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quarta-feira, agosto 13, 2014

"Quando eu for grande"

"O meu sonho, quando for grande, é ser analista político. Não é o máximo? Vou também ter o meu clube de ´fans` e receber imensas cartas e postais ilustrados. Só não decidi ainda se vou morar na Quinta da Marinha ou em Cascais; a seu tempo se verá.
É um trabalho bem árduo o de ´fazedor de opinião`e que deixa pouco tempo livre para outros trabalhos menos nobres, mas o paizinho acha que é muito gratificante e, além disso, permite-nos dar notas aos políticos."

J. C.

(excerto de texto originalmente publicado em 1995/05/06, no semanário Notícias do Minho)

sábado, janeiro 18, 2014

Memórias de um tempo (muito) distante

"Dentro deste mesmo espírito de proceder ao levantamento sumário das idiosincrasias dos cidadãos desta urbe, poderia ainda trazer outros exemplos, como o hábito de comer ´pão de rosca` ao domingo ou a peregrinação do mesmo dia ao Feira-Nova."

J. C.

sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Festa é festa!

Foi dia de festa: foi dia de última reunião do atual mandato do Conselho Geral da Universidade do Minho. Houve espaço para discursos, para despedidas várias e, até, para bolo. Faltaram os foguetes. Viva o Conselho Geral! Paz para a sua alma! 
“Em muitos aspetos, este Conselho Geral foi modelo de funcionamento” (JP). “Defendo que não haja repetição de mandato dos membros externos do Conselho Geral” (ALL). ”Esta matéria mereceria uma reflexão com muito mais tempo do que foi tido hoje, aqui” (APM). “Esta experiência de 4 anos diz-me que este modelo é bom, embora esteja na sua infância” (ACO). 
Somos nós que somos muito bons - que fomos até capazes de ultrapassar as inconsistências do modelo e a respectiva imaturidade - ou são/eram os outros que são/eram muito maus? As coisas funcionaram assim, assim? Nunca! Na UMinho, nunca! Aí está o processo de acreditação do “sistema de qualidade” da UMinho por parte das A3ES para o reafirmar. 
Viva o Conselho Geral! Faltaram os foguetes. Pum!

J. Cadima Ribeiro

segunda-feira, agosto 27, 2012

´Conversas` do quotidiano

domingo, agosto 12, 2012

Viagens fora da minha terra (2)

Se nem sempre são fáceis as viagens que faço na minha terra, não surpreenderá que menos o tendam a ser as que faço fora da minha terra, quando não num outro mundo, materializado em hábitos e posturas diferentes daquelas com que estou familiarizado, outras paisagens e outras gentes, outras horas e comidas. Falando da Uberlândia, uma vez mais, aparte as casas “fortificadas” tão comuns, não deixaram de surpreender-me outras realidades que imaginava bem distantes; a saber:
i)            a abundância de gente gorda, há semelhança do que já vira muito mais a norte, neste mesmo Continente, e de moças “de rabo pesado”, algumas bem jovens ainda;
ii)          contraditoriamente, num país tão jovem e a viver um período de tanto fulgor económico, na aparência que tomam as coisas no curto-prazo, pelo menos, a informação de que a taxa de natalidade se situa já abaixo do limiar de reposição de gerações;
iii)        a qualidade de certos equipamentos públicos, como um certo parque urbano (Sabiá) que encontrei, onde, paradoxalmente ou talvez não, se reúnem a certas horas multidões que acompanham miúdos irrequietos e/ou percorrem mais ou menos apressados os trilhos estabelecidos, procurando aligeirar rabos que se sugerem, amiúde, bem pesados;
iv)        a especulação desenfreada que graça com terrenos urbanos e urbanizáveis, para lá do multiplicar dos condomínios fechados e amuralhados que se encontram por toda a parte, na envolvente de uma cidade crescentemente espraiada;
v)          a abundância de aves, umas mais exóticas que outras, bastantes das quais se podem encontrar no seio da própria cidade, e de árvores e vegetação razoavelmente estranha aos olhos de um europeu, mesmo que do Sul;
vi)        a existência entre as árvores de algumas que serão ainda herança jurássica, em razão dos espinhos nos troncos com que se encontram ornamentadas; e, notem, não me estou a referir a arbustos mas, antes, a algumas de considerável porte; e, como última menção,
vii)      o encontro que tive com dois lagartos de considerável porte, um dos quais resolveu interromper-nos a jornada por um número considerável de minutos, posto que, a dado passo, hesitou entre permanecer no trilho que percorríamos ou retornar à floresta vizinha, porventura, menos ensolarada, se é que a presunção que assumo tem cabimento.
A surpresa e o exótico, são, como bem se sabe, a mais das vezes, o que mais leva gente a certas paragens. Sabia-o, embora não tivesse sido esse o motivo principal que me trouxe a este destino. Confesso entretanto que, tanto quanto o exótico, o que me atrai em muitos lugares é o seu oposto, isto é, o que é comum, uma rotina que não seja penosa, a familiaridade com as coisas e as gentes. A jornada vai ainda a meio, todavia. Por isso, há que guardar espaço para mais surpresas e mais exotismo. Assumido o desafio, não há recuo possível!

