sexta-feira, dezembro 27, 2013

Pergunto-me...

Pergunto-me se vale a pena.
Pergunto-me...
Termino o ano muito cansado,
exausto.
Cansado do que vejo,
cansado do meu quotidiano,
dos sonhos que ficam mais longe,
cansado...
O sossego é uma utopia inalcançável!

José Cadima

sexta-feira, dezembro 20, 2013

O amor não cansa

"O amor não cansa nem se cansa"

S. João da Cruz

[citação constante de mensagem recebida de Clara Costa Oliveira]

quinta-feira, dezembro 12, 2013

"Heterónimo de um sujeito muito menos interessante"

"A assinatura que uso não é apenas uma conveniência de circunstância. O autor desta publicação é mesmo o que assina com as iniciais J. C., um heterónimo de um sujeito muito menos interessante, com um nome "comum"

J. C.

[reprodução de parágrafo de Prefácio de livro intitulado Crónicas de Maldizer, datado de Março de 2000, Edição de autor, Braga (produzido nas oficinas da APPACDM Distrital de Braga),  adquirido há poucos dias na Feira do Livro de Braga]

terça-feira, dezembro 03, 2013

So much of life is a negotiation

"So much of life is a negotiation - so even if you're not in business, you have opportunities to practice all around you."

Kevin O'Leary

(citação extraída de SBANC Newsletter, December 3, Issue 798 - 2013, http://www.sbaer.uca.edu)

sábado, novembro 23, 2013

O Sol

O Sol alimenta-nos a alma
O Sol recorda-nos que estamos vivos
Quem disse que o Sol faz mal
Não esteve lá
Não olhou o Sol contigo
Não quis tocar contigo o Sol
Eu estive lá
E toquei o Sol contigo

C.P.

terça-feira, novembro 19, 2013

Educação para o sofrimento

"A educação para o sofrimento, evitaria senti-lo, em relação a casos que não o merecem". 

C. Drummond de Andrade


[citação constante de mensagem recebida de Clara Costa Oliveira]

sexta-feira, novembro 08, 2013

Pôr-do sol: +

O pôr-do-Sol fez desaparecer as angústias
desta parte da vida que teima em desgastar-nos.
Tu e eu, olhámos o Sol.
Ele teimava em esconder-se.
As nuvens pairavam na sua frente.
Desta vez, o sol não tormou ao mar,
mas esforçou-se por nos surpreender,
num fim-de-tarde que salvou o dia,
num fim-de-tarde em que démos as mãos
e, quase sozinhos, nos engtregámos ao Sol.

C.P.

segunda-feira, novembro 04, 2013

O que há dentro de nós

"O que fica atrás de nós e o que jaz à nossa frente têm muito pouca importância, comparado com o que há dentro de nós".

 Emerson

 [citação constante de mensagem recebida de Clara Costa Oliveira]

sexta-feira, novembro 01, 2013

terça-feira, outubro 29, 2013

Pôr-do-sol

Chegámos a correr 
E serenos ficámos
O pôr-do-sol esperava por nós
Lá ao fundo junto ao mar
Devagar foi descendo
Com as nuvens a ampararem-no
O frenesim do dia passou
Tudo passou
Só ficámos tu e eu
Olhando o sol tentando furar as nuvens
Também ele calmamente 
Tentando regressar a casa
Tentando encontrar conforto
Junto ao seu mar 

C.P.

domingo, outubro 27, 2013

No Outono

No Outono, a paisagem é mais colorida,
a variedade de tons é maior,
mesmo que predominem as tonalidades fortes:
verde escuro, amarelo-palha,
castanhos e verdes de diferentes matizes.
O Outono deveria devolver-nos a tranquilidade,
depois da agitação do Verão,
depois da excitação da Primavera.
Nem sempre o consegue.
Poucas vezes assim é,
muito raras vezes...
No Outono, o recolhimento,
o reencontro connosco,
ganha espaço redobrado,
alheados, alienados que nos encontramos
tantas vezes no restante do ano.
sobretudo na Primavera e no Verão,
interpelados por requisições várias,
poucas vezes realmente merecedoras da atenção
que acabamos por votar-lhes.
Porque nos esquecemos tão facilmente
das razões fortes que nos dão corpo, sentido,
para agarrarmos o fortuito, o efémero, a moda?
No Outono há mais espaço para as corres fortes
e, queria eu, para nós.

