sexta-feira, dezembro 30, 2011

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Minha querida Cláudinha

Embora se possam fazer balanços todos os dias, há ocasiões em que faz mais sentido fazê-los e o final do ano é uma delas. No balanço do ano que faço, tenho que pôr do lado do activo e agradecer-te a atenção, o carinho, o amor que me dedicaste, que me fez sentir valer a pena este quotidiano penoso que é viver e trabalhar em Portugal nos tempos que correm, infelizes, longe de qualquer alento, cada vez mais longe do atendimento das expectativas básicas do comum do cidadão, de que eu me sinto parte, substantiva e subjectivamente.
Foi bom saber-te a meu lado, ter seguro um abraço no fim do dia, saber garantido o refúgio necessário de quem enfrenta um dia longo sem momentos de tréguas. Foi bom, foi um renovar de esperança saber que alguém me esperava no final de cada jornada.
Pena tenho de, por força deste desgaste de muitos anos que levo, não ter sido capaz de responder a cada abraço teu com outro abraço, de não ter sabido dobrar em beijos aqueles que me deste, de não ter sido capaz de fazer de cada dia teu um hino à alegria e ao amor. Não era fácil, é certo, mas devia ter feito bem mais e melhor.
Em hora de balanço, não sou capaz de alinhar dados do lado do passivo. Obviamente que houve momentos em que senti que não eras capaz de acompanhar-me nos silêncios que me eram tão necessários, na minha visão das pessoas e do mundo mas isso não chega para que faça sentido relevá-los. No passivo, quedam apenas as minhas incapacidades e limitações, entre elas avultando os abraços que não cheguei a dar-te.
Não sei se o tempo que se avizinha pode ser tomado por tempo de esperança, para ti, digo, embora o deseje muito. Os sinais que nos chegam vão quase todos em sentido contrário. Acreditando que o futuro não pode ser construído unicamente de mágoas e pesadelos, sou levado a achar que o teu te reservará também muitas coisas boas, porque o mereces.
Até qualquer dia, meu amor!

José Cadima

terça-feira, dezembro 27, 2011

Acredito, tento acreditar

Acredito, tento acreditar que as coisas vão melhorar mas, algumas vezes, demasiadas, sou levado a descrer disso. É um equilíbrio desgastante este em que me movo.


K

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Angústia, ansiedade, insónia


Há ocasiões em que sou levado a sentir-me o mais infeliz dos seres, mesmo sabendo que mundo fora, neste país, nesta cidade há pessoas que não têm asseguradas condições  básicas de sobrevivência: pão, paz, habitação.
Angústia, ansiedade, insónia, são três das dimensões que corporizam o desconforto que me atinge, isto é, que me agride.
Interrogo-me. Interrogo-me outra vez e não alcanço resposta. Porque será que tenho que cruzar todas as etapas deste calvário se nem sequer alimento a esperança de alcançar a redenção final, dos justos, como alguém diria?
Um existir sofrido; poucas vezes sereno. Vale a pena uma existência assim? E porquê se não regateio entrega, sacrifício até, algumas vezes.  
Estado de alma ou alma sem estado, sem estância segura, sem lugar onde viver em paz? Será tempo de abandonar esta luta ou, antes, de abraçá-la com mais força, na esperança derradeira de atingir o oásis, um qualquer oásis, assumindo que os haja? E se não houver?
Há ocasiões em que sinto, acredito que a quietude, o repouso de espírito, a paz exterior e interior são possíveis. Há ocasiões em que sinto que há-de haver razão para esta travessia que faço, quer dizer, que julgo que o caminho que percorro tem razão de ser, que o meu esforço, a minha entrega valem a pena, que a paz que tão ansiosamente procuro não é apenas uma miragem, como têm sido os oásis que, ocasionalmente, tenho perscrutado no horizonte.
Pobre da minha mente, pobre de mim que já não vislumbro a diferença entre realidade e sonho, por ser pesadelo continuado o quotidiano. Destino? Sorte? Mas porque hei-de sofrer de tamanha mal sorte?
Há ocasiões em que me interrogo e não encontro resposta alguma, sendo certo que não é a ausência de respostas que me desespera mas, antes, esta intranquilidade que me agride, esta sensação de caminho conducente a nenhures que percorro, esta condenação ao purgatório que me terá sido destinada.
Um existir sofrido; raras vezes sereno.