José Cadima

sexta-feira, março 30, 2012

Sameiro, dizes tu.

"Lá em cima, ao fundo: Sameiro. Sameiro, dizes tu, mulher atarefada com a lida da casa, somada aos afazeres do campo. Maria, mulher cada vez mais da cidade, posto que os campos se despovoam a olhos vistos e, na enxurrada, correm risco de ir até as cidades."

J. C. 

domingo, janeiro 29, 2012

Recuperando uma coisa divulgada algures e com algum tempo de existência, que não tem actualidade nos factos mas tem-na nas circunstâncias


1.      Já mais do que uma vez tive oportunidade de me referir ao desconforto com que algumas pessoas e entidades lidam com a informação. Por eles(as) o “lápis azul” ainda existia. E não me estou a referir só ao governo de Sócrates.
2.      Numa Escola universitária assistiu-se ultimamente ao desenrolar de uma série de estranhos incidentes. Timidamente, um blogue dá uma breve notícia disso, relatando ipsis verbis alguns detalhes do acontecido, em verdade, coisas do arco-da-velha. Fá-lo na expectativa de que alguém se interesse pelo assunto.
3.      Enquanto há quem diz que vai resolver o assunto e enquanto os requerimentos e as mensagens de correio electrónico vão andando de um lado para o outro, substantivamente tudo permanece na mesma. Na mesma é uma forma de dizer já que houve quem tivesse que assegurar serviços que não lhe tinham sido atribuídos e houve quem, com paninhos quentes, tentasse que o problema não ganhasse maior e mais dramática dimensão.
4.      Posto o arrastar da situação e a inércia instalada, o blogue que já se tinha referido (timidamente) ao assunto, volta à carga alguns dias depois. Desta vez, de forma mais veemente, relatando factos, uma vez mais. O “sistema” reage com desconforto e o assunto tem o esclarecimento formal que urgia mas não aparecia.
5.      A abrir a 4ª semana, ainda nem tudo está resolvido mas parece caminhar nesse sentido. É então que surge distribuído na Escola uma “nota informativa” onde, no essencial, se enumeram vários dos factos já relatados mas, sobretudo, se crítica “a boataria e os bogs que só tem contribuído para prejudicar a imagem de[…]”. Gera-se-me daqui a dúvida se factos e “boataria” não passam de uma e mesma coisa. Por outro lado, fica a dúvida se é a ausência de informação que alimenta a “boataria” ou se é porque há informação que se cria espaço para a “boataria”. Sobre como estas coisas interagem com a imagem também creio que será melhor deixar a problemática para ocasião mais oportuna.
6.      Última peça da nota informativa: “[dada a inoperância do Departamento em solucionar o problema […], a Escola[…]”. É remate brilhante, sem dúvida, para quem primou pela operacionalidade e eficácia ao longo das três semanas já corridas. Não somos injustos ao ponto de dizer que o problema tinha resolução fácil. Lida(va)-se com pessoas, para mais em situação crítica, mas… E depois fala-se de imagem de e, se calhar, de transparência de procedimentos, e de lealdade institucional e de … uma série de coisas que se sabe não terem substância alguma em razão de…

J. Cadima Ribeiro

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Crónica do (mau) tempo que corre

"Olhando João Proença, não pude deixar de recordar Torres Couto, há bastantes anos e numa altura em que ainda não éramos capazes de crer que fosse possível ver degradar tanto a economia e a qualidade da governação do país."