K

sexta-feira, outubro 18, 2013

Não me peças

"Posso estar errado. Muitas vezes estou. Se for o caso, explicar-mo-ás com serenidade e compreensão.
Não me peças abraços e carinhos quando eu não estou capaz dos dar." 

K

sexta-feira, outubro 11, 2013

Tempestade(s)

"O amor-próprio é um balão cheio de vento, do qual saem tempestades quando o picam". 

Voltaire


[citação constante de mensagem recebida de Clara Costa Oliveira]

quinta-feira, outubro 03, 2013

Ficar no silêncio

"O que se pode dizer pode ser dito claramente; e aquilo de que não se consegue  falar deve ficar no silêncio". 

L. Wittgenstein

[citação constante de mensagem recebida de Clara Costa Oliveira]

quarta-feira, outubro 02, 2013

Afastado que estou...

"Afastado que estou do quotidiano de Leiria, tomando o conceito em acepção ampla, a ligação afectiva que mantenho com este território leva-me a olhar com curiosidade para os dados que me vão chegando..."

J. Cadima Ribeiro


[Foto da autoria de C.P.]

terça-feira, setembro 24, 2013

Ficou-me mais longa a noite

Ficou-me mais longa a noite
sem a tua companhia.
Se noutras noites a tua presença
ou o pensamento soubre a possibilidade da tua falta
me leva o sono,
nesta foi a tua ausência,
saber-te longe de um abraço,
não poder percorrer a calçada junto ao mar contigo,
de mão dada.
Há contextos, há momentos em que a tua falta
se faz mais presente.
Há noites que a tua ausência torna mais longas
ou curtas, se considerarmos a inquietude
que nos leva a vigílias como esta.
Fica a quase certeza do reencontro, mais logo.
Fica a esperança de um sono mais repousado.
E que falta me faz!
Fica a esperança…

K

Saudades...

Que estranho sentimento 
Que não me larga
Procuro-te, mas não estás
Destapo os ouvidos
Mas não te ouço
Grito por ti
Mas não me ouves
Amanhã será outro dia
Estarás finalmente perto de mim
Estaremos os dois
Apenas os dois
Os outros estarão a mais...

C.P.

segunda-feira, setembro 16, 2013

Amanhãs

Há amanhãs que sorriem;
há amanhãs que cantam;
há amanhãs…
Quis acreditar.
Hoje, começo a descrer.
Hoje, ainda madrugada,
inquiro como chegarei ao fim do dia,
se terei forças para a jornada.
Noutras madrugadas, tive a sorte de haver luar,
algo que nesta está ausente, também.
Na ausência de luar,
Interrogo-me a que sinais de futuro
posso deitar mão.
Interrogo-me…
Valerá a pena tentar recuperar o sono…
O sonho?
Ainda haverá noites tranquilas?
Longas, angustiantes, plenas de pesadelo
sei que as há.
As outras sugerem-se-me memórias distantes.
Neste amanhã que é hoje,
a jornada anuncia-se dura, esgotante,
porventura para além das forças que me restam.
Pôr-me-ei ao caminho.
Se completarei a jornada, não sei.
Se, pelo menos, houvesse luar…


K

domingo, setembro 15, 2013

terça-feira, setembro 10, 2013

Mensagens curtas, endereçadas

"Se há coisa que eu necessito é tranquilidade e carinho. Disse-te múltiplas vezes que tu constituis a minha última esperança."

K

domingo, setembro 08, 2013

Único

Sentir que és o único
Sentir que serás sempre o único
Que sentir?
Não há nada para sentir
Senão sentir-te
Sentir-te perto de mim
Mesmo depois do aceno há poucas horas
Estás por aqui, sinto-te
Almas gémeas seremos?...

C.P.

sexta-feira, setembro 06, 2013

Onde quer que nos encontremos...

"Onde quer que nos encontremos, são os nossos amigos que constituem o nosso mundo". 

W. James

[citação constante de mensagem recebida de Clara Costa Oliveira]

sábado, agosto 31, 2013

Alegra-me que sejam amarelos (2)

O comboio roda, balança, apita, corre,
e com ele corre, foge a paisagem que ladeia a linha.
A velocidade é irregular,
as paisagens sucedem-se,
umas acercando-se rapidamente,
outras tomando mais tempo.
Subitamente, pára.
Pára porquê? Pára para quê?
As imagens deixam de ser fugidias.
Fugidia permanece a minha atenção,
saltitando entre memórias do ponto de partida
e a realidade que se configura perante os meus olhos.
Formoselha?! Formosa?
Formosa mas não segura?
Mal-me-queres, pelo menos, não faltam,
embora eu prefira papoilas,
o vermelho rubro das papoilas, digo.
Permaneço alerta.
Perscruto o espaço que ladeia a linha
e ei-las que surgem,
combinadas com mal-me-queres amarelos.
Abre-se-me lugar para a esperança,
mesmo que o mais certo sejam os mal-me-queres.
Alegra-me que sejam amarelos.

