domingo, junho 17, 2012

Distante

Distante, dizes tu.
Distante, concordo eu,
submergido num mar de luz,
abafado por um calor tórrido,
confrontado com uma paisagem
que me desloca para referências tropicais.
Distante, como oportunidade de fuga,
como exigência de auto-regeneração.

Custou-me a tua ausência.
Faltou-me a dimensão encontro,
que não se opõe à dimensão retiro.
Mau teria sido não aproveitar a ocasião.
O quotidiano, se traz conforto,
traz também desgaste,
muito desgaste, tantas vezes.
Por isso, a fuga
se pode configurar tamanhamente regeneradora
de um corpo cansado, de uma mente exausta.
Distantes de nós, estamos nós tantas vezes
quando o escape não é possível.

A coragem, a ousadia de romper
não são indolores.
Ficar, deixar correr
não é garantia de conforto.
Ficar e partir são, assim, pratos de balança
de um equilíbrio precário e difícil de conseguir.
Se ontem estava fora,
hoje estou de regresso.
Vamos celebrar esse regresso!
A distância é um dado de ontem.
A fuga é uma oportunidade para amanhã.

José Cadima

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