domingo, maio 20, 2012

Encontros e desencontros


Na vida como nos sonhos,
de olhos fechados ou com eles mantidos bem abertos,
não encontro modo de fugir aos desencontros.
Por isso se lhes chama os desencontros da vida.
Por isso se lhes chama destino.
Por isso lhes chamo má sorte.
Fechando os olhos
ou mantendo-me em rigoroso estado de alerta,
o destino, a sorte ou, porventura, a tua vontade
empurram-me, no quotidiano,
para este espaço onde nunca desejei estar,
que não me desconforta por ficar só,
mas antes por, nele, não me acompanhares.
Não, não fazes diferente do que antes me fizeram.
A minha solidão é proporcional
ao desejo imenso de te sentir perto.
Há hoje quem me fale de saudades.
Saudades tenho eu do tempo
em que até um singelo campo polvilhado por papoilas
se nos oferecia como um campo de morangos para sempre.
Ai que saudades tenho de olhar, sem pressas,
o vermelho rubro das papoilas.

José Cadima

Sem comentários: