terça-feira, julho 31, 2012

Ainda: "Vermelho-consequência"

De vermelho-consequência
cobre-se quem dá importância
à própria ilusão da imagem.

São seres marcados nas pernas
com queimaduras de cera
e com os braços cobertos
de pêlos grossos, lilases.

Confundem-se com o real!
Confundem o real.

São seres de olhos vermelho-verde,
de lábios vermelho-rosa,
de faces num tom vermelho-azul,
e sem noção da relação causa-consequência.

Confundem-se com o real!

José Pedro Cadima

domingo, julho 29, 2012

O meu Carpélio

És o meu Carpélio
Feito de moléculas quentes
e de átomos radiantes
És o meu Carpélio
Que me aquece nas noites longas
Que me protege
Quando a minha pele cai
Quando fico à deriva
Procurando calor
És o meu Carpélio
E sempre o serás
Eu sou a tua pele
Que se entrelaça
No teu Carpélio

C.P. 

terça-feira, julho 24, 2012

Adoro a chuva (II)

Adoro a chuva, se intensa, se forte
Adoro escutar o som do metal
matraqueado pela água que cai.

Em dias depressivos,
chorar acaba por trazer-me alívio;
chorar permite-me atirar para poças de água turva
os sentimentos que trago enrolados em mim.
É como aquelas músicas pesadas que nos embalam
e, ao mesmo tempo, nos levam para longe do conforto.

Adoro ouvir a chuva cair.
Nessa altura, o mundo lá fora
torna-se  tão real quanto a dor que sentimos.

José Pedro Cadima

quinta-feira, julho 19, 2012

Recordando um texto de 23 de Julho de 2011

Violeta, meu trevo de 5 folhas

Violeta! Meu trevo de 5 folhas,
minha flor singela:
como é bom contemplar-te;
quanto gosto de ter-te por perto,
de preferência, colada a mim.
Violeta, meu trevo da sorte,
a razão está toda do teu lado
quando me lembras a sorte que tenho.
À força de conviver com a pouca sorte,
acabei descrente da sorte
que me acabou reservada, violeta.
Fico-te reconhecido pelo encanto.
Mais te agradeço o modo inesperado
como te ofereceste a meus olhos,
que, de tão inesperada,
resulta-me ainda hoje difícil de crer.
Fazia-me falta uma flor como tu, ontem, hoje,
particularmente hoje,
Meu trevo de 5 folhas:
és tu me impeles para a vida;
és tu a vida que me resta
e a que, pese isso, me agarro com dificuldade,
sem que, a mais das vezes, entenda porquê.
À força de conviver com a pouca sorte,
acabei descrente,
acabei diminuído na dimensão do sonho
que, apesar de tudo, deveria comandar a vida.
Violeta, minha flor:
não desistas de dar cor à minha vida;
não deixes de ser a minha vida,
mesmo quando, descrente
da capacidade que preservo de te fazer sorrir,
te digo: “Até qualquer dia!”.

José Cadima

segunda-feira, julho 16, 2012

"Amor incondicional"


«O amor incondicional é como o pólen lançado ao vento, sem destino, sem morada, livre nos caminhos deixados em trilhos onde este se deixa conduzir, permitindo que o fluir desse vento o encaminhe aonde é necessário. A planta de onde emanou nunca saberá o lugar do seu pouso, as consequências da sua acção, nem conhecerá as novas plantas por ele fertilizadas. De si, apenas se pede que se abra e se entregue, para que esse pólen possa expressar-se em liberdade, cumprindo a sua função. »

Lei-a o texto completo aqui:
http://anuea.org/ver-todos/entry/amor-incondicional.html»

(reprodução parcial de mensagem que nos caiu entretanto na caixa de correio electrónico)

quinta-feira, julho 12, 2012

De volta a ´Sonhos a Um Espelho`: "Em teus olhos eu mergulho"

«Em teus olhos eu mergulho
para achar a razão
de meu coração se sentir engulho
se de ti ouvir um não.

Em teus lábios os meus querem mergulhar,
tão belo e doce é seu contorno.
Mais doce deve ser seu paladar.
Em teus olhos eu mergulho…»


José Pedro Cadima (2009), Papiro Editora, Lisboa, p. 40

domingo, julho 08, 2012

Estado de alma ou alma sem estado?

"Estado de alma ou alma sem estado, sem estância segura, sem lugar onde viver em paz?
Há ocasiões em que sinto, acredito que a quietude, o repouso de espírito, a paz exterior e interior são possíveis. Há ocasiões em que sinto que há-de haver razão para esta travessia que faço, quer dizer, que o caminho que percorro tem razão de ser, que o meu esforço, a minha entrega valem a pena, que a paz que tão ansiosamente procuro não é apenas uma miragem, como têm sido os oásis que, ocasionalmente, tenho perscrutado no horizonte."

K

sexta-feira, julho 06, 2012

És um amor!

"Escrevo-te para te exprimir a minha surpresa e alegria por te ter visto aparecer na hora do embarque. Fiquei deveras sensibilizado.
És um amor!"


José Cadima

segunda-feira, julho 02, 2012

Gargalhadas amargas (+)

Na mesma medida em que anseio o frémito
desta terra de oportunidades,
rejeito-lhe a iniquidade,
a mesquinhez que grassa.
Daí que sejam amargas
as gargalhadas que por vezes liberto.


José Pedro Cadima