J. Cadima Ribeiro

sábado, novembro 05, 2011

Quem comanda as nossas vidas...

«Dizia o conferencista (Tomas Villasante, professor da Universidade Complutense de Madrid) que quem comanda as nossas vidas são interesses económicos mais ou menos obscuros, corporizados nalgumas organizações internacionais e grupos económico/financeiros nacionais e internacionais, referidos comummente como mercado(s).
O movimento dos “indignados” seria assim filho legítimo da ditadura que temos, que é a dos mercados, e de poderes políticos que, reclamando-se de representativos, não representarão senão os interesses desses “mercados” e dessa classe política decadente, que tenta a todo o custo perpetuar-se.»

J. Cadima Ribeiro

quarta-feira, novembro 02, 2011

´Atão` não é que …

«Uma coisa bem curiosa que encontrei no livro foi a reclamação da criação de um “alargado consenso político-social” para a resolução da(s) crise(s) que a economia portuguesa vive. Este conceito deverá ser um eufemismo para identificar a “urgência” do retorno aos governos do “bloco central”, que, não sendo forma de governo há largos anos em Portugal, persiste enquanto tal na divisão de tudo quanto é “tacho” em empresa pública, grupo bancário, empresa do sector de obras públicas ou lugar de cúpula de associação empresarial. Distraído que andava, só então percebi que esse vinha sendo tema quotidiano da comunicação social nacional (ignoro desde há quanto tempo), tratando de preparar os portugueses para o pior, se é que as coisas podem piorar, ainda. Aqui chegado, o sangue deixou de me alimentar o cérebro, fiz-me branco como a cal, e apeteceu-me fugir para o lugar mais remoto possível. Desgraçadamente, o sangue que deixou de alimentar-me o cérebro faltou-me também nas pernas e é essa a razão porque ainda ando por aqui. Levei para mais de uma semana até conseguir verter para o caderno este breve apontamento de memórias. “Atão” não é que …»

J. C.

(reprodução parcial de crónica originalmente produzida em 2009/05/15 e publicada na integra neste jornal de parede por essa mesma altura, com o título "Temos ministro!")

sábado, setembro 10, 2011

O efeito dos telejornais na minha vida

Sigo, a maior parte das vezes, o telejornal da noite, pelas 20 horas, quando toda a família está toda sentada à mesa para jantar. Não será uma interessante solução, mas, pelo menos, ficamos “informados” sobre o que se vai passando um pouco por todo o mundo e os mais novos sempre vão tendo alguma percepção da situação social e económica que se vive! Claro que a informação que recebemos é filtrada, mas, apesar de tudo, penso que os jornalistas são mais do que necessários… Ainda bem que existem, para o bem e para o mal! Não obstante, quando precisamos de nos sentir mais animados, apagamos a televisão e ficamos a ouvir música ou simplesmente a falar!...
Sim, porque isto de estar quase uma hora, depois de um dia estafante de trabalho, a ouvir notícias tão deprimentes (comparem o perfil actual dos telejornais com o dos anos oitenta), só pode dar problemas! Felizmente, não tenho pensamentos suicidas, acreditando que, caso os tivesse, algumas vezes poria em causa a importância da minha existência!
Para nos cativarem, lá vão dando quase no fim do telejornal alguma notícia positiva, que já não consegue contrabalançar tudo o resto que se ouviu durante quase uma hora!
Que raio de sociedade se está a construir, acelerada e em que os benefícios sociais estão a acabar! E o esquecimento de quem está ao nosso lado e passa mal? E a vontade desenfreada de ganhos económicos faz-nos esquecer os valores humanos.
Vi, por acaso, há dias, uma reportagem que falava do Butão, que nas últimas décadas apostou na felicidade das pessoas e parece estar a dar resultado… No entanto, falta-nos a cultura deles para poder enveredar por esse caminho.
Começo a ter a certeza de que a sociedade vai ter mesmo que mudar; mas terá que ser à custa de “revoluções”? Quanto tempo se demorará a ver o que dá felicidade às pessoas e a encontrar outro caminho? Que bom que era assistir à diminuição do número de “chicos espertos”, à injustiça social, e a muitas outras coisas (por exemplo, diminuição do número das depressões), ainda que o seu extermínio seja impossível. Apesar de tudo, somos seres humanos!