K

sábado, dezembro 17, 2011

(O tempo que passo) Sem ti

As horas passam,
o tempo voa,
e eu continuo aqui
sem amor, sem ti.
Se conquistar o teu amor
tem sido um sonho,
nesta hora, só em sonho te tenho comigo.

O tempo passa.
Nesta hora, só em sonho te tenho aqui,
só no meu coração te encontro,
te beijo e te abraço.
Conquistar o teu amor
tem sido um sonho
não concretizado.

José Pedro Cadima

terça-feira, dezembro 13, 2011

Tu(Eu)

Senti-me mal. Apeteceu-me chorar. Apeteceu-me correr rua abaixo até não me restar energia para mais. Não fui capaz!
Decidi tomar um banho. A água morna acalmou-me, mas não chegava. Peguei num pente. O pente deslizou-me sobre os cabelos encaracolados. Arrancou montes deles. Penteei o cabelo para a frente para me tapar os olhos. Aos poucos, as pontas encaracolaram-se para cima e deixaram-me ver a minha cara no espelho.
Senti uma vez mais necessidade de gritar; senti que se não gritasse acabaria para abafar. Explodi!
É por isso que hoje não resta de mim senão o que está à vista.

José Pedro Cadima

domingo, dezembro 11, 2011

Notícias de um mundo paralelo: heterodoxias

"Sendo de saudar a heterodoxia, percebe-se amiúde que as leituras de situação feitas e as recomendações elaboradas reflectem um claro défice de visão e de reflexão sobre os princípios e a problemática da gestão da(s) organização(ões), isto é, bem intencionadas que são as ideias veiculadas, falha-lhes em muitos casos o pragmatismo associado à gestão e adequada estruturação da(s) organização(ões)."

J. Cadima Ribeiro

quinta-feira, dezembro 08, 2011

terça-feira, dezembro 06, 2011

Hoje, especialmente hoje, apetece-me reler o texto

Escondido num novelo de lã

Num novelo de lã me quero esconder,
quietinho, aconchegado, a salvo;
a salvo do que vai lá fora,
a salvo do que ficar fora do meu novelo de lã.
Deixem-me procurar um lugar
onde possa permanecer recolhido,
longe da impiedosa lei
que, nos sonhos, traz a luz.

A opressão ataca os pobres
que querem sonhar,
encurrala-os em becos sem saída,
enche-nos a vida de medos.
Pressinto longe o meu novelo de lã.
Quem me dera tê-lo mais perto,
ali, ao alcance de uma mão.

José Pedro Cadima

quarta-feira, novembro 23, 2011

A foto (revisitada)

Estás linda!
Não há foto que te tirem
em que não surjas linda,
deslumbrante,
pelo menos, a meus olhos.
Que lindas as tuas fotos,
umas atrás de outras.
Podiam ter qualquer cenário como fundo
pois, só por tu lá estares,
desviar-se-ia para ti
toda a atenção do observador.
Nesta, encontro-lhe uma falha:
eu não estar nela contigo!

José Pedro Cadima

sábado, novembro 19, 2011

sexta-feira, novembro 18, 2011

E acho apenas...

Temos que saber viver.
Temos que saber crescer.
Temos que saber sonhar.
Temos que aprender a amar.
Amar, sonhar, crescer, viver:
desafios de vida,
empreendimentos loucos,
meu pesadelo, meu sonho, meu ponto de encontro.
Procuro, procuro em meu redor
e acho apenas imensas saudades de ti.

José Cadima

quinta-feira, novembro 17, 2011

Temos que saber...

"Temos que saber viver com o que temos em cada momento, por mais que desejássemos ter muito mais ou muito melhor que aquilo que temos. Para mim, nesta hora, em concreto, será óptimo poder, simplesmente, dormir, sobretudo se conseguir fazê-lo sem pesadelos."

