domingo, maio 30, 2010

Raiva

Sinto…
Sinto que é raiva
o que corre me corre nas veias.
O sangue não corre assim.
Aonde esperaria encontrar amor,
encontro um turbilhão de sentimentos.
Sinto que…
Sinto que a raiva que me corre nas veias
alimenta malditas marés de sentimentos.
No seu caminhar tumultuoso,
vai afogando quaisquer traços de amor que subsistam.

José Pedro Cadima

quinta-feira, maio 27, 2010

Inspiração vinda de ti (2)

A inspiração esbarra em mim
como esbarra o vento:
como uma carícia, algumas vezes,
de forma agreste, outras.
Ao meu redor, à minha frente,
as folhas esvoaçam, rodopiam
ou agitam-se, simplesmente.
Serão poemas?
Serão os poemas de amor
que eu teria escrito …
se tu fosses minha?
Poemas não são, certamente...

José Pedro Cadima

sábado, maio 22, 2010

Madrid: a despedida (há 5 meses)

Me voy en 5 dias

Me voy para Portugal con ideas diferentes.
Me voy para el conforto de un de los pocos sitios donde me sinto confortable con el silencio.
Me voy para estar con las personas que simpre estubiran para mi y yo para ellas.
Me voy porque irá ser tiempo de me concentrar.
Me voy porque he tomado decisiones.
Me voy con ojos mayores de los que veni.
Me voy contente y triste, mas mejor.
Me voy recuerdando nuevos amigos y experiencias.

Vuelvo porque me gustó la ciudad.
Vuelvo porque aprendi muchas cosas.
Vuelvo porque todavia me quedan cosas por aprender.
Vuelvo porque creci.

Vuelvo porque tengo 4 examens para hacer y 1 trabajo para entregar!!! x)

quinta-feira, maio 20, 2010

Ontem (3)

Ontem, anteontem,
senti vontade de desaparecer,
mas desaparecer para sempre.
Não é a primeira vez que tal sentimento me anima.
Custa-me não ter tido a coragem do fazer.
Não são só os amores
e os desamores porque tenho passado
que me tiram a vontade
de continuar a luta sem quartel
que tenho mantido
contra a indiferença,
contra a mediocridade,
contra a injustiça de ver os outros julgados
pelas pobres referências
que nos foram dadas,
pelas pobres referências que vamos alimentando,
no contexto da nossa vida privada,
da nossa vida no local de trabalho,
das nossas vivências públicas quotidianas.
Dentro desse pano de fundo,
saber que há um abraço que sempre nos espera
é um sortilégio
mas é, também, pouco, isto é, é muito e é pouco.
Faz-me falta ouvir-te respirar,
mas não me faz menos falta respirar,
Faz-me falta libertar-me deste ar rarefeito
que insiste em ser o nosso dia-a-dia, cada vez mais.
Falha-me crescentemente a esperança.
Falha-me crescentemente a crença
que este mundo, este mundo que é a nossa aldeia,
se possa vir a converter em algo menos mesquinho,
mais desperto para o respeito pelos outros
e para o amor.
Ontem, anteontem,
Apetecei-me entrelaçar-me em ti
como se fossemos raízes de uma mesma árvore.
Ontem, anteontem,
senti vontade de desaparecer,
mas desaparecer para sempre.

José Cadima

terça-feira, maio 18, 2010

Gestos e obscenidades

1. Num gesto de grande magnanimidade, Pedro Passos Coelho, PC para os amigos, deu o seu assentimento à subida de impostos e redução de benefícios sociais recentemente decididos pelo (des)governo de José Sócrates, consequência directa do desastre que foram as políticas governamentais conduzidas nos últimos 10 anos da vida do país, quase metade dos quais tendo o dito ao leme. Foi um gesto bonito, de solidariedade para com um rival caído em desgraça, mesmo se maior desgraça é a do país que tem por primeiro-ministro tal personagem. Não falo dos restantes ministros para que não me acusem de usar este fórum público para veicular conteúdos de natureza obscena.
2. O que me deixou intrigado foi PC ter tido necessidade de, logo de seguida, ter ido para a comunicação social pedir perdão aos portugueses. Quererá isso dizer que a sua atitude resultou de uma decisão irreflectida? Mas, assim sendo, não questiona isso o carácter solidário do seu gesto? Ou quererá tal dizer, afinal, que o nosso amigo PC aceita que, da sua condição de político da boa cepa portuguesa, os cidadãos nacionais não devem esperar senão mais do mesmo, mais uma vez? Percebe-se que não convenha a Pedro Passos Coelho que o poder lhe caia no colo numa altura destas mas, se fosse verdadeiramente bom cristão, aceitaria carregar a cruz desde a viela onde a encontrou depositada e não apenas quando ela estiver junto ao altar. É que, deste modo, quem vai que ter que continuar a carregá-la são os portugueses, e não só os que votaram/votam em José Sócrates.
3. Por acaso ou por força do destino, os factos a que aludo coincidiram no tempo com a visita a Portugal do papa, um tal Bento XVI, que um meu amigo insiste em chamar de papa cestos, porventura em memória da passagem por Portugal de um outro papa, que era Paulo mas que também já era dos cestos, embora contando no seu rol com menos dez que o actual. Desse tempo, existem por aí estátuas e confrarias com o seu nome em número que mais nenhum repetiu. Talvez num futuro não distante isso deixe de ser verdade. Basta para tanto que o futuro beato impropriamente apelidado de Cónego Melo acabe por ver transformadas em estátuas as obras de que fez merecimento em vida.
4. Há quem diga até que a visita do papa foi combinada com Sócrates para ocorrer nesta altura para que tão gravosas e socialmente injustas medidas políticas do (des)governo fossem percebidas pelos portugueses como penitência por pecados mortais cometidos. Outro tanto, em sentido diverso, embora, haverá que dizer da vitória do Benfica no campeonato nacional de futebol, sendo que, neste caso, os dirigentes do clube não se inibiram de desconfiar da virgem e, por causa das dúvidas, cedo trataram de constituir um segunda linha de segurança, mobilizando para o efeito uma boa meia dúzia de árbitros e dirigentes da liga de clubes e aparentados. Não admira, pois, que a festa tenha sido grande.

