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quarta-feira, agosto 15, 2012

Num momento de pausa, recordando...


«Quero parar

Quero parar!
Quero seguir o meu caminho,
caminho distinto
do que me trouxe a estas paragens.
Quero parar, parar, parar
mas a inércia arrasta-me, impele-me,
deixando-me cada vez mais estreito
o umbral de arbítrio.
Anseio seguir por onde quero,
percorrendo estrada ampla,
liberta de sinais vermelhos.
Quero parar!
Quero retornar à utopia
que me trouxe a estes lugares,
que já não são de encontro,
antes são de desassossego.
Quero parar
para procurar caminho retemperador.»

José Pedro Cadima

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Marcos de correio


Marcos para pôr
cartas.
Será que ainda
se escrevem
cartas de amor?
E, escrevendo-se,
põem-se no
marco vermelho
ou no azul?
Cartas de amor: "quem as não escreve(u)?"
.
K

quinta-feira, dezembro 09, 2010

A tua sensibilidade

A tua sensibilidade
causa-me perplexidade.
Como pode alguém
ser, no mesmo passo, forte e sensível?
O passado persegue-te,
torna-te vulnerável.
Tento ajudar-te,
ajudar-te a renascer
das cinzas que povoaram os teus últimos 20 anos.
Entretanto, vou dizer ao mundo que te amo.
Posso, finalmente, dizer ao mundo que te amo...

C.P.

terça-feira, dezembro 07, 2010

O mar

Não sei se estava salgado.
Alterado, bravio,
sem dúvida, estava.
Não deixava, por isso, de ser o mar salgado.
Sei-o e sabem-no as gaivotas,
que, alinhadas, em bando,
se aconchegam junto a uma saliência da praia.
Há outras que preferem tirar partido do vento
que as fustiga
elevando-se no ar,
bailando nos braços do vento.
Como pano de fundo,
têm a imensidão do mar
que se espraia para além do horizonte,
agitado, bravio,
e, seguramente, salgado,
mar salgado.

José Cadima

domingo, novembro 28, 2010

Dizer-te – III

Ó mar salgado,
deixa-me enrolar-me nas tuas ondas.
Ó mar salgado,
deixa-me dizer-te quanto me é penosa
a travessia deste deserto
feito de angústia e lágrimas.
Ó mar salgado,
afasta de mim a tempestade
em que me constitui
para que haja lugar para a brisa suave
que anseio ser.
Ó mar salgado,
deixa-me reencontrar a tranquilidade
e o lugar do sono
para que surja também a oportunidade do sonho.
Ó mar salgado,
quem me dera experimentar de novo a embriaguês
dos nossos corpos em rodupio,
pairando sobre campos pejados de malmequeres
ou de lírios dos campos.
Ó mar salgado,
Quem me dera virar oceano outra vez.

K

sexta-feira, novembro 26, 2010

Esta descrença que me trespassa

Questiono-me sobre como aqui cheguei.
Interrogo-me sobre para onde vou.
Retenho o caminho agitado que trilhei
quase sempre navegando por intuição.
Se sonhei?
Se sorri?
É óbvio que sorri.
É certo que fortuitamente me deixei transportar
nas asas do sonho.
Como podia ser de outro modo?
Como se pode percorrer caminho
vazio de esperança?
Como seguir trilho certo
suportado em tão poucas ajudas à navegação?
O meu devir?
Será bastante a esperança
de que o sonho será o limite?
Interrogo-me, volto a interrogar-me,
corro em direcção ao certo
que me resulta incerto.
Busco ansiosamente a tranquilidade
que não encontro em mim
e que quero crer que sejas tu.
Seguro parece-me ser só este desespero,
esta descrença que me trespassa
e me tolhe.

José Cadima

quinta-feira, novembro 18, 2010

Roxo













Portas de entrada.
Portas de saída.
Serão as portas de entrada
portas de saída?
A seta indica um só sentido.