José Cadima

segunda-feira, novembro 14, 2011

Fechando os olhos

Fechando os olhos,
posso ainda ver
cores, sentimentos, sonhos, frustrações.
Vejo sentimentos, digo,
que são de tristeza, sobretudo,
mas poderiam ser, também, de esperança.
Na escuridão e para além dela,
vejo, sinto a cor do meu sangue,
vermelho vivo.
Vivo que me pressinto,
de olhos fechados, imagino-me outro,
ensaio transportar-me para outro lugar,
onde a esperança não se ofereça sobra
da tristeza e da desesperança.
Amanhã será um dia novo!

José Cadima

sábado, novembro 12, 2011

Esboço de conversa (4)

Depois das notícias que te dei a meio da semana, esperava que me dissesses alguma coisa, isto é, se estavas satisfeito com o desenvolvimento que o assunto que te preocupava teve entretanto. Fiquei a desejar, também, que me dissesses que pensas fazer e se precisas que te ajude nalguma iniciativa que pretendas tomar.
Preferiste o silêncio, o que lamento, sobretudo se for sinal de que o problema que me pediste para ajudar a resolver era apenas um pretexto para tu não abandonares esse estado de letargia em que te encerraste. Espero, sinceramente, que não seja o caso.
Quando é que voltarei a ter oportunidade de jantar ou ter uma simples conversa descontraída contigo?

J. Cadima Ribeiro

O forno e as merendeiras doces

(Vale de Frade, Barosa, Leiria)

terça-feira, novembro 08, 2011

Esboço de conversa (3)

Espero que gostes das merendeiras doces que te deixei, que me foram enviadas pela tua avó.
Tenho boas notícias para te dar relativamente ao assunto sobre que falámos ultimamente. Como vês, as coisas resolveram-se.
Agora, fica a faltar a tua parte, isto é, que comeces a resolver as coisas da tua vida. Nisso, poderás contar connosco mas a parte principal cabe-te a ti e implica que tomes uma atitude construtiva em relação à tua vida. Vais começar a fazê-lo? Fá-lo pela tua mãe, por mim e, sobretudo, por ti.

J. Cadima Ribeiro

O que me vem à cabeça (revisitação)

Por culpa deste turbilhão
que me vai na cabeça,
para não me esquecer das coisas,
devo escrevê-las.
Só há um problema:
o que me vem à cabeça
são poemas de amor,
ideias, pensamentos
que são directa expressão das dores que sinto.
Por assim ser,
a forma que encontro de me encontrar
com a dimensão mais intima do meu ser
é a que reaviva o meu tormento.

José Pedro Cadima

sábado, novembro 05, 2011

O relógio da igreja e o outro


Quem comanda as nossas vidas...

«Dizia o conferencista (Tomas Villasante, professor da Universidade Complutense de Madrid) que quem comanda as nossas vidas são interesses económicos mais ou menos obscuros, corporizados nalgumas organizações internacionais e grupos económico/financeiros nacionais e internacionais, referidos comummente como mercado(s).
O movimento dos “indignados” seria assim filho legítimo da ditadura que temos, que é a dos mercados, e de poderes políticos que, reclamando-se de representativos, não representarão senão os interesses desses “mercados” e dessa classe política decadente, que tenta a todo o custo perpetuar-se.»

J. Cadima Ribeiro

quinta-feira, novembro 03, 2011

Máscaras

Será a casa de Barcelona da Branca de Neve e dos 7 anões ou a casa de férias do Gato das Botas?
Serão as máscaras das varandas apenas para disfarçar, dificultando a tarefa da Bruxa Má? Também as haverá (bruxas) boas, depreende-se.









[Foto da autoria de C.P.]

quarta-feira, novembro 02, 2011

As últimas novidades chegadas de Lisboa

(cerca das 19,30 horas de hoje, via Facebook de José Cadima)


"It's raining cats and dogs in Lisbon!"

