quinta-feira, maio 28, 2009

Vai por aí enorme animação

1. Ao que me dizem, vai por aí enorme animação. É que vamos ter eleições europeias a breve prazo e, com candidatos tão ousados e carismáticos como o são Paulo Rangel (dizem-me que é assim que o homem se chama) e Vital Moreira, só podia dar nisso. Só espero que a Manela não resolva aparecer na campanha. Aparecendo, com todo o seu “charme”, acabará por ofuscar o cabeça-de-lista que tão empenhadamente escolheu. Agora que me deparo com a evidência, pergunto-me até como é que foi possível manter longe das luzes da ribalta alguém detentor de tanto talento político e de tão insinuante e máscula figura.
2. Sendo tão grande a animação, como deixo dito, perguntar-se-ão os(as) eventuais leitores(as) [e sei que tenho um(a), a atentar no comentário de incentivo que foi deixado neste blogue a propósito da última crónica publicada] porque é que isso me escapa. A resposta é simples: é que, como estão programadas múltiplas eleições para este ano, tenho evitado sair à rua para não correr o risco de pretenderem recrutar-me para alguma das listas em formação. Se não acharem abusivo o conselho, recomendo-vos que façam outro tanto, não vá o azar bater-vos à porta. Bem diz o povo que, caminhando-se colado às paredes das ruas se corre muito menos riscos.
3. Aliás, em razão do carinho que me merecem os(as) meus(minhas) caros(as) leitores(as), até em razão da sua extrema escassez, não posso deixar passar sem uma sumária resposta o comentário que invoco. Convoco o que o meu(minha) estimado(a) leitor(a) diz para, por um lado, condescender que Zé das Baldrocas seria nome mais apropriado para o nosso “primeiro”. Percebe-se, entretanto, que a família não lhe antecipasse a vocação por altura do seu baptismo. Pese todo o carinho, digo, tenho mesmo assim que discordar veementemente da sua pergunta-insinuação de que “o mundo dos políticos” jamais “ouvirá o comum dos mortais”. Com a invocação que faço acima da campanha eleitoral em curso quero demonstrar precisamente o contrário. Não são gente do povo, de alma conduída com as dificuldades que os portugueses atravessam, os candidatos que por esta altura calcorreiam cada rua, cada beco do país? Não é sinal de imensa sensibilidade social, de espírito cristão (como se poderá dizer) a ajuda que o governo (se a escala no governo calhasse ao PSD, estou certo que faria outro tanto) vem prestando aos infelizes dos banqueiros nacionais e aparentados?
4. Consinto que sentisse enjoo [tê-lo(a) como leitor(a) faz de si a mais estimada pessoa do mundo, para mim] mas vai-me perdoar que duvide que a razão desse mal-estar viesse daí. Não seria antes resultado de alguma coisa menos fácil de digerir que tivesse metido ao estômago entretanto ou, sendo uma senhora, não estaria(estará) por acaso grávida? É que essas coisas acontecem, com bem o saberá, e, muitas vezes, só damos por elas muito tardiamente. Não seja injusto(a) com os “nossos” políticos. Sei que têm permanentemente na cabeça o bem-estar dos portugueses ou, pelo menos, de alguns deles.

J. C.

quarta-feira, maio 27, 2009

Mensagens curtas, endereçadas

"A seguir à Trofa, logo que se atravessa o rio, começa o Minho, isto é, o Minho fica logo acima (do norte).
Até qualquer dia, quando a tua agenda saturada to permitir."

José Cadima

terça-feira, maio 26, 2009

Amor da minha vida

Amor da minha (tua) vida,
sussurras-me ao ouvido,
esperando, reclamando resposta
que não fique aquém da expressão de entrega
que me transmites.
Despojado da capacidade
de exprimir em palavras os sentimentos,
as emoções que me assaltam,
frustro-te na tua ânsia
de escutar da minha boca
expressão de carinho idêntica.
Ficamos num meio caminho
entre o teu desejo e o meu desespero.
Fico encravado entre o abraço apertado
que sinto necessidade de dar-te
e as palavras que não me saem,
não podem escoar-se
porque nunca aprendi a dizê-las
ou, porventura, me desabituei de usá-las.
Amor da minha vida?
Sim, quem alternativamente me transmite
a alegria do reencontro com o jovem, a criança
que nunca fui mas gostaria de ter sido?
Correr para os teus braços
passou a ser um desígnio
que não quero abandonar,
de que não quero mais prescindir,
amor da minha vida.

