sábado, janeiro 30, 2010

Espasmos ao primeiro raio de sol

Há poucos dias, li algures uma breve nota de alguém que se confessava impressionado pelos “espasmos femininos perante os primeiros raios de sol”. A mim, as mulheres também me tocam bastante - umas mais que outras, está bom de ver - mas é mais pela apetência que mostram para se sacanearem umas às outras. A essa luz, prefiro antes que se interessem por exibir a barriguinha ou o rabo ou os respectivos jipes e outros carros exuberantes. Em razão do que digo, saúdo a chegada do sol acontecida entretanto, depois de continuadas semanas de penúria.
Não sei se uma coisa tem que ver com a outra, embora desconfie que tenha, nalguma medida, mas registei com curiosidade o facto do ministro das finanças ter escolhido uma hora tardia, menos exposta à influência do sol, para fazer a apresentação pública do Orçamento de Estado para o presente ano. Porventura, deste modo, ficou muito melhor evidenciado o tom cinzento, quase fúnebre, da proposta. Podendo fazer todo o sentido que a conferência de imprensa em causa se iniciasse noite alta, como digo, esse talvez tenha sido, apesar de tudo, o elemento inovador deste orçamento de Estado, já que, em matéria de proposta económica e de políticas de preços e rendimentos e fiscal, tudo suou a mais do mesmo, com os resultados a nível de relançamento da economia portuguesa e de reequilíbrio orçamental que são bem conhecidos.
Face a esta realidade, pergunto: mas não haverá mesmo por aí alguém, professor de economia ou simples contabilista, com um pouco mais de imaginação que Teixeira dos Santos, e, já agora, mais “charmoso” e bem falante, de modo a ser capaz de angariar um pequeno clube feminino de “fans”, pelo menos? Não sei, talvez alguém como o Miguel Beleza ou um seu seguidor. Não é verdade que o povo costuma dizer que, se não tens cão, caça com gato? Deixo aqui a proposta à consideração do primeiro-ministro que, lá porque falhou uma primeira vez (que, por acaso, até foi a segunda), não tem que crer que falhará à segunda (que, por acaso, até será a terceira).
Todo este enredo me conduz, por outro lado, a inquirir se não é esta mesmíssima razão (o aparecimento do sol esta semana) que estará por detrás da decisão que o PSD terá tomado de secundar o governo português no apoio à candidatura de Vítor Constâncio a vice-governador do Banco Central Europeu, lugar para que esteve apontado há uns anos mas que recusou, peremptoriamente, na ocasião. Então, creio que não era comum fazer sol em Frankfurt, ao contrário do que acontece hoje em dia em que, ordinariamente, o sol rareia mais vezes em Portugal que na Alemanha; mas, está bom de ver, também é verdade que, por mau que seja o respectivo ministro das finanças, dificilmente poderá ser tão mau quanto Teixeira dos Santos.
Mau será, também, se se vier a saber que, para ocupar o lugar que possa ser liberto por Vítor Constâncio, acabe por ser nomeada uma figura já não cinzenta mas parda, oriunda do PSD. A ver vamos, como escrevia ainda há pouco tempo um caro amigo meu, por sinal amigo também do editor deste blogue.
Olhem: com mais ou menos sol, fiquem bem! Este é o voto que este vosso amigo vos quer endereçar neste Sábado, vésperas de um domingo que se acredita poder ser ensolarado, para benefício das mulheres e para regalo dos olhos dos homens.

J. C.

Esta paisagem polar

Neva intensamente nesta altura, embora seja uma neve miudinha, tal qual aguaceiros. Olhando através da janela que tenho do lado direito, o cenário é branco, cortado pelo tom negro dos troncos das árvores completamente despidas de folhas. Pontualmente, ao longe, perscruto pessoas que passam, algo cambaleantes, e um ou outro automóvel em marcha lenta. É engraçada esta paisagem polar, embora porventura seja excessivamente monótona para quem aprecia a cor, como eu.
Fazem-me falta os teus braços e os teus xicorações!
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José Cadima

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Alguma vez tinha que acontecer: aventuras e desventuras de um cidadão do mundo

Algum dia tinha que acontecer. Aconteceu-me hoje: fui posto fora de um aeroporto que estava sob ameaça de uma bomba ou, pelo menos, de uma mala abandonada.
O que foi chato é que no exterior do edifício estavam menos 4 graus e havia neve de cerca de meio metro de altura por todo o lado.
Valeu-me, valeu-nos, aos companheirios de desgraça, digo, que "apenas" estivémos com neve a cair-nos continuadamente em cima durante cerca de 40 minutos.
Acabou por ser divertido. Se tivesse sido mais tempo, perderia a graça.

José Cadima

Há um ano, mais dia menos dia

Luz…

domingo, janeiro 24, 2010

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Sight*

A evolução é um processo de tentativa e erro.Visa o primoroso e é construída tentando contornar defeitos e passos errados múltiplos que se vão sucedendo. É nesse princípio que busco inspiração para o meu crescimento, ensaiando dar passos em frente, aceitando, mal, os passos atrás.
Tem momentos penosos esta aprendizagem. É o custo da aproximação que prossigo ao transcendente, que não é já ali, tanto quanto desejava que fosse.
Vou no bom caminho, acredito. Vale-me a crença!