K

quinta-feira, outubro 28, 2010

Minha flor

Chamas-me “minha flor”.
Reclamas que não pode ser cinzenta a minha vida,
que não podem ser cinzentas as nossas vidas.
E que cor podem ter, então,
cheias que são da mediocridade do tempo presente
e mergulhadas que estão em correrias
para lugar algum,
a que somos levados no quotidiano?
A tua vida não é cinzenta,
gostaria de proclamar eu,
mas não serei eu, por mim só,
capaz de mudar-lhe a tonalidade
para outra mais viva, mais radiante.
Com aguaceiros todos somos confrontados,
e até com turbilhões ocasionais,
mas isso é expressão de vida;
é a turbulência da vida.
O cinzento é antecâmara de morte,
a não ser que o sol que possa espreitar
por trás das nuvens densas vença.
Acredito-te parte desse sol.
Só não sei se este enevoamento
que vai tolhendo as nossas vidas
não acabará por ser mais forte que nós,
para sempre, meu amor.

K

terça-feira, outubro 26, 2010

Longe

Longe de ti,
longe de mim,
longe...
Sinto-te longe
e fico mais longe, também,
perdido num mar de pensamentos.
De quando em quando,
um qualquer acontecimento exterior
me faz regressar,
me rouba ao alheamento que de mim se apossa.
Por breves momentos,
retorno a Lisboa, a Leiria
a um sem número de lugares,
e, logo de seguida, ao rio que tudo arrasta,
ao fogo que tudo abrasa.
É vida em convulsão onde o porto de chegada
se ansiava que apresentasse águas serenas, sereias de encantar.
Longe de mim,
o meu pensamento vagueia,
ansiando achar lugar de repouso
que possa partilhar com este corpo cansado.
A hora não terá chegado.
A hora é de fazer caminho,
correr, enquando as forças o permitam,
ou mesmo quando não o recomendem.
O lugar de peregrinação é este, cinzento,
desassossegado, longe de ti, longe de mim, longe...

José Cadima

sexta-feira, outubro 15, 2010

Pequeno curso de água e vegetação associada



Foto sem título,
sem referenciação de lugar
e de autor.
Foto, apenas,
de um pequeno curso de água
que não se sabe onde desagua,
mesmo presumindo que vá desaguar a algum lado.
Ainda assim,
uma pequena ribeira
cheia de vegetação.

K

quinta-feira, outubro 14, 2010

Vale a pena?

Há ocasiões em que me interrogo
sobre se vale a pena este labor, esta luta.
Há ocasiões em que me questiono
se é avisado o caminho que trilho
e, mais ainda, se valeu a pena
fazer o caminho que aqui me trouxe.
Há momentos em que me pergunto
se a valia da vida pode mesmo
ser avaliada "by the moments that take our breath away",
ao invés de ser " measured by the number of breathes we take”,
de penoso que é respirar.
Há momentos em que me interrogo
sobre o significado da palavra destino,
dando por certo que o meu destino
é fazer caminho, mais penosamente, numas ocasiões,
com maior alívio noutras,
sempre convencido de quão estreita
é a margem que tenho de auto-determinação.
De permeio, tento recordar-me
das ocasiões em que senti a respiração faltar-me
em razão da emoção do momento.
São estreitas as margens
do leito em que corre este rio.

José Cadima

São estreitas as margens

São estreitas as margens do leito em que corre este rio.

José Cadima

sexta-feira, outubro 08, 2010

Auto-citação

Escassas, escassas mesmo em Portugal são a ousadia, a iniciativa, o sentido de projecto e a conformação de lideranças sociais e políticas que não sejam circunstanciais, que não olhem só para o umbigo.

J. Cadima Ribeiro

sexta-feira, outubro 01, 2010

Mais coisas do arco-da-velha

Cortes de cabos electrónicos, quadros eléctricos que disparam, isto é, que cortam o fornecimento de energia a certos corredores do edifício, controladores de aparelhos de ar condicionado que aparecem colados com colas rápidas, garrafas de água e de sumos espalhados pelos corredores do edifício, moedas de 5 cêntimos e papelinhos invocando certos direitos constitucionais atapetando corredores, portas que se fecham do exterior com professores dentro do gabinete e chaves mestras que desaparecem de portas onde ficaram esquecidas, funcionários que são atendidos de urgência no hospital apresentando quadros clínicos depressivos, bolas de vidro colorido que desaparecem de gabinetes de trabalho, pedaços enrolados de cabos electrónicos (recém-cortados de caixa multibanco instalada na instituição), que chegam a uma caixa de correio postal... Assim têm sido os derradeiros 15 dias numa Escola da UMinho bem perto de si. Que virá a seguir?
.
J. Cadima Ribeiro

