segunda-feira, janeiro 31, 2011

Navegar (II)

Navegar é preciso, dizes tu. Mas navegar para onde, pergunto eu. Concordarás que, também para navegar, é preciso um rumo e, por esta altura, eu sigo rumo a lugar algum. Aliás, não sei sequer se navego ou se a minha barca balança, simplesmente, ao sabor da ondulação.
Vai forte a brisa. Faltam-me as forças para remar. Desafio imenso já tu és/eras. Alcançar-te com esta minha embarcação sugere-se-me utopia. Navegar sim, mas para onde?
Já não vislumbro a silhueta da tua barca. A tua silhueta há muito que havia deixado da descortinar. Foi utopia sonhar que as nossas barcas podiam seguir juntas. Sem te ter no horizonte, fico sem rumo. Sigo já sem rumo algum, se é que navego e não é antes a ondulação que me transmite esta sensação de navegar.

José Cadima

domingo, janeiro 30, 2011

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Está tudo tão industrial (II)

Está tudo tão sem graça,
tão industrial.
É como se a vida
não passasse de uma peça de maquinaria.
Se assim é, se assim tiver que ser
deixai-me, pelo menos, ser o manobrador desta máquina,
deste engenho que me pertence.
Quero poder rodar manivelas.
Quero ensaiar novos ritmos de rotação.
Quero saltar sobre os maus tempos.
Quero ser o operador desta vida
que é a minha.

José Pedro Cadima

terça-feira, janeiro 25, 2011

O tempo é infinito - pormenor

O tempo é infinito.
A saudade aumenta
sem que deseje um beijo,
sem que precise de te ver.

Não vejo o porquê
de momentos intermédios
que me façam esperar.

Faltam-me apenas os pormenores:
o desacelerar do fecho de pestanas;
o ofegar da respiração;
a forma como podia deitar a cabeça no teu colo,
que me embalava a vida.

José Pedro Cadima

sábado, janeiro 22, 2011

O tempo é infinito - o poço

O tempo é infinito.

Porque não desperdiçar um pouco?

Seja dia, seja noite,

vamos viver o que poderia ter sido.

Respirar, que é daí que se vive.

Ser afectado pelo que não foi!

Meter-se a caminho do que correu mal.

Repetir, repetir,

para saber quanto podemos aguentar.

Nessa altura,

ir ao local onde estive contigo,

onde te namorei discretamente.

Procurar aquele poço e mergulhar.

Descer devagar, sem precipitação,

continuar até ao fundo

e trazer a moeda que lá havia deixado.


José Pedro Cadima

Raiva(II)

Há raiva que nada faz
e me deixa sempre em guerra.
Tropeço num vazo que caiu
do alto dos meios receios.
Pior era ter por lá ficado!

A gravidade é forte
e traz tudo para os meus pés,
excepto os problemas.
Esses teimam em manter-se lá no alto,
ameaçando-me a tranquilidade,
quando não alimentando-me a raiva.

José Pedro Cadima

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Refém+

Procuro, procuro
e não acho nada.
Procuro dentro de mim
e só te acho a ti.
Porquê???
Porque é que me encontro tão sensível?
Porque é que cada palavra dói tanto?
Porque é que cada passo que dou
me traz um temível transtorno da alma?
Anseio ardentemente ter-te
ao alcance dos meus braços.
Anseio…
Porquê?
Porque choro
eu por palavras?

José Pedro Cadima

terça-feira, janeiro 18, 2011

Mensagens curtas, endereçadas

"Farei tudo para corresponder aos teus anseios e dar-te notícia de quanto és importante para mim. Não sei é se o que sou capaz de fazer será bastante. Sinto que me faltam as forças e, algumas vezes, até a vontade de lutar."

K

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Festa


Que festa é esta?
Grande festa
parece não ser.
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K
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[Foto da autoria de Luis Ferraz, retirada da página de José Cadima no Facebook]

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Filhozes


Foto que vem, ainda,
do Natal pp., e de Leiria.
Contexto: a tarefa árdua
de preparação das filhozes,
por quem o sabe fazer.
E a oportunidade para
deixar um obrigado!
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José Cadima

segunda-feira, janeiro 10, 2011

Experiências

Li algures que "All life is an experiment"(R.W.E.).
Aceito que o seja,
sendo que há experiências que resultam
e outras que resultam fracassadas.
Mais discutível é a afirmação:
“The more experiments you make the better"(R.W.E.).
Com dose bastante de experiência,
sei que as há que não vale a pena vivê-las,
sei que há experiências que nos matam,
de desapontamento, de tristeza,
de ansiedade, de desgosto.
Experimentar sim, mas respirar o ar fresco
trazido pela brisa do mar.
Experimentar sim, mas a alegria
de ver-te caminhar rápido ao meu encontro.
Experimentar sim, mas o voo
livre da águia.
“Quem me dera experimentar de novo a embriaguês
dos nossos corpos em rodupio,
pairando sobre campos pejados de malmequeres
ou de lírios dos campos.”
Viver sim…

José Cadima

domingo, janeiro 09, 2011

Resíduo

O amor é
um elemento residual.
O que nos junta
é o vício e o conforto.

O amor é
um sentimento maldito:
reclama de nós entrega;
esconde dor.

Perscrutando o horizonte,
não te enxergo.
Admito que andes por aí,
resíduo…

José Pedro Cadima

(de volta a um texto de 2009)

sábado, janeiro 08, 2011

Fonte


Fonte sim,
mas natural.
Menos natural
é a jante,
que foi à fonte
matar a sede
e acabou
por ficar por lá.
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K

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Casa



















Infleizmente, não foi possivel captar imagens das fadas e
duendes que habitam esta casa do Gerês.
Porventura, na altura, encontrar-se-iam de férias numa floresta vizinha.

K

quarta-feira, janeiro 05, 2011

2011

2010 foi ano da viragem
2010 viu o amor solidificar
2010 trouxe-te para mais perto de mim
Que trará 2011?
Queres pôr-te a adivinhar?...
Alimentar uma relação de carinho
Alimentar uma maior partilha
Aguentar o dia-a-dia penoso
que os outros nos propõem
Poderei oferecer-te tudo…
Com toda a artilharia possível
enfrentaremos juntos os embates
que poderão surgir…
Por ti até à lua marcharei
a chuva negarei
e ao sol resistirei…

C.P.

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Resistindo

Neste dia,
nesta semana,
neste início de ano,
cá estou,
resistindo ao tempo
e resistindo ao desgaste
do ano que passou.
Resistindo, digo,
mesmo que, de quando em quando,
a vontade me falte,
mesmo que, algumas, muitas vezes,
se me ofereça empreendimento de loucos
viver.
Neste dia,
nesta tarde que corre,
neste ano que está lançado,
perscruto o futuro e não acho
alimento bastante para a sede de esperança
que se foi instalando neste corpo que os anos
foram deixando crescentemente maltratado, angustiado.
Viver,
seguir caminho
porquê? Para onde?
Onde está a paz que acreditei merecer?
Resistindo ao tempo,
resistindo ao desgaste do ano que passou, aqui estou!

José Cadima