José Pedro Cadima

´Atão` não é que …

«Uma coisa bem curiosa que encontrei no livro foi a reclamação da criação de um “alargado consenso político-social” para a resolução da(s) crise(s) que a economia portuguesa vive. Este conceito deverá ser um eufemismo para identificar a “urgência” do retorno aos governos do “bloco central”, que, não sendo forma de governo há largos anos em Portugal, persiste enquanto tal na divisão de tudo quanto é “tacho” em empresa pública, grupo bancário, empresa do sector de obras públicas ou lugar de cúpula de associação empresarial. Distraído que andava, só então percebi que esse vinha sendo tema quotidiano da comunicação social nacional (ignoro desde há quanto tempo), tratando de preparar os portugueses para o pior, se é que as coisas podem piorar, ainda. Aqui chegado, o sangue deixou de me alimentar o cérebro, fiz-me branco como a cal, e apeteceu-me fugir para o lugar mais remoto possível. Desgraçadamente, o sangue que deixou de alimentar-me o cérebro faltou-me também nas pernas e é essa a razão porque ainda ando por aqui. Levei para mais de uma semana até conseguir verter para o caderno este breve apontamento de memórias. “Atão” não é que …»

J. C.

(reprodução parcial de crónica originalmente produzida em 2009/05/15 e publicada na integra neste jornal de parede por essa mesma altura, com o título "Temos ministro!")

domingo, outubro 30, 2011

Esboço de conversa (2)

Eu disse-te que ia tratar do assunto e é o que estou a fazer. É preciso ter presente todas as situações por forma a encontrar a solução que melhor nos sirva.
Peço-te que me dês o tempo necessário. Quando tiver notícias que valha a pena transmitir-te, eu próprio o farei.

José Cadima

sexta-feira, outubro 28, 2011

Delete it forever

Meu amor
Apaga as minhas palavras
Cujo sentido só eu conheço
Delete it forever
Ever and ever

Tentarei compreender que és homem
E que eu sou mulher
Delete it forever
End with my shame

C.P.

Esboço de conversa

Fico muito grato por, finalmente, teres tido a simpatia de reagir às minhas mensagens, apesar do assunto sobre que centras a tua atenção não ser o mais importante, para mim.
Nota o seguinte: vou imediatamente desencadear o processo conducente a que as tuas preocupações sejam atendidas, pese saber quanto isso vai ser oneroso. No que estiver ao meu alcance, o assunto vai resolver-se.
Isso resolvido, ficas sem desculpas para não colaborares connosco e não abandonares esse teu desinteresse por tudo o que se passa fora do teu pequeno mundo. Espero que entendas isso de forma bem clara e, sobretudo, entendas que me vou envolver nesse assunto por ti, isto é, por saber quanto isso te incomoda.

José Cadima

terça-feira, outubro 25, 2011

O azar e a sorte (II)

Sei que eles andam por aí.
O azar, sobretudo.
Vigiam os nossos passos;
controlam tudo;
batalham em todos os campos.
São poderosos,
tão poderosos que decidem o nosso destino.
Desafortunadamente,
no meu caso, só o azar
parece conhecer o meu caminho.

José Pedro Cadima

sábado, outubro 22, 2011

Conversas por concretizar (6)

Quando te decides a estar comigo? Gostava muito de voltar a poder ir contigo a um espectáculo ao Teatro Circo ou ao cinema. Tens ido ao cinema ultimamente? Era bom que fosses. Têm passado alguns filmes interessantes, nomeadamente de ficção científica. Também tem havido espectáculos musicais que estou convencido que gostarias de ter ido ver.
Vou continuar a aguardar que me dês resposta nalguma próxima ocasião. Sentir-te-ás melhor no dia em que o fizeres, e a partir dessa altura estaremos mais perto de encontrarmos, em conjunto, resposta para os problemas que certamente tens.

José Cadima

sexta-feira, outubro 21, 2011

Para onde vais?

Por onde andas?
Para onde vais?
Nem sei se vens hoje…
E amanhã, onde estarás?
Nestes dias incertos,
segura será a incerteza do devir,
próximo ou longínquo.
Resistindo,
que a vida ameaça
não ir além de um acto de resistência,
interrogo-me se virás ou não, hoje,
dando por certo que por onde andarei amanhã
nem eu o sei.

Por onde andas?
Para onde vais?
Perscruto o horizonte
em busca de um sinal de esperança.

K

terça-feira, outubro 18, 2011

Conversas por concretizar (5)


«Tens razão se pensas que o mundo está perigoso, mas a resposta não é isolares-te. É, antes, enfrentá-lo com inteligência e tudo fazer para sair vitorioso.»