K

quinta-feira, agosto 29, 2013

A alma é...

"A alma é a causa eficiente e o princípio organizador do corpo vivente". 

Aristóteles

[citação constante de mensagem recebida de Clara Costa Oliveira]

sábado, agosto 10, 2013

Desaparecer

Andar por aí?
Desaparecer a pouco e pouco?
Desaparecer, simplesmente?
A vida é feita de encruzilhadas, também,
aparte desafios,  
aparte encontros e desencontros.
Desalentado, injustiçado, descrente
sigo rumo que me leva a lugar incerto.
Desde esse lugar, em catadupa,
ocorrem-me questionamentos múltiplos,
vontade firme de não calcorrear caminhos trilhados.
Nesse ensejo, a dúvida mais presente é se é hora de desaparecer
ou basta-me andar por aí,
diluído em multidões que sempre me desconfortaram.
Desaparecer, sim!

José Cadima

domingo, agosto 04, 2013

Uma noite para esquecer

Uma casa magnífica, um quarto magnífico, um lugar de tranquilidade difícil de igualar, e nem por isso o sono me assiste, isto é, apesar de tudo ou por tudo isso, eis-me desperto, intranquilo, sem jeito, absolutamente perdido a meio da noite. Deitado porquê se nem por isso me sinto descansar mais? Presumo-te a dormir, a meu lado, mas nem por isso a tua quietude aparente me trás o sossego que me falta, nem por isso o teu sono me contagia. Desejava que sim, do mesmo modo que o teu sorriso me contagia, tantas vezes. Noutro dia consegui-lo-á(s). Noutro dia…
Resta-me voltar a mim, aos meios anseios, aos meus problemas não resolvidos, aos meus medos. O medo de não estar ao meu alcance ajudar alguém que me importa muito ajudar a sair do buraco no tempo em que se deixou cair, por razões que não sei descortinar. O temor de desacreditar que vale a pena resistir, ser quem sou. O receio que, nalgum momento, deixe de fazer sentido lutar contra os fantasmas que, tantas vezes, te levam para longe, mesmo caminhado a par comigo ou sabendo-te deitada a meu lado. Sinto a tua respiração mas não me sinto capaz de respirar contigo, embora desejando consegui-lo, embora ansiando fazê-lo, muito, muito…
Porque tem que ser assim? Porque tem que ser este, também, lugar de desencontro? Para já, desde logo, de desencontro de sonos. Pergunto-me sobre os sonhos e não tenho resposta certa, mais claramente dito, não encontro resposta.
De fonte segura, fica-me a vigília. Até quando? Quando soçobrará este corpo cansado perante o sono, esta intranquilidade perante a serenidade da envolvente tranquila desta casa imensa, cheia de memórias, alimentadora de sonhos?.
Não me ficando grande lugar para sonhos, à força de uma travessia longa de desapontamentos – cinquenta e muitos anos creio permitirem já o uso do qualificativo – queria nesta altura encontrar lugar para o sono, paragem no tempo, encontro possível com o vazio de inquietudes, se o pesadelo não se revelar mais forte. Nesse entretanto, poderia até voltar até ao teu abraço, mas o pesadelo é sempre realidade próxima.
Porquê? Porque me falha a resposta para tantas perguntas que me preenchem a mente e me enchem os dias? Porque me escapa o sono num momento em que precisava tanto reencontrá-lo? Porque me escapas tu quando precisava tanto que fosses o meu lugar de encontro?