Leonor

quarta-feira, julho 06, 2011

Alegoria (esboço de crónica)

Lá em cima, ao fundo: Sameiro. Sameiro, dizes tu, mulher atarefada com a lida da casa, somada aos afazeres do campo. Maria, mulher cada vez mais da cidade, posto que os campos se despovoam a olhos vistos e, na enxurrada, correm risco de ir até as cidades.
Primeiro, foram as mais pequenas mas agora, ai agora, até algumas maiores experimentam já a hemorragia humana de que se julgavam salvaguardadas.
Escândalo! Escândalo! Nem Guimarães escapa. Se os dados galopantes do desemprego o indiciavam, os dos censos, acabados de anunciar, não parecem deixar margem para dúvida. E os seus actores políticos que se achavam tão certos, tão seguros.
Maria! Maria do Sameiro! E agora? Porque há-de ser uma serra, para mais pequena, a constituir a fronteira entre duas faces de uma mesma realidade económica, social atravessada de forma aguda pela crise, por agudas crises de naturezas múltiplas, digo?
Ai Sameiro, Maria do Sameiro, que vai ser de ti, mulher abandonada à tua (pouca) sorte?

JC

sexta-feira, junho 24, 2011

A colónia de cegonhas brancas

Durante bastante tempo subsistiu em Portugal grande preocupação com a colónia de cegonhas brancas que demandavam o país em certa altura do ano, que foi diminuindo.
Mais recentemente, é o inverso que se passa, com essa colónia a expandir-se a olhos vistos. Ao que parece, há mesmo uma franja crescente que se terá estabelecido permanentemente no país.
Para entender uma e outra das situações, uma hipótese aventada prende-se estreitamente com o papel cometido àquelas aves de transportarem desde París os bebés que chegam(vam) a Portugal. Com o trabalho imenso que tinham noutros tempos, cedendo à fadiga, não admirará que o respectivo efectivo fosse diminuindo. Agora, que os bebés se podem já encomendar pela INTERNET, sobra-lhes tempo para se alimentarem convenientemente e procriarem, elas próprias.
Não deixa, no entanto, de impressionar o apesar de tudo curto lapso de tempo que decorreu entre uma e outra das situações. Será talvez tempo equivalente àquele que Portugal leva como membro da CEE/UE.

JC

segunda-feira, junho 13, 2011

domingo, junho 05, 2011

As mulheres muçulmanas ´versus` as outras

Que o controlo social pode ser tramado, já todos sabemos há muito tempo. Que as mulheres em termos biológicos não diferem muito à escala mundial, também já o sabíamos! Que elas podem diferir muito em termos culturais, também é óbvio!...

Que as mulheres têm todas as suas estratégias de atrair a atenção dos homens, …mesmo as muçulmanas, … talvez não tenhamos reflectido muito sobre o assunto! Habituá-mo-nos a pensar nelas como as que se tapam e se privam dos olhares dos outros, que são poupadas aos olhos dos outros homens. Mas podemos facilmente desmontar a forma inteligente de sedução! O cabelo, que é um dos mais importantes elementos de sedução é tapado, assim como as “curvas” do seu corpo (o que até pode dar jeito). Mas que dizer dos olhos carregados de lápis preto, das pulseiras e anéis reluzentes, dos chinelos com brilhantes?...

Estou num aeroporto e fico impressionada com a multiculturalidade que encontro. Mas o que me surpreende mais é ver um par de mulheres acompanhadas de uma filha de 12 anos e do presumível marido das duas! Ele é o único que se veste de forma ocidental. Porquê?