José Cadima

sábado, outubro 15, 2011

Os últimos comentários que chegaram de Lisboa

«Qualquer dia, os alunos da Universidade do Minho até vão ser capazes de criar negócios e usar o seu tempo de forma útil. Não que não os haja, mas têm só uma expressão residual face aqueles que são fãs devotos de Harry Potter.
[...]
Sabes [...], eu vivo no Chiado. Por isso, posso sair até esta hora! Só vi agora a noticia de que na UMinho se iam proibir as praxes! Questiono-me se os alunos passarão agora a ser capazes de se organizar por clubes ou organizações que contribuam para expandir a diversidade de actividades por lá existentes.»

José Pedro Cadima

(comentários originalmente produzidos no Facebook)

quinta-feira, outubro 13, 2011

Conversas por concretizar (4)

Continuo a aguardar o momento em que tenhas vontade de falar comigo.
Sabes: lembro-me muito bem daquela situação, há pouco mais de 2 anos, em que me apareceste no estúdio, muito perturbado, dizendo-me que não querias continuar a frequentar as aulas onde tinhas acabado de te inscrever. Dizias-me tu que precisavas de um tempo (um ano sabático) para recuperares a motivação e a vontade de estudar e fazer coisas. Mais me dizias que o que tinhas em mente era, futuramente, ter um negócio. Entretanto, tencionavas procurar um trabalho que te désse algum dinheiro, que te poderia servir também para ajudar a montar esse negócio.
Sei que depois, com a minha ajuda e a do teu avô, chegaste a procurar emprego. Eu cheguei mesmo, mercê da ajuda de um amigo e de grande insistência minha, a identificar uma empresa que aceitava ter-te lá como estagiário. Fomos lá, ambos, falar com um dos responsáveis e, depois, deixaste-me uma semana a secar para, com desculpas esfarrapadas, acabares por recusar o estágio. Foi pena. Estou certo que tinhas começado aí um projecto de vida, ainda que depois quisesses fazer outra coisa.
Insisto: o tens feito não faz sentido, quer dizer, não te leva a lado algum. Peço-te que te interrogues sobre tudo isto e concluas, como só podes concluir, que o que estás a fazer é errado, e o primeiro e maior prejudicado és tu, mesmo que com a tuas atitudes me queiras penalizar igualmente a mim e a mais não sei quem.

José Cadima

terça-feira, outubro 11, 2011

Solidão

A solidão é:
um estado de alma;
ausência e presença;
uma angústia que perdura;
uma presença ausente;
uma promessa cumprida,
segura.

A solidão é:
um existir sofrido,
algumas vezes sereno,
como só o sabem ser as coisas serenas;
um estado de alma;
uma alma sem estado,
perdida,
por vezes, à procura de paz,
algumas vezes, sem quietude possível.

A solidão
sou eu,
és tu,
é um ponto de encontro
por encontrar.

K

segunda-feira, outubro 10, 2011

Conversas por concretizar (3)

"Falei este fim de semana com a tua avó. Também ela está muito preocupada contigo e desejosa de te rever. Ela e o teu primo estão a equacionar vir a Braga em Outubro para estarem contigo.
Há quanto tempo não vais a Leiria? Tenho pena que estejas há tanto tempo sem te deslocares lá, tanto mais que no passado gostavas imenso de ir a Leiria, de conviver com os teus primos e de te envolver naquela realidade tão diferente da que tens em Braga. Porque é que deixaste de gostar de ir a Leiria. Sinceramente, ainda não percebi o porquê disso."

José Cadima

Árvores com muletas (S. Pedro de Moel)















[Foto da autoria de C.P.]

domingo, outubro 09, 2011

A cada passo

"Procuro, procuro em meu redor
e não acho nada."
"A cada passo, os pesadelos
entrepõem-se-me nos sonhos."

K
(a partir de "sugestão" de José Pedro Cadima)

sábado, outubro 08, 2011

Conversas por concretizar (2)

"Falando de ser teu amigo e preocupar-me com o teu bem estar, pergunto-te: lembras-te de quando eu te levava ao cinema? Lembras-te que o fiz desde que eras muito pequeno? Lembras-te de quando te levava ao baloiço e até de quando te levava comigo para o trabalho, em tempo de férias? Não achas que isso era expressão de quanto eu gostava de ti e de quanto queria ver-te crescer e ser feliz? Achas que alguma vez deixou de ser assim?
Sei que tinha pouco tempo para vós, o que lamento. Porventura, dei demasiada atenção ao trabalho. Isso nunca foi resultado de me preocupar menos convosco. O trabalho foi sempre um elemento de equilíbrio da minha vida, mesmo quando as coisas me corriam pior em dimensões privadas da minha existência; sobretudo nesses momentos."

