sexta-feira, novembro 26, 2010

Esta descrença que me trespassa

Questiono-me sobre como aqui cheguei.
Interrogo-me sobre para onde vou.
Retenho o caminho agitado que trilhei
quase sempre navegando por intuição.
Se sonhei?
Se sorri?
É óbvio que sorri.
É certo que fortuitamente me deixei transportar
nas asas do sonho.
Como podia ser de outro modo?
Como se pode percorrer caminho
vazio de esperança?
Como seguir trilho certo
suportado em tão poucas ajudas à navegação?
O meu devir?
Será bastante a esperança
de que o sonho será o limite?
Interrogo-me, volto a interrogar-me,
corro em direcção ao certo
que me resulta incerto.
Busco ansiosamente a tranquilidade
que não encontro em mim
e que quero crer que sejas tu.
Seguro parece-me ser só este desespero,
esta descrença que me trespassa
e me tolhe.

José Cadima

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