segunda-feira, março 14, 2022

Há 10 anos, por ocasião da celebração dos 30 anos da Escola de Economia e Gestão (UMinho)

 A história das instituições é sobretudo a história das pessoas que lhe dão corpo


Cheguei a Braga a meio de Dezembro de 1982 para iniciar funções docentes pouco depois, em Janeiro de 1983. A entidade funcional em que fui integrado chamava-se UCP (Unidade Científico-Pedagógica) - Economia e Gestão.

Quando cheguei a Braga, conhecia uma única pessoa na cidade e na Universidade do Minho. Conhecêramo-nos enquanto estudantes do Instituto Superior de Economia, da Universidade Técnica de Lisboa (actualmente, ISEG). Por coincidência, trata-se do Presidente da Escola de Economia e Gestão (EEG) em funções (Manuel Rocha Armada).

Fui contratado para a dita “unidade” na mesma altura que 5 outros jovens recém-licenciados, dos quais permanecem ao serviço da Universidade do Minho apenas 2: Luís Gonçalves (Escola de Direito) e Pedro Vasconcelos (Escola de Direito). Um outro, que alguns dos presentes conhecerão, ainda é fácil encontrá-lo por Braga mas há muito enveredou por outro percurso profissional (a banca). Refiro-me a António Marques, actual Presidente da Direcção da Associação Industrial do Minho e, curiosamente, também Presidente do Conselho Geral do Instituto Politécnico do Cávado e do AVE (IPCA).

Entre o serviço que me foi distribuído nesse primeiro ano e nos que se seguiram estavam cadeiras como Macroeconomia, Moeda e Crédito, Desenvolvimento Económico Regional e Local, Análise Económica de Projectos e Análise de Projectos. Os destinatários do ensino de que fui encarregue eram alunos de Gestão, de Administração Pública e de Relações Internacionais, se bem que também me tivesse calhado leccionar disciplinas como "Problemas Económicas da Actualidade" em “opções culturais” de cursos de Engenharia.

Entre os alunos que tive logo no meu primeiro ano na UM (a marca UMinho é uma coisa recente) encontravam-se dois(duas) que pouco tempo depois viriam a integrar o corpo docente da “Escola”. Desses(dessas), um(a) aposentou-se entretanto, permanecendo em funções outro(a). Refiro-me a, respectivamente, Elvira Lima e Mª Helena Guimarães.

A UCP-Economia e Gestão era então (Janeiro de 1983), no total, qualquer coisa como 29 docentes e 2 funcionários, todos instalados no último piso de um prédio situado na rua D. Pedro V, construído para servir de habitação. Como local de trabalho, a uns calhou a sala de estar ou os quartos, a outras a cozinha.

Soube algum tempo depois que, até pouco antes, as ditas instalações tinham sidas partilhadas com colegas das Ciências Sociais. Cheguei mesmo a cruzar-me aí com um (Aníbal Alves – Comunicação Social) que, estando no estrangeiro a preparar doutoramento quando a “cisão” se deu, aproveitou uma visita que fez a Portugal mais tarde para recolher livros e outro material que deixara no espaço que usava para trabalhar. Desse processo de emancipação da Economia e Gestão das Ciências Sociais não me chegou mais do que isso. Ouvi falar de nomes, como Lima de Carvalho, que só muito mais tarde conheci.

Foi nesse espaço que travei contacto também com Altamiro Machado (Informática de Gestão/Sistemas de informação). Tal aconteceu numa ocasião em que fez uma visita ao Professor António Vale e Vasconcellos. Ambos, são nesta altura apenas memória, como vários outros professores com que me fui cruzando nos corredores da UMinho e nas ruas das cidades de Braga e de Guimarães, de bastantes dos quais guardo gratas recordações.

A Escola de Economia e Gestão era então apenas um projecto, em todo o caso, partilhado com razoável entusiasmo por muitos de nós.

A fase imediatamente seguinte de materialização desse projecto foi vivida no Edifício da Rua do Castelo, tendo-se constituído num momento particularmente rico em matéria de convívio, tirando proveito da existência logo ao lado de alguns cafés e restaurantes, onde, a meio da tarde, era possível trocar ideias entre um prato de rissóis e algumas cervejas. Tínhamos o futuro pela frente. Sonhar era possível.


J. Cadima Ribeiro