José Cadima

quarta-feira, outubro 05, 2011

Conversas por concretizar

"Naturalmente, há coisas que sempre fazemos que te não agradarão. Todos nós temos as nossas limitações, mas nada disso justifica descortesias e atitudes menos avisadas.
Uma coisa que me incomoda e me suscita dúvidas é o porquê de teres desistido de projectos em que parecias tão empenhado. És capaz de me explicar essa tua atitude? Já te questionas-te do porquê de desistires de algo que desejavas ter ou fazer? Até quando vais desistir de lutar por coisas que já desejaste ter e fazer?
Nota o seguinte: o que tens vindo a fazer é adiar a tua vida, alimentar frustrações, tornar-te ´pesado`, quando era o inverso que deveria estar a acontecer, isto é, deveríamos poder ter a tua ajuda para vivermos melhor este momento muito difícil das nossas vidas.
Fiquei contente por ver que tens um gato. Achei o gato engraçado, se bem que entenda que os gatos não são para estar permanentemente fechados em casa."

José Cadima

segunda-feira, outubro 03, 2011

Rede natural, colorida

















[Foto da autoria de C.P.]

Mágoas indeléveis

Na minha vida aconteceram muitas coisas que me afectaram muito, e em primeiro lugar, a morte da minha filha, Joana Catarina. Tentei ultrapassar as mágoas que tal circunstancia provocou em mim mas acredito que, em grande medida, não fui capaz. Não foi por isso que alguma vez deixei de dar o apoio e o acompanhamento que os meus filhos que nasceram depois precisavam mas, seguramente, isso fez com que eu ficasse aquém do que eles precisariam e desejariam de mim.
Talvez um dia possa ter a sua compreensão para esta realidade que me penaliza até aos dias de hoje, e que, porventura, me acompanhará até aos últimos dias da minha vida.

José Cadima

domingo, outubro 02, 2011

quarta-feira, setembro 28, 2011

O meu mundo

O mundo funda-se em muita coisa. Porquê? Porque é o mundo de muita gente: o meu mundo; o teu mundo; o mundo dele; o mundo dos outros. Não há o nosso mundo, pois o meu sou incapaz de partilhá-lo seja com quem quer que seja, ou talvez tente partilhá-lo, talvez consiga partilhá-lo, mas facilmente me refugio num sítio aonde ninguém consegue penetrar.

José Pedro Cadima

sábado, setembro 24, 2011

Humor

"Como estava a envergar o meu manto da invisibilidade, não contava que dessem por mim!"

José Cadima

Mensagens curtas, endereçadas

"O trabalho, como tu sabes, é uma componente essencial do meu equilíbrio. Algumas vezes, é mesmo todo o suporte do meu equilíbrio psicossomático, o que, contraditoriamente, não deixa de ser uma circunstância infeliz."

José Cadima

quarta-feira, setembro 21, 2011

Teus olhos (II)

Em teus olhos vejo meu reflexo,
Em teus olhos me afundo.
Em teus olhos me afogo.
De meus olhos escorrem lágrimas, abundantes.
Nelas não sei nadar.

Cria-te meu salva-vidas.
Cria-te meu anjo da guarda.
Achei-te predadora de meus olhos.
Num último gesto, peço-te:
comigo vem acabar.

José Pedro Cadima

sábado, setembro 17, 2011

Suportado em poucas qualidades

Suportado em poucas qualidades,
penalizado pelos meus imensos defeitos,
cá vou eu,
fazendo este exercício difícil quotidiano que é viver,
alimentado por uma ténue esperança, às vezes,
com imensa raiva, na maior parte do tempo.

De quando em quando,
sempre que as circunstâncias mo permitem,
questiono-me sobre o porquê desta sorte,
deste tamanho azar,
interrogo-me sobre que erros cometi
que me condenaram a este destino.
Terão sido graves os erros cometidos.
A imensidão dos defeitos
esteve muito para lá das poucas qualidades
que me assistiram(assistem).
Sobrevi. Sobrevi até aos dias de hoje,
acumulando achaques físicos e desgaste mental.