José Cadima

sábado, maio 23, 2009

Amar

Quando se sofre
aprende-se a amar
quem nos ama.
Nessa altura,
aprende-se também a desculpar
quem não nos amou.

José Pedro Cadima

(poema extraído do livro "Sonhos a Um Espelho", Papiro Editora, 2009, Lisboa, p. 19)

quinta-feira, maio 21, 2009

Amor da minha vida

Sinto-me mulher
Diferente das outras mulheres
Diferente porque te amo
Diferente porque me fazes sentir mulher
Diferente porque me levas para mundos
Aos quais nunca acedi antes
Sei que és o amor da minha vida
Sei que te amarei até aos meus últimos dias
Mas sei também que
Terei que to provar
Saberei fazê-lo?
O desafio está criado
Tenho apenas que agarrá-lo

C.P.

quarta-feira, maio 20, 2009

Quero

Quero beijar-te ao deitar-me...
Quero sussurar-te ao deitar-me e ao acordar dizendo-te que te amo...
Quero rir-me contigo quando quiser...
Quero abraçar-te sempre que puder e que quisermos...
Quero dar-te a mão na rua sempre que me apetecer...
Quero não ter "vergonha" por te amar...
Quero apoiar-te sempre que for necessário e o quiseres...
Quero sobretudo partilhar sentimentos...

C.P.

segunda-feira, maio 18, 2009

Presente incerto

Como posso eu projectar o futuro
se tenho incerto o presente?
Pode ser auto-flagelação
mas é assim que me sinto
e não sou capaz de transmitir algo diferente
a alguém que é o refúgio que tenho,
mesmo inibindo-me de lho confessar
ou talvez por causa disso.
Pode isso tolher o amor?
Pode isso resultar em falha de comunicação
com quem se deseja comunicar intensamente?
Pois sim, pode, mas como posso eu fugir
a ser o que sou,
a sentir-me como me sinto?
Gostava de te dizer coisas diferentes.
Gostava de dizer-te quanto gosto
de correr para os teus braços,
como me sinto bem apertando-te contra o meu peito.
Gostava, mas...
Acabo a dizer-te coisas que tu não entendes
e te magoam, porque não as entendes.
Se assim o quiseres,
ajudar-te-ei a construir o jardim
que tanto anseias ter.
Se assim o desejares,
estarei contigo amanhã
e depois de amanhã,
sempre…
Como posso eu projectar o futuro
se tenho incerto o presente?

José Cadima

domingo, maio 17, 2009

Mensagens curtas, endereçadas

Gostei muito de ter-te de volta, isto é, recuperar o meu refúgio, aparte dar-te o beijo que te tinha prometido.
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José Cadima

sexta-feira, maio 15, 2009

Temos ministro!

1. Em data que não sei já precisar com rigor, mas que antecedeu em muitos meses senão mais de um ano a formação do governo em funções, do Zé das Trocas, como alguém muito acertadamente terá decidido chamar-lhe, vivi a experiência de assistir à apresentação, em Braga, na ACB, de um livro escrito por Manuel Pinho, que alguns associarão, vagamente, à figura do actual ministro da economia. O dito personagem havia lançado pouco antes um livro que abordava uma qualquer dimensão da economia portuguesa que não sei precisar nesta ocasião. Quando, mais tarde mas não muito, o vi ser indicado para ministro da economia percebi que o dito sujeito tinha vindo à ACB em digressão no contexto do estágio que estava a fazer para ministro. A dúvida que me ficou nessa altura foi sobre quem teria sido o patrono do estágio, se o seu patrão na altura (Ricardo Espírito Santo) se o PS, que estaria curto de candidatos para essas funções.

2. Este caso veio-me à ideia há poucos dias, quando me chegou às mãos um livro acabado de lançar por Vítor Bento que, ao que sei, também esteve em Braga a apresentá-lo. Do que li na imprensa local, julgo que tal aconteceu na Universidade do Minho. O livro, que me saiu caro, tem por título “Perceber a crise para encontrar o caminho”. Pese o título, da leitura corrida que fiz, fiquei com o sentimento que o autor terá percebido a crise, mas dificilmente dará com o caminho, dado o trilho porque se resolveu aventurar. Descontando isso, como deixo já entrevisto, ficou-me a inquietação própria do “déjà vu”, quer dizer: estará Vítor Bento nesta ocasião em pleno estágio para ministro? Se estiver, acredito que seja para ministro das finanças, ou não seja o dito o presidente da empresa do multibanco.