J. C.

sexta-feira, maio 14, 2010

Algo próprio de mim (2)

Além de repositório de poemas, tu passas a ser o meu nobre diário, onde anotarei as minhas dores, mágoas e alegrias, se ou quando as houver.
Já não escrevo há algum tempo. Sinto-me a rebentar. Preciso de encontrar algum modo de desabafar, e esse algo és tu.
Nesta ocasião, o que tenho para dizer é muito simples e próprio de mim: apenas, que ”voltei a amar”.

José Pedro Cadima

segunda-feira, maio 10, 2010

As mulheres que desencaminham homens (des)casados…

Pois é, a minha teoria é que as culpadas nesta Terra pelo mais baixo estatuto das mulheres são… as mulheres.
Caras leitoras: é verdade. Quem é que chama mais a si a educação dos filhos? Quem é que pede mais às filhas para trabalharem em casa e tende a poupar o filho, que pode, até, dar-se ao luxo de deixar o quarto, onde pretensamente habita, como uma pocilga?
Quando é que abrem os olhos e deixam de crucificar as mulheres (as suas colegas de trabalho, as suas pretensas amigas, as suas vizinhas, enfim, as mulheres dos outros)?... E, principalmente, aquelas que são solteiras ou divorciadas e andam com homens (des)casados!?
Gosto de ouvir as minhas colegas lá do lugar onde trabalho todos os dias botar boca na faladura e dizerem-me que fulana de tal anda com fulano de tal. Ele casado e ela, nalguns casos, solteira ou divorciada. Claro que, apesar de elas estarem descomprometidas, são sempre vistas como Satanás ou, na versão soft, desencaminhadoras de casamentos “sólidos”…
Mas a frase de que gosto mesmo de ouvir é: claro, ela meteu-se-lhe pelos olhos dentro!… Claro que o homem é sempre apontado como a vítima e o pobre coitado (porque lhe entraram pelos olhos dentro). Até ganha estatuto quando se lhe descobre a careca!...Dá para entender???!...
Também nunca entendi porque é que duas mulheres andam quase à porrada por causa de um homem e a esposa de um vai pedir explicações à pretensa desencaminhadora, alegando a “família e os bons costumes”! Não é ao marido que as deve pedir?
Nesse sentido, sempre senti que estava muito à frente da minha geração, embora de pouco me tenha valido até ao momento.

Leonor

sábado, maio 08, 2010

Mensagens curtas...

Não está no meu modo de ser fazer-te grandes declarações. Também não teria jeito para o fazer. Fico na esperança que me entendas, nos meus gestos.

José Cadima
(palavras escritas: memória)

quarta-feira, maio 05, 2010

Navegar

Navegar é preciso, dizes tu. Mas como queres que este meu barco navegue se o vento que o empurra(va) vai soprar para paragens longínquas?
Ainda não partiste e já morro de saudade. Que amores descortinas tu por detrás da alegria que a tua presença me traz(ia)? Faltam-me as forças para partir em busca de aventura. Desafio imenso já tu és/eras.
Ainda não partiste e já morro de saudade!

José Cadima

terça-feira, maio 04, 2010

Um adeus é sempre triste

Já há algum tempo que não te escrevo
Palavras simples de amor
Na altura do adeus
Sinto-me triste
Porque palavras de amor
Te sussurrei
E juras de amor te fiz
Que aconteceu ao nosso amor?
Findos meses de intenso amor
Um amor que parecia eterno
Sinto-o agora inatingível
Perdido no vento para lá das arábias
Outro amor desejaste e até encontraste
Tenho que voltar para lá do Atlântico
Para terras prometedoras
Ficas bem meu amor nesse teu novo amor?
A felicidade que vejo espelhada no teu rosto
Diz-me que sim
Eu regressarei para novos horizontes
Novas aventuras
Mas amor como o teu não sei
Se por outras terras encontrarei
Até sempre meu amor…

Cláudia P.

segunda-feira, maio 03, 2010

Bela solidão

Bela escuridão,
beleza quase pura
(pois nada há mais puro
que aquilo que não se consegue vislumbrar),
contai-me vosso segredo,
dizei-me qual o segredo da solidão
que não gera angústia
nem depressão.
Bela solidão,
partilhai comigo vosso segredo,
aquele que vos permite
viver assim, só.
Bela escuridão,
dá-me notícia do mundo novo
que pressinto para além dessa nuvem negra
que te cobre e me enleia.
Libertar-me-ei eu dela?
Libertar-se-á ela de mim?
Bela solidão, tão querida
e tão repudiada.
Bela…

José Pedro Cadima