Em pleno contraste,
desejo a melhor sorte a todos
os que falharam na missão de fazer das suas
e da minha vida algo aprazível.
Os meus imensos defeitos tê-los-ão tolhido
na afirmação das suas imensas qualidades.
Libertos de mim, talvez tenha chegado o momento
de verem triunfar essas qualidades.
Pudera que sim!

José Cadima

quarta-feira, setembro 14, 2011

Ser muito ingénuo ou um grande irresponsável

Como uso dizer – e sou inteiramente sincero nisso – só pensa ter filhos hoje em dia quem não tem nada mais com que se ocupar ou, o que é radicalmente pior, quem é muito ingénuo ou um grande irresponsável. Como sabes, eu encaixo-me na categoria dos ingénuos. Feito o erro, vou ter que viver com ele, mesmo que isso me custe para além do que tenho e posso dar. É uma de entre várias fatalidades com que estou confrontado. Daí a expressão cá vou indo com que quero concluir esta mensagem que decidi endereçar-te.

K

sábado, setembro 10, 2011

O efeito dos telejornais na minha vida

Sigo, a maior parte das vezes, o telejornal da noite, pelas 20 horas, quando toda a família está toda sentada à mesa para jantar. Não será uma interessante solução, mas, pelo menos, ficamos “informados” sobre o que se vai passando um pouco por todo o mundo e os mais novos sempre vão tendo alguma percepção da situação social e económica que se vive! Claro que a informação que recebemos é filtrada, mas, apesar de tudo, penso que os jornalistas são mais do que necessários… Ainda bem que existem, para o bem e para o mal! Não obstante, quando precisamos de nos sentir mais animados, apagamos a televisão e ficamos a ouvir música ou simplesmente a falar!...
Sim, porque isto de estar quase uma hora, depois de um dia estafante de trabalho, a ouvir notícias tão deprimentes (comparem o perfil actual dos telejornais com o dos anos oitenta), só pode dar problemas! Felizmente, não tenho pensamentos suicidas, acreditando que, caso os tivesse, algumas vezes poria em causa a importância da minha existência!
Para nos cativarem, lá vão dando quase no fim do telejornal alguma notícia positiva, que já não consegue contrabalançar tudo o resto que se ouviu durante quase uma hora!
Que raio de sociedade se está a construir, acelerada e em que os benefícios sociais estão a acabar! E o esquecimento de quem está ao nosso lado e passa mal? E a vontade desenfreada de ganhos económicos faz-nos esquecer os valores humanos.
Vi, por acaso, há dias, uma reportagem que falava do Butão, que nas últimas décadas apostou na felicidade das pessoas e parece estar a dar resultado… No entanto, falta-nos a cultura deles para poder enveredar por esse caminho.
Começo a ter a certeza de que a sociedade vai ter mesmo que mudar; mas terá que ser à custa de “revoluções”? Quanto tempo se demorará a ver o que dá felicidade às pessoas e a encontrar outro caminho? Que bom que era assistir à diminuição do número de “chicos espertos”, à injustiça social, e a muitas outras coisas (por exemplo, diminuição do número das depressões), ainda que o seu extermínio seja impossível. Apesar de tudo, somos seres humanos!

Leonor

sexta-feira, setembro 09, 2011

As últimas notícias que chegaram de Lisboa

Via Facebook de

"Next bedroom: Baixa-Chiado ;)"

Bala apontada aos céus de Barcelona


Dias infelizes: “remake”

Queria alhear-me do que vejo,

queria esconder o que sinto,

neste tempo de turbulência insana.

Queria evadir-me desta prisão

em que se tornou o meu dia-a-dia,

mesmo que a evasão

não possa ser senão esporádica e precária.

Sinto tarefa tremenda

esta de procurar alguma felicidade.

Sinto tarefa penosa

esta de viver, nos dias que correm.

Mais do que gregos,

dir-se-á que me vejo (nos vemos, muitos de nós) português(eses),

o que devia ser sinal de esperança

mas não o é!

Melhores dias virão!?