3. Uma coisa bem curiosa que encontrei no livro foi a reclamação da criação de um “alargado consenso político-social” para a resolução da(s) crise(s) que a economia portuguesa vive. Este conceito deverá ser um eufemismo para identificar a “urgência” do retorno aos governos do “bloco central”, que, não sendo forma de governo há largos anos em Portugal, persiste enquanto tal na divisão de tudo quanto é “tacho” em empresa pública, grupo bancário, empresa do sector de obras públicas ou lugar de cúpula de associação empresarial. Distraído que andava, só então percebi que esse vinha sendo tema quotidiano da comunicação social nacional (ignoro desde há quanto tempo), tratando de preparar os portugueses para o pior, se é que as coisas podem piorar, ainda. Aqui chegado, o sangue deixou de me alimentar o cérebro, fiz-me branco como a cal, e apeteceu-me fugir para o lugar mais remoto possível. Desgraçadamente, o sangue que deixou de alimentar-me o cérebro faltou-me também nas pernas e é essa a razão porque ainda ando por aqui. Levei para mais de uma semana até conseguir verter para o caderno este breve apontamento de memórias. “Atão” não é que …

J. C.

quinta-feira, maio 14, 2009

Mensagens curtas, endereçadas

Que boa desculpa essa para não me ligares nada, hem? E depois ainda tens a lata de escrever que estás a morrer de saudades minhas.
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José Cadima

segunda-feira, maio 11, 2009

A tua companhia

Sinto-me sozinho
e com falta de carinho.
Só a tua companhia
me acalmaria
e me faria sentir o carinho
que tanta falta me faz.
Por isso, anseio estar contigo;
por isso, anseio reencontrar-te
para me reencontrar.

José Pedro Cadima

(poema extraído do livro "Sonhos a Um Espelho", Papiro Editora, 2009, Lisboa, p. 23)

sexta-feira, maio 08, 2009

Minha Querida Helena (Desapontar-te)

Não o desejando, desaponto-te continuadamente. Como tu dizes, não paro de confrontar o amor que tu me dedicas com a minha distância sofredora, a distância de alguém que tem dificuldade em reconhecer-se como objecto de um amor tão dedicado, tão generoso quanto o teu.
Para piorar as coisas, faltam-me palavras, talvez mais do que gestos, que te assegurem que o teu amor é correspondido, dizes-me também tu.
Sinto a dificuldade do momento, angustia-me o teu sofrimento e, no entanto … No entanto, receio não ser capaz de abandonar essa faceta masoquista, essa tristeza estrutural, essa exigência que mantenho em relação a mim que me torna no ser que, desejando desesperadamente os teus braços e a tua atenção, não sabe dizer-to, não é capaz de deixar de desapontar-te, sofrendo com isso e, desse modo, re-alimentando a sua angústia, a sua tristeza, desapontando-te.
Decidirás se aceitas que te penalize (que me penalize desta maneira) e/ou por quanto tempo.
O que é que eu mais desejo? Porventura, perguntar-te-ás. Aí tenho resposta segura: desejo que alcances a felicidade que procuras e a que tens direito, toda quanta se pode desejar a alguém a quem se quer muito, a alguém que será, porventura, o amor da sua vida, almas gémeas em que cada vez mais nos reconhecemos em fugazes deambulações por outros mundos.
Um beijo muito grande,