José Cadima

quarta-feira, julho 31, 2013

De longe, chegam-lhe frases

De longe, muito longe, chegam-lhe frases que lhe aparecem soltas.
Entre elas, julga perceber:
Roubaste estrelas do céu […];
Moveste montanhas […];
Lutaste com dragões […];
És quem eu ambicionava ter […].
Mentalmente, inquire a quem possam ser endereçadas, inquire o nível de generosidade que delas possa transpirar, muita, seguramente, e o nível de retribuição que possam ter.
Porventura, sê-lo-ão em idêntica medida, talvez mais, se tal é concebível. 
Dir-lhe-á quanto a ama?
Quanto sente a sua falta quando ela não está?
Seguramente, mesmo que as palavras possam não ter igual expressividade, mesmo que as palavras possam ceder perante a emoção.
Talvez devesse dizer-lho mais amiúde, de forma mais firme mas o receio de não saber dizê-lo leva-o a preferir calar-se, deixar que sejam os gestos, as atenções, as emoções a falar por si.
Lamenta não saber fazê-lo de outra maneira, lamenta quanto a possa desapontar por ser assim, sabendo que não tem modo de ser diferente. Lamenta sobretudo por ela.
De volta ao primeiro instante, tenta recordar as palavras que escutou, murmuradas.
Mentalmente, inquire a quem possam ser endereçadas e fica a desejar, muito, que, algum dia, alguém lhe destine palavras tão generosas e encorajadoras.
Desperta de seguida lamentando que o que ouviu não tivesse ido além de um sonho.

K

segunda-feira, julho 29, 2013

Quando percebo...

"Quando percebo, não penso o mundo, ele organiza-se diante de mim". 
M. Merleau-Ponty

[citação constante de mensagem recebida de Clara Costa Oliveira]

quinta-feira, julho 25, 2013

Braga "antiga"


[Foto de autor não identificado que nos caiu entretanto na página pessoal do Facebook. Note-se a ausência da fotografia do edifício do Banco do Minho, em especial]

terça-feira, julho 23, 2013

Mensagens curtas, endereçadas

"Precisava de estar contigo, sentir-te junto de mim por fugazes minutos que fosse e isso não aconteceu.
Á noite, era tarde de mais. Para mim, o dia não começa à noite.
Se não vai bem no correr do dia, muito dificilmente se recomporá à noite."

K

quinta-feira, julho 18, 2013

Dinizar Becker, um académico, um amigo e um lutador

«Não sei a data certa em que trocámos as primeiras mensagens postais; não tenho rigorosamente presente em que anos esteve em Braga em fugazes visitas de trabalho, no quadro de um projecto de pós-doutoramento; sei que morreu em Junho de 2003, aos 56 anos de idade, “na plenitude da sua maturidade intelectual”, como escreveram os amigos que lhe organizaram um livro de homenagem póstuma, reunindo o essencial da sua obra escrita, “acabado” de vir a público, e que um amigo comum teve a gentileza de me fazer chegar há poucos dias. Falo de Dinizar Becker, um homem “de tantas faces, polemista por natureza e ofício, indignado, produtivo e combativo … neste momento de agudização de uma crise mundial, que provoca perplexidades sem respostas, sobre a qual Dinizar teria muito a dizer” [Desenvolvimento Contemporâneo e seus (Des)caminhos: a contribuição da obra de Dinizar Becker, Agostini, Bandeira e Dallabrida (Org.), UNIVATES, 2009, Lajeado, Brasil, p.25].   Em boa hora o fizeram. Estou-lhes grato pela homenagem que por essa via lhe prestaram em nome dos muitos amigos que teve em vida, entre os quais julgo poder incluir-me.

J. Cadima Ribeiro»

domingo, julho 14, 2013

Quando a gente sofre

"O silêncio é às vezes o que faz mais mal quando a gente sofre". 

 Florbela Espanca

[citação constante de mensagem recebida de Clara Costa Oliveira]

sexta-feira, junho 28, 2013

De mãos dadas

As tuas mãos macias, quentes.
As minhas mãos quentes, rudes,
rigorosamente do mesmo tamanho.
Dar-te a mão,
apertar-te as mãos macias, quentes.
De mãos dadas, tão iguais,
superaremos montanhas,
venceremos até os nossos medos.
Que bem que se dão as nossas mãos.
Entrelaçadas, dão-nos indicação de caminho seguro
que importa percorrer.
De mãos dadas, seremos baluarte inexpugnável.

K

quinta-feira, junho 27, 2013

Always be yourself

"Always be yourself, express yourself, have faith in yourself, do not go out and look for a successful personality and duplicate it."

Bruce Lee

(citação extraída de SBANC Newsletter, June 35, Issue 773 - 2013, http://www.sbaer.uca.edu)

segunda-feira, junho 10, 2013

Ai as nossas mãos...