José Pedro Cadima

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Vidência

Vejo o amanhã e este assusta-me!
As visões do futuro
fazem com que nos arrependamos
de acções do passado.
A inércia dos erros
corta-me a fome e tira-me o sono.
As capacidades que tenho de nada me servem.
Os meus movimentos sugerem-se presos, vazios,
falhos de eficácia.
Ensaio seguir caminho,
temeroso do futuro,
desencantado do passado.
Anseio voltar a experimentar o repouso
de uma noite tranquila.

José Pedro Cadima

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Minha Querida Cláudinha

Tu és uma doçura e esse é provavelmente o maior problema que me colocas. Tento não te magoar, tento dar resposta às tuas expectativas mas a verdade é que eu já não sei (se é que alguma vez soube) passar muito tempo fora dos vários refúgios que fui construindo. Não sou capaz de me proteger um dia inteiro exposto que esteja ao vento, ao frio, ao sol, à chuva, às provocações, à mediocridade, à hipócrisia, ao carreirismo, ao desconforto das muitas coisas de que não gosto. Mesmo quando é menos expectável que a ameaça surja, o espírito de defesa que desenvolvi recomenda-me que me recolha a lugar protegido. E é assim...
Sabendo-te uma doçura, custa-me mais deixar-te entregue a ti mesma e a toda a hostilidade que por aí grassa. Esse é, provavelmente, o nosso maior problema ou, pelo menos, o meu. Por outro lado, não desejo que te convertas no sobrevivente em que me constitui, mesmo porque, por esse caminho, haverias de perder muita da doçura que me atrai em ti. Talvez o escuro, a solidão, a mesquinhez, o vento, a chuva te assustassem menos mas que aconteceria à tua doçura? Prefiro-te assim, mesmo sabendo que a tua doçura é, provavelmente...
Um xicoração,

José Cadima

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Mensagens curtas, endereçadas

"Vamos acreditar que o futuro nos vai permitir resistir à voragem do tempo que nos rouba o tempo que tanto precisavamos para nós".
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José Cadima

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Choraste

Maldita a hora em que choraste.
Lá se foi toda a minha raiva

e as palavras cruéis
que tanto queria atirar-te.

Lá se foi o pânico
que me suscitava a ideia de perder-te.


Porque me sinto vivo
quando cuido de ti?
Porque sou eu segundo
neste mundo em que tu habitas?

José Pedro Cadima

segunda-feira, janeiro 11, 2010

O nosso jardim

O meu jardim
É o teu jardim
É o nosso jardim

Onde não vamos saltar
Não andamos de baloiço
Muito menos jogamos à caçadinha

No nosso jardim
Aventuramo-nos a apanhar lagartixas
A alimentar porquinhos famintos
A cortar a relva manhosa
E a observar os pardalitos que por lá passam

E divertimo-nos, sobretudo, a mirar
A mirar as Nossas plantas e flores

Uma das minhas prendas para o ano de 2010
É oferecer-te um jardim
Cheio de coisas com significado
Onde poderás ser o que tu quiseres
Menino outra vez, talvez…

C.P.

domingo, janeiro 10, 2010

Doente

Sinto-me doente
e nem sei bem que doença me aflige.
Será o meu mal-estar resultante das emoções
que vou experimentando quotidianamente,
amargas, muitas delas?
Será porque erro quando julgo estar próximo do sucesso?
Ou vem-me a dor de sentir-me dilacerado?
Que estou doente, isso é certo!

José Pedro Cadima

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Mensagens curtas, endereçadas

"Alegra-me saber que o trabalho te correu bem e que já estás mais calma. Tens razão: provavelmente, tens uma paixão recalcada pelo fulano, e ele por ti. A forma como reagiste sugere isso. Se não quiseres que isso transpareça tanto, tens que mostrar bastante mais distância relativamente ao que diz ou faz."

José Cadima

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Momentos felizes: quem os não tem em falta?

É verdade que tenho
muitos momentos felizes.
É verdade que muita da minha tristeza
decorre da falta dos momentos
que simplesmente não tenho
e me fazem uma falta imensa.

Quando me arrependo
de não os ter,
faço mal a mim mesmo.
Faço mal a mim mesmo, digo,
por saber que tenho todos aqueles momentos
que a outros fazem realmente falta.

José Pedro Cadima

domingo, janeiro 03, 2010

Gargalhadas amargas

O mundo agita-se, roda
e o que eu mais quero é sossego.
Se a agitação é própria do prazer que é a vida,
a tranquilidade não o é menos.

Sentir, sofrer, amar!
Eu sou só um,
e se a agitação me estimula
também me embriaga
e me tortura.
Na mesma medida em que anseio o frémito
desta Terra de oportunidades,
rejeito-lhe a inequidade,
a mesquinhez que grassa.
Daí que sejam amargas
as gargalhadas que por vezes liberto.

José Pedro Cadima

sábado, janeiro 02, 2010

Olhem para mim!

Olhem para mim! Olhem para mim!
Amanhã vou partir tudo.
Vou desfazer a própria instituição que vos come.
Comer-vos-ei eu!

Olhem para alguém
que nem sabe o que tem.
Vejam o paradoxo
de quem sabe do que precisa.

É preciso ultrapassar a convencionalidade,
abraçar doenças deste século
como se de amor se tratasse.
Não foram senão os doentes
quem criou tudo isto.

José Pedro Cadima