quinta-feira, setembro 23, 2010

Quero parar

Quero parar!
Quero seguir o meu caminho,
caminho distinto
do que me trouxe a estas paragens.
Quero parar, parar, parar
mas a inércia arrasta-me, impele-me,
deixando-me cada vez mais estreito
o umbral de arbítrio.
Anseio seguir por onde quero,
percorrendo estrada ampla,
liberta de sinais vermelhos.
Quero parar!
Quero retornar à utopia
que me trouxe a estes lugares,
que já não são de encontro,
antes são de desassossego.
Quero parar
para procurar caminho retemperador.

José Pedro Cadima

segunda-feira, agosto 23, 2010

Longe e perto

Longe, outra vez,
fico mais perto de mim,
e com mais espaço para deixar fluir o pensamento.
Longe e perto, outra vez.
Que bom é partir!
Que bom é regressar!

Noutros tempos, partir era certeza
de evasão do quotidiano,
ânsia de chegar,
onde a sensação de diferente, de novo,
me permitia alcançar a serenidade
que o dia-a-dia me roubava.
Hoje, perdi essa capacidade de abstracção
e, talvez, a vontade de começar de novo.
Nos tempos que correm, encontro-me a espaços,
ausento-me esparsamente,
e sorrio mais episodicamente, ainda.

Talvez o sorriso que me reste sejas tu.
Talvez sejas tu a razão que me ficou para regressar
e, porventura, também para partir,
fazendo da viagem um ponto de encontro.
Longe e perto, outra vez.


José Cadima

terça-feira, agosto 03, 2010

Caramba!

"Caramba! Adoras malucas e estão cheio(a)s de inveja!!!!", comentava-me alguém, não vai para muito tempo, confrontado(a) com as reacções que encontrou às últimas mensagens publicadas neste jornal de parede.
Mas, a ser inveja, seria inveja de quê? Afinal, trata-se de um modesto jornal de parede, este. Vaidosas são só as palmeiras apresentadas abaixo, e outras que reproduzirei em data futura.

José Cadima

segunda-feira, junho 21, 2010

Predestinar

Acreditava que o que nos unia
era tanto quanto a distância
que prescutavamos olhando o horizonte longinquo.
Acreditava que respirávamos como um só,
que o mesmo coração nos movia!

Agora que a nuvem
que me toldava a visão se afastou,
dou murros nas paredes
com a fúria do ódio
que sinto por mim.
Preferia ter queimado
estes olhos com que te vi.
Será o orgulho parvo
que te levará para longe de mim.

Nas estrelas não há mais eternidade
que pareça alcansável.
A escuridão do céus
delimita apenas o que podemos ver.


José Pedro Cadima

quinta-feira, maio 20, 2010

Ontem (3)

Ontem, anteontem,
senti vontade de desaparecer,
mas desaparecer para sempre.
Não é a primeira vez que tal sentimento me anima.
Custa-me não ter tido a coragem do fazer.
Não são só os amores
e os desamores porque tenho passado
que me tiram a vontade
de continuar a luta sem quartel
que tenho mantido
contra a indiferença,
contra a mediocridade,
contra a injustiça de ver os outros julgados
pelas pobres referências
que nos foram dadas,
pelas pobres referências que vamos alimentando,
no contexto da nossa vida privada,
da nossa vida no local de trabalho,
das nossas vivências públicas quotidianas.
Dentro desse pano de fundo,
saber que há um abraço que sempre nos espera
é um sortilégio
mas é, também, pouco, isto é, é muito e é pouco.
Faz-me falta ouvir-te respirar,
mas não me faz menos falta respirar,
Faz-me falta libertar-me deste ar rarefeito
que insiste em ser o nosso dia-a-dia, cada vez mais.
Falha-me crescentemente a esperança.
Falha-me crescentemente a crença
que este mundo, este mundo que é a nossa aldeia,
se possa vir a converter em algo menos mesquinho,
mais desperto para o respeito pelos outros
e para o amor.
Ontem, anteontem,
Apetecei-me entrelaçar-me em ti
como se fossemos raízes de uma mesma árvore.
Ontem, anteontem,
senti vontade de desaparecer,
mas desaparecer para sempre.

José Cadima