que decidem o nosso destino.
Desafortunadamente,
no meu caso, só o azar
parece conhecer o meu caminho.

José Pedro Cadima

domingo, julho 31, 2011

Ninguém compra o boneco foleiro (II)

Nas minhas poucas qualidades,
nos meus imensos defeitos,
ninguém parece quer-me,
nem mesmo eu.
Cresceu em mim
uma imensa raiva de mim.

Tal como te pressinto,
nem sequer te imaginas a meu lado.
Sou simplesmente algo,
como um boneco foleiro,
que ninguém compra.

Em perfeito contraste,
eu sinto que te quero muito,
sinto que me fazes toda a falta do mundo,
mesmo desejando ter força bastante
para te ignorar da próxima vez que nos cruzemos,
rua abaixo, rua acima.
Cresceu em mim uma raiva imensa.
Sinto-me um boneco foleiro.

José Pedro Cadima

quinta-feira, novembro 04, 2010

Asfixiado (II)

Asfixiada pela tristeza, a minha alma sucumbe. Sem respirar felicidade, sem amor, morro asfixiado; morro como se me faltara o oxigénio.

José Pedro Cadima

segunda-feira, outubro 25, 2010

Réstia de energia

Hoje, este vento gelado venceu. Amanhã preciso que vençam outras forças da natureza, sob pena que se extinga a réstia de energia que alimenta este meu corpo enregelado, trémulo.
.
José Cadima

domingo, outubro 24, 2010

Desaparecer

Dava-me jeito, nesta altura, poder abraçar-te forte, forte, até me confundir plenamente contigo e, desse jeito, desaparecer.

José Cadima

sábado, agosto 07, 2010

Há muitos dias à espera…(2)

Há dias
em que não te vejo.
São dias tristes.
Há dias
em que te vejo só de fugida.
São dias que valem a pena.
Há dias
em que te tenho por perto.
São dias felizes.
Há dias
em que não te beijo.
São dias de espera.

José Pedro Cadima

segunda-feira, julho 19, 2010

Sinto …

Sinto que nada importa.
Sinto que tudo importa.
Sinto que te quis muito.
Sinto que já não te quero.
Sinto que a tua ausência me deixa mais desamparado.
Sinto que perdi algo que me era precioso.
Sinto que nada tenho.
Sinto que nada importa.
Sinto…

José Pedro Cadima

domingo, julho 04, 2010

Que sentimento estranho!

Escrito no Preto
[Que sentimento estranho
este de, ao mesmo tempo,
querer apagar-te da memória
e desejar correr para os teus braços!]

José Pedro Cadima

domingo, maio 30, 2010

Raiva

Sinto…
Sinto que é raiva
o que corre me corre nas veias.
O sangue não corre assim.
Aonde esperaria encontrar amor,
encontro um turbilhão de sentimentos.
Sinto que…
Sinto que a raiva que me corre nas veias
alimenta malditas marés de sentimentos.
No seu caminhar tumultuoso,
vai afogando quaisquer traços de amor que subsistam.

José Pedro Cadima

sexta-feira, maio 14, 2010

Algo próprio de mim (2)

Além de repositório de poemas, tu passas a ser o meu nobre diário, onde anotarei as minhas dores, mágoas e alegrias, se ou quando as houver.
Já não escrevo há algum tempo. Sinto-me a rebentar. Preciso de encontrar algum modo de desabafar, e esse algo és tu.
Nesta ocasião, o que tenho para dizer é muito simples e próprio de mim: apenas, que ”voltei a amar”.

José Pedro Cadima

quarta-feira, abril 21, 2010

Ser poeta (2)

Perdi um sonho,
ganhei outro:
quero ser poeta;
quero elevar-me ao Olimpo.
Quero escrever frases bonitas,
cheias de alma.
Quero olhar para mim
e orgulhar-me de comunicar algo.
Quero orgulhar-me de ser alguém,
alguém que ninguém vê,
ninguém conhece,
a ninguém interessa,
alguém que é feliz assim,
alguém que, como melhor amigo,
tem a inspiração
e, porventura, o seu cão.