Elas estão neste momento a comer batatas fritas de pacote, mexendo agilmente os dedos carregados de anéis luminosos. Há 5 minutos atrás usava cada uma o seu telemóvel, logo após a saída, por breves minutos, do presumível marido. Estão vestidas de negro, da cabeça até aos pés. É engraçado constatar que as mulheres do mundo ocidental usam menos acessórios porque têm o cabelo e as “curvas” para mostrar. As muçulmanas usam mais acessórios, porque não tem o cabelo e as “curvas” para mostrar!

Será que são felizes? As que observo deverão sê-lo. Pertencem a uma classe média alta e o telemóvel comprova algum estatuto de mulheres empoderadas. As outras, … não sei…

Leonor

domingo, maio 22, 2011

Um breve regresso ao passado

Já lá vai bastante tempo desde a ocasião em que eu frequentava com regularidade os aeroportos deste mundo, particularmente os europeus. Não sendo o momento que atravesso um retorno a esse passado distante, muito longe disso, esta memória não deixou de ocorrer-me quando, há uns dias, passi pelos corredores longos e movimentados do aeroporto de Frankfurt.
Não senti saudade desses tempos. Não fiquei confuso. Simplesmente, reencontrei-me com um ambiente que não deixou de se me oferecer familiar e, talvez por isso, me tenha transportado para outros tempos e outras “esperanças”.
Não se falava ainda da possibilidade de José Sócrates vir um dia a ser primeiro-ministro, para desgraça de Portugal, nem se especulava com a possibilidade de Teixeira dos Santos vir a ser ministro das finanças, para desgraça do país e descredibilização dos professores de Economia, sendo certo que parte destes merecê-lo-á, dada a facilidade com que, por quaisquer 30 dinheiros, se vendem. Na maioria das vezes já nem os 30 dinheiros reclamam. Contentam-se com aparecer na televisão por 10 minutos.
Perdão! Não era da política portuguesa (leia-se: da porca da política portuguesa) que era suposto eu falar aqui, nem sequer da incompetência com que a economia portuguesa vem sendo gerida de há muitos anos a esta parte, estivesse a tutela do governo entregue a Guterres, a Durão Barroso, a Santana Lopes ou a José Sócrates. Dos ministros da finanças e da economia respectivos não falará provavelmente a história, de tantos e tão cinzentos que foram na sua maior parte, se bem possa vir a recordar alguns pelo contributo decisivo que deram para a desgraça da economia do país. Obviamente, fizeram-no sempre pelas melhores razões e assumindo um rosto muito sério.
Sem sombra de dúvida, eram outros tempos aqueles que, neste percurso por aeroportos, recordo. Pensávamos (eu e uns quantos mais) que haveria lugar para uma entrega empenhada às nossas tarefas profissionais mas que havia também lugar para a esperança, e o sentimento do dever cumprido. Hoje, talvez continuemos a prosseguir empenhadamente as nossas tarefas (eu, pelo menos, faço-o) mas é duvidoso que nos sobre o entusiasmo e, seguramente, escapou-se para lugar incerto a esperança, apesar de eu acreditar que nos deveria ser preservado, acima de quase todas as coisas, o direito à esperança.
Na correria própria de um grande aeroporto, continuo a ver pessoas que sorriem, continuo a perceber colorido na expressão cosmopolita das gentes que o frequentam e nas vestes com que se apresentam. Entretanto, em razão das expressões faciais que transportam ou em razão do estado de espírito que me anima, não percebo alegria, entusiasmo, esperança. Entusiasmo, crença existirão porventura nalguns namorados com que ocasionalmente me cruzo. Apetece-me, então, desejar-lhes que os preservem por muito, muito tempo.

JC

sábado, abril 30, 2011

Mau governo e clientelas

Portugal atravessa um dos períodos mais críticos da sua história económica recente, fruto de má gestão macroeconómica, ausência de projecto para o país e vazio de liderança política, entregue que tem estado a agentes cujo compromisso é unicamente com a sua sobrevivência enquanto actores políticos e com a sua corte de seguidores ciosos de protagonismo e de partilha de benesses a que se acede em razão de filiações clubísticas.

J. Cadima Ribeiro