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domingo, abril 27, 2014

Sonhos...

"Quando se alimentam sonhos,
dá-se espaço para o pesadelo.
Onde crescem flores,
crescem, também, cardos,
exuberantes, até floridos, espinhosos.
Os rios dos sonhadores
são coloridos de vermelho ..."

José Pedro Cadima

terça-feira, fevereiro 04, 2014

Flutuando

Na água, não longe de mim, há os que nadam, os que saltitam, os que brincam. Eu flutuo, plano. Liberto do corpo, vagueio pelos lugares mais desencontrados, em busca de lugar algum.
Soa-me estranha esta ausência de materialidade. Resta-me o pensamento, que, liberto, tão depressa te procura quanto parte, em correria, ao encontro do dia que passou ou em busca do dia de contornos incertos que virá.
Soa-me estranho este espaço para deixar vaguear o espírito, esta ausência de uma materialidade asfixiante que nos enche o dia-a-dia de tudo, de nada. Flutuo, levito. Sou só espírito, sou só vontade de ausência.
Trazendo-me à relação com a água, com a terra, chegas-me tu, de quando em quando. Chegas-me da ponta mais afastada do arco-íris e, por isso, a tua presença interrompe mas não questiona decisivamente a minha ausência de substância, que se reconstitui logo que te afastas em braçadas largas.
Liberto do corpo que me pesa, sou liberdade, sou pássaro que plana empurrado pelo vento. Hoje, fica-me longe o mundo que vivi ontem, anteontem e em tantos outros dias precedentes.

José Cadima

terça-feira, novembro 19, 2013

Educação para o sofrimento

"A educação para o sofrimento, evitaria senti-lo, em relação a casos que não o merecem". 

C. Drummond de Andrade


[citação constante de mensagem recebida de Clara Costa Oliveira]

quarta-feira, julho 31, 2013

De longe, chegam-lhe frases

De longe, muito longe, chegam-lhe frases que lhe aparecem soltas.
Entre elas, julga perceber:
Roubaste estrelas do céu […];
Moveste montanhas […];
Lutaste com dragões […];
És quem eu ambicionava ter […].
Mentalmente, inquire a quem possam ser endereçadas, inquire o nível de generosidade que delas possa transpirar, muita, seguramente, e o nível de retribuição que possam ter.
Porventura, sê-lo-ão em idêntica medida, talvez mais, se tal é concebível. 
Dir-lhe-á quanto a ama?
Quanto sente a sua falta quando ela não está?
Seguramente, mesmo que as palavras possam não ter igual expressividade, mesmo que as palavras possam ceder perante a emoção.
Talvez devesse dizer-lho mais amiúde, de forma mais firme mas o receio de não saber dizê-lo leva-o a preferir calar-se, deixar que sejam os gestos, as atenções, as emoções a falar por si.
Lamenta não saber fazê-lo de outra maneira, lamenta quanto a possa desapontar por ser assim, sabendo que não tem modo de ser diferente. Lamenta sobretudo por ela.
De volta ao primeiro instante, tenta recordar as palavras que escutou, murmuradas.
Mentalmente, inquire a quem possam ser endereçadas e fica a desejar, muito, que, algum dia, alguém lhe destine palavras tão generosas e encorajadoras.
Desperta de seguida lamentando que o que ouviu não tivesse ido além de um sonho.

K

domingo, fevereiro 03, 2013

Amar-te

“Não tens dito que me amas!”,
Não? Não to digo todos os dias, em gestos, em atenção, em compreensão, através dos meus silêncios?
“Não! Preciso que me digas que me amas. Preciso que fales comigo.”
É verdade: temos formas de comunicar distintas. Abraçar-te, em silêncio, é a melhor forma que encontro de reconhecer-me em comunhão íntima contigo, de exprimir-te carinho intenso. Adormeço nos teus braços porque eles me confortam, são sinal de que é hora de repousar.
Amar-te? Porque duvidas? Não são os meus abraços suficientemente fortes e envolventes?
Abraçar-te-ei com mais força amanhã!

K

quinta-feira, janeiro 17, 2013

Olhá Maya!

Olhá Maya! Olha a Maya, e não sou capaz de deixar de me interrogar sobre:
i)  onde foi buscar o nome (porventura, à simpática abelha Maya da nossa infância);
ii)  que idade terá aquela abelha, agora loura, de cabelo bem composto e discurso fluente e ininterrupto;
iii) que procurarão nela os telespectadores a quem se dirige com conselhos múltiplos.
Olho a Maya e interrogo-me sobre o que me trouxe a este lugar, onde sempre me sinto desconfortável, aonde me desloco arrastado pela pressão de palavras bem intencionadas mas que não me convencem. O que me trouxe, mesmo, foi a vontade de retribuir a atenção (a preocupação) com um gesto que não desmerecesse essa atenção.
Olhá Maya. Lá está ela de novo, falando ininterruptamente, dirigindo-se a não se sabe bem quem (felizmente, as suas palavras não me chegam inteligíveis). É toda expressão. É toda gestos e atenção dirigidos a interlocutores abstractos (ou concretos?) a partir de uma sala preenchida com uma cadeira, uma mesa, cartas, muita cor e, presume-se, câmaras de filmar, com gente atrás.
Olha a Maya, baralhando cartas, procurando, supostamente, ajudar alguém a desembaralhar a respectiva vida.

José Cadima 

quarta-feira, janeiro 02, 2013

Mensagens curtas, endereçadas

"Obrigado pelas tuas mais recentes mensagens e pela tua atenção. Lamento o final de ano e o início de ano novo desastrosos que tivemos  que, infelizmente, não fugiu muito às minhas expectativas, dado o contexto que estava criado. Peço-te desculpa pelo contributo que dei para esse desastre.
Vou acreditar que o novo ano pode ser bem melhor. Nesse sentido, podes contar com o meu empenho e muito amor."

K

sexta-feira, dezembro 28, 2012

Carta com destinatário certo e leitura incerta

"Tive pena de não ter estado contigo pelo Natal e nem sequer ter tido oportunidade de te oferecer uma prenda. Gostaria de ter-te contactado a esse propósito mas entendi ser melhor não o fazer."

José Cadima

sábado, dezembro 15, 2012

quinta-feira, dezembro 13, 2012

(Retorno aos) Arquivos do passado

Vasculhando em arquivos, 
encontrei algo de muito precioso,
que me fez sentir saudades não de ti
mas do que tu eras.

Vasculhando os meus arquivos,
deparei-me com algo de muito querido,
que me fez sentir saudades não de ti
mas do que sonhei que tu fosses.

José Pedro Cadima

terça-feira, novembro 20, 2012

segunda-feira, novembro 19, 2012

Mentir

"Se dissesse que não pensei no que diria aquando deste momento, estaria a mentir."

José Pedro Cadima
(Braga, , 09/03/25)

quarta-feira, novembro 14, 2012

Mensagens curtas, endereçadas

"Permaneces um encanto. Pena é que tenhamos tantos obstáculos a complicarem o nosso quotidiano e a retirarem-nos o tempo que precisávamos para nós. Ser feliz, num tal contexto, é um exercício no limiar do impossível.Temos que tomá-lo como alcançável."

K

sexta-feira, novembro 02, 2012

segunda-feira, outubro 29, 2012

Não fui capaz

"Senti-me mal.  Apeteceu-me correr rua abaixo até não me restar energia para mais. Não fui capaz!"

José Pedro Cadima