José Pedro Cadima

quarta-feira, abril 14, 2010

Alguém é sempre algo especial (2)

Preciso de algo;
necessito desesperadamente de algo especial:
preciso de alguém.
Alguém é sempre algo especial.
Careço de alguém para amar,
de alguém que me ame.
Preciso de alguém que se preocupe comigo
e por quem eu me preocupe.
Necessito de alguém que me dê carinho,
me afogue em beijos;
alguém que me faça sentir
quão difícil é conter o ciúme.
Preciso de alguém para amar,
embora tema a dor
e o choro que o amor
tantas vezes carrega consigo.

José Pedro Cadima

terça-feira, abril 06, 2010

Ponto de situação (2)

Faço um ponto de situação
de tudo o que faço
e de tudo o que fiz.
Talvez possa dizer ”sou feliz”
ou talvez não,
pois não tenho aquilo que mais quero.

Se tenho um sorriso,
é o meu próprio sorriso,
pois não tenho ninguém
a quem possa chamar meu sorriso.

José Pedro Cadima

sexta-feira, março 19, 2010

A alma que o diabo tentou comprar

O diabo perguntou-me:
- Qual seria o preço da tua alma? O que queres tu por ela?
As lágrimas vieram-me aos olhos. Senti pena deste pobre demónio. Então respondi, alto e bom som:
- Para que queres tu a minha alma? Para a amar? Para a chorar? Para sentir tudo aquilo que sinto e sofri, pois sinto com mil vezes mais força que muitos outros dores, mágoas e repreensões, e até um “não” me faz chorar? Se a tiveres, aviso-te que terás dor, choro e desespero, tal como eu tive. Mas, se a queres, fica com ela! Achas que eu a quero?! Mil “nãos” recebi e cada um deles eu chorei. Fica com ela! Serei eu a beneficiar, e tu chorarás e inundarás o teu inferno de lágrimas que apagarão todos os fogos.

Desci a cabeça. Parei de olhar o diabo nos olhos. As lágrimas desceram na minha face. Foi então que murmurei:
- Fica com ela, por favor!
O diabo afastou-se, entrando na escuridão. No meu último olhar já não o vi. Só vi uma lágrima cair, salpicando o chão.

José Pedro Cadima

domingo, setembro 20, 2009

Abdicar do que não temos

Amigos e todos quantos dizem que me querem bem,
olhem para mim, olhos nos olhos,
e digam-me friamente:
que querem de mim?
Digam-me o que querem que eu demonstre,
que devo fazer para ser melhor,
que querem que faça por vós.
Querem que abdique de quê?
Pois, bem me parecia…
Não posso abdicar de algo que não tenho,
algo como a felicidade.

José Pedro Cadima

sábado, novembro 29, 2008

Conversa do vazio

- Está tudo bem contigo?
- Nem por isso.
- Está tudo na mesma?
- Não…
- Então?
- Está simplesmente diferente.
- Diferente como?
- Vazio, mas diferente.

José Pedro Cadima

sábado, agosto 30, 2008

O teu amigo desconhecido (2)

De ti eu gostei.
Ainda gosto …
embora preferisse que fosse doutro modo.
Não te amar, eu tentei,
mas perdi.

Que sou eu sem ti, para ti?
Sem, no mínimo, ser teu amigo,
sou apenas alguém,
alguém que não vai para além
de um desconhecido.

José Pedro Cadima

terça-feira, agosto 19, 2008

Descreve o amor (memória)

– Escreve uma composição descrevendo o amor!
– Não sei!
– Tens que saber!
– Já por mais de mil vezes tentei e nunca o consegui.
Em todos os livros procurei e não achei o significado.
Se não existe definição como posso eu descrevê-lo?
De todas as maneiras como foi descrito o amor
aquela que melhor interpreta o que sinto é a dor.

José Pedro Cadima