As nossas mãos
são do mesmo tamanho,
uma tal e qual a outra.
As nossas mãos
mantêm uma irreprimível tendência
para se procurarem,
passearem-se de mão-dada.
Do mesmo tamanho, tão iguais,
as nossas mãos 
procuram-se tanto
quanto os meus olhos os teus. 
Tão iguais na vontade de agarrar o mundo,
buscam unidas
manter longe o ar agreste
que nalguns dias teima em chegar-nos,
mesmo nesta ocasião que dizem ser de Primavera,
quase Verão.
As nossas mãos
são tanto o espelho da nossa alma
que nalgumas ocasiões me parecem ser a própria alma,
entrelaçadas, aquecendo-se reciprocamente,
procurando, juntas, agarrar o mundo.
Ai as nossas mãos…

K

quarta-feira, junho 05, 2013

Falando de pôr-do-Sol

«As quatro estações do ano

Tu és como
as quatro estações:
és a minha branca
e linda neve do Inverno;
és a minha suave
e virgem flor de Primavera;
és o meu doce
e suculento fruto de Verão;
és o meu belo
e magnifico pôr-do-sol de Outono

José Pedro Cadima

(POEMAS ou um grito de vida, edição de autor, Braga, 2004, p.83)

quinta-feira, maio 30, 2013

As nossas mãos

As nossas mãos
São idênticas
Do mesmo tamanho
Sentem o mesmo…

No teu colo
Procuro a tua mão
Calejada do tempo
Tão grande quanto a minha

Insistes e dizes
Serem do mesmo tamanho
São os teus olhos
Que o querem ver

Acabo por o sentir
Afinal, só duas mãos idênticas
Poderão amar
Com a força de um Deus

C.P.

sexta-feira, maio 24, 2013

Alegra-me que sejam amarelos

O comboio roda,
balança, apita, corre,
e com ele corre, foge
a paisagem que ladeia a linha.
A velocidade é irregular.
As paisagens sucedem-se,
umas acercando-se rapidamente,
outras tomando mais tempo.
Subitamente, pára.
Pára porquê?
As imagens deixam de ser fugidias.
Fugidia permanece a minha atenção,
saltando entre memórias do ponto de partida
e a realidade que se apresenta a meus olhos.
Formoselha?! Formosa?
Formosa mas não segura?
Mal-me-queres, pelo menos, não faltam,
embora eu prefira papoilas,
o vermelho rubro das papoilas, digo.
Permaneço alerta.
Perscruto o espaço envolvente
e ei-los que surgem
combinados com mal-me-queres amarelos.
Abre-se-me lugar para a esperança,
mesmo que o mais certo sejam os mal-me-queres.
Alegra-me, pelo menos, que sejam amarelos.

K

sábado, maio 18, 2013

Duas Luas

Duas Luas, três Sóis,
assim se me apresentam certos dias,
certas noites, também.
A luz é tanta que me encandeia.
As Luas e os Sóis são o que consigo vislumbrar.
Tudo o resto são sombras, são imagens fantasmagóricas.
Fecho os olhos,
concentro-me na luz que me vem de dentro
e  ensaio o regresso ao tempo
em que via uma só Lua,
um só Sol.
Velhos tempos esses em que era possível mirar a Lua,
repousar os olhos em campos de morangos, para sempre,
assistir, inebriado pelo estonteante das cores formadas, ao pôr-do-sol,
à beira-mar,
abraçar o arco-íris.
Faz-me falta, sobretudo, abraçar o arco-íris.
Eram outros tempos,
tempos que, receio, não voltem mais.
Eram tempos em que havia uma Lua e um Sol, apenas.
E como era rubro o vermelho das papoilas!

K

quinta-feira, maio 16, 2013

Pelo menos, há luar!

Dizem que sou K,
que sou Y.
Dizem, até, que sou J.
Todos dizem saber quem sou.
Só eu continuo sem saber quem sou,
e gostava tanto de sabê-lo.
Procuro, vagueio por lugares incertos,
procuro ainda mais,
e a resposta permanece este vazio de resposta.
Dizem que sou Z.
Z(é) acredito que não sou!
Batem à porta, leve, levemente.
Trar-me-ão a resposta que busco
ou será a chuva que bate leve, levemente,
que a neve não bate assim?
Pelo menos, está luar.
Assim, posso buscar mais longe,
posso procurar perto da Lua,
que me dizem ter todas as respostas que procuro.
Terá?
Pelo menos, há luar!

K