K

domingo, setembro 04, 2011

Sonhos

Procuro em meu redor
e só te encontro a ti,
meu sonho,
meu pesadelo, tantas, demasiadas vezes.
Quando se alimentam sonhos,
dá-se espaço para o pesadelo.
Onde crescem flores,
crescem, também, cardos,
exuberantes, até floridos, espinhosos.
Os rios dos sonhadores
são coloridos de vermelho,
vermelho de sangue, insisto.
Procuro em meu redor
e acho saudades de ti,
anseio ardente de ter-te
ao alcance dos meus braços,
preso que estou na teia
que me faz refém deste amor
muito procurado, temido, louco.

José Pedro Cadima

terça-feira, agosto 30, 2011

Crónicas do quotidiano: "não se pode enganar toda a gente o tempo todo"

Ocupei hoje, dia 29 de Agosto, parte substancial da tarde numa reunião com uma doutoranda de origem brasileira. Surpreendeu-se a dita doutoranda por eu ter agendado a reunião de trabalho com ela para um tempo que ela presumia ser de férias (as minhas férias). Disse-me a propósito que, no Brasil, em tempo de férias, os professores estão ausentes da universidade durante todo período, e, até, nem se prevê que possam aceder aos seus gabinetes de trabalho.
Em resposta, disse-lhe que “as férias” eram para mim a oportunidade de pôr em dia trabalho em atraso e, de quando em quando, ir espreitar o campo ou o mar e, também, de trocar o gabinete de trabalho na Escola pelo que tenho em casa e, ainda, de correr menos do que o habitual. Aceito que outros tenham melhor vida, isto é, melhores férias. Algum mérito ou sorte hão-de ter para o conseguir.
Tendo por certo quanto me custa “ganhar a vida”, é com perplexidade que assisto ao percurso que fazem certas pessoas que conheço, algumas há demasiado tempo, a quem a vida parece custar muito pouco, mesmo não se vislumbrando nelas mérito especial, aparte a facilidade com que alardeiam ser o que nunca foram. E a verdade é que, geralmente, vão fazendo o seu percurso sem grandes atribulações, quando não com inesperado sucesso, aos olhos de quem os conhece um pouco melhor.
Creio que é a elas que se dirige o dito popular que reza qualquer coisa próxima do seguinte: “Pode enganar-se uma pessoa toda a vida, pode enganar-se muita gente durante muito tempo, mas não se pode enganar toda a gente o tempo todo”. Não questiono tal afirmação, fundada que é na sabedoria cozida pelo tempo lento da existência dos povos. Pergunto-me, no entanto, se não haverá alguns que são enganados porque gostam ou não se importam de o ser, posto que, não raras vezes, em nome de projectos e ambições pessoais, ignoram o que está à vista, não digo de todos, mas de muita gente. Sendo de um modo ou de outro, tenho para mim que não pode, depois, quem se coloca em tal posição achar ter sido enganado.
Contrariamente ao que se passará no Brasil, em Portugal, no tempo que corre, é disto que é feito o dia-a-dia de um professor universitário ou, pelo menos, de bastantes deles, mesmo em tempo de férias. Disto, quero dizer, de trabalho e do confronto com muita perplexidade.

J. Cadima Ribeiro

segunda-feira, agosto 29, 2011

Mensagens curtas, endereçadas

"Agradeço a tua mensagem. Embora me queixe de receber poucas boas notícias, ainda as há felizmente. Aquela a que te reportas é um desses casos."

José Cadima

sábado, agosto 27, 2011

Problemas ´versus` desafios

Sempre lidei com grande desconforto com o que não era capaz de entender ou com dificuldades que escapavam à minha capacidade de dar contributo para a sua superação. Os problemas só existem quando nos escapam os instrumentos para a sua resolução. Doutro modo, não são problemas; são desafios.

José Cadima

sexta-feira, agosto 26, 2011

quinta-feira, agosto 25, 2011

Festim de rosas (II)

Num festim de rosas,
podes encontrar coisas espantosas,
loucas, inebriantes,
desde um amor estonteante
a um livro que se lê de um folgo, apaixonante
ou, até, uma dor profunda e obscura,
que te aperta tanto o coração que vais percebê-la como tortura.

José Pedro Cadima