José Cadima

quarta-feira, maio 06, 2009

Crónicas de Maldizer

Conforme resulta patente, não o tendo pensado ser, acabei por me tornar um colaborador regular deste blogue deste há muitas luas. Pouco criativa, esta foi, talvez, a forma que os seus editores encontraram de preservar a regularidade da publicação num quadro de falta de imaginação e/ou de tempo para produzirem os seus próprios textos, de ficção ou poéticos. Não produzi os textos entretanto reeditados a pensar na respectiva divulgação por um tal canal (como outros lhe chamariam), e sempre me pareceu discutível retomar “hoje” textos de há 14, 15, 16 anos, mas a simpatia que nutro pelos editores do blogue fez-me quebrar resistências e, um a um, lá fui libertando alguns dos textos que tinha em arquivo. Outros, achei por bem não republicar por me parecer poderem dizer muito pouco aos actuais leitores ou por denunciarem em excesso a deriva mental que atravessei por aquela altura.
Pediram-me agora os editores do blogue que retomasse as crónicas, avançando para uma nova série. Sinceramente, não sei o que faça: queria-lhes ser simpático (que também eu o sei ser, de tempos a tempos) mas, em boa verdade, não sei se serei capaz, porque também o tempo passou por mim (e não só pelas crónicas re-editadas), e porque não estou seguro que possa encontrar na sociedade e no evoluir da vida política actual motivos de análise ou, melhor, pretextos suficientemente fortes. Em boa verdade, terão que convir que não será fácil descortinar na cena mundana e política actual objectos analíticos tão interessantes e dignos quanto o eram Manuela Ferreira Leite, Marcelo Rebelo de Sousa, Mesquita Machado ou Aníbal Cavaco Silva. Que magnificas “crónicas de maldizer” me permitiram produzir essas personagens então, passe a imodéstia. Comparados com estes, José Sócrates, Zé Mariano ou Manuela Ferreira Leite, não passam de caricaturas pobres. Vamos ver… Vamos ver se serei capaz. Não queria ser antipático para com os editores. Afinal, só eles poderiam ver algum mérito no meu trabalho já tão antigo e achar que eu teria préstimo ainda como analista da sociedade do presente.
Vamos ver, repito. Não prometo regularidade nem prometo inspiração. Aliás, a inspiração só me pode vir do correr das circunstâncias deste nosso dia-a-dia que, nesta hora, não sou capaz de vislumbrar senão triste, cinzento, enfadonho, povoado dominantemente por gente desinteressante, portanto, sem potencial para se converterem em credíveis objectos das “crónicas de maldizer” que é suposto eu produzir. Que falta me vão a fazer os saudosos Mário Soares, Manuela Ferreira Leite, Aníbal Cavaco Silva, entre outros!

J. C.

segunda-feira, maio 04, 2009

“Fora com os fins-de-semana - II”

“Como indiquei, tenho para mim que o fim-de-semana é a melhor ocasião para avaliar o estado de ânimo e de cultura do comum dos cidadãos e, logo, os grandes desígnios da política cultural dos governos. É, talvez, ocasião única em cada semana. Se não acreditam, experimentem dirigir-se num destes fins-de-semana próximos à zona do Bom Jesus ou do Sameiro e reparem na lixeira em que ficam transformados os largos anexos ao elevador do Bom Jesus e outros lugares de estacionamento, anotem o desprezo pelos outros denunciado pela forma como os carros aparecem aparcados ao longo das vias e áreas envolventes, registem o número de vezes que os automobilistas com que se cruzam não respeitam as prioridades estabelecidas para a circulação automóvel, mudam de direcção sem aviso ou ensaiam ultrapassagens de filas contínuas de veículos.
Mas, grave, grave, que este estado de coisas ameaça estender-se pela semana toda, de segunda a domingo. Imaginem o que é uma semana todinha preenchida com porcaria, excursões, famílias a passear de popó, lixo, carros a atravancar tudo quanto é estrada nacional ou arruamento citadino, porcaria, atropelos aos direitos dos cidadãos e atropelos à integridade física dos cidadãos, e mais lixo.
Nisto, a única coisa que me parece perfeitamente pacífica é que os políticos escolham tais lugares e ajuntamentos humanos para levar por diante as suas campanhas: é tudo uma questão de lixo.”

J.C.
(reprodução parcial de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 94/09/09, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

sábado, maio 02, 2009

“Fora com os fins-de-semana - I”

“Os fins-de-semana são sempre períodos difíceis: é a quebra da rotina laboral semanal substituída por outra que não chega a ter tempo para se instalar; é a oportunidade para o encontro com a família (não seriamente com nós próprios) e com a incultura e a estupidez promovidas a projectos nacionais; é a ocasião para acompanhar o exercício dominical de hipocrisia de Marcelo Rebelo de Sousa e de outros menos requintados, de uma legião de comentadores.
Fica-me a dúvida sobre a oportunidade da existência de fins-de-semana, agora que a missa vai perdendo significado na rotina do cidadão comum. Fica-me a dúvida, por outro lado, de quem paga a tantos ilustres comentadores políticos, sabido que nem todos os jornais e demais órgãos de comunicação social abundam em dinheiro. Há, evidentemente,
Que colocar a hipótese de se tratar de uma retribuição desfasada, quer dizer, um investimento a pensar num futuro mais ou menos a médio-prazo. Este argumento dá consistência, por exemplo, à multiplicação de comentadores Cavaco/Nogueiristas. Já é mais difícil entender as vantagens de quem os contrata: uma vez falidos, o jornal ou a rádio, são órgãos de informação falidos, a não ser que lhes valha a igreja universal do reino de deus.”

J.C.
(reprodução parcial de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 95/09/09, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)