quarta-feira, dezembro 19, 2012

Esperando por ti

As pessoas vão passando,
num movimento contínuo.
Carregam na expressão a determinação
do que as terá trazido a este templo,
em tempo de crise, em época de compras.
Imagino-as em busca de coisas utilitárias,
de prendas, de “souvenirs”, de “recuerdos”,
de redenção, e de muitas coisas mais.
Assisto a este movimento, a este frenesim
enquanto espero por ti.

Movida pela curiosidade,
refém de idêntico frenesim,
vi-te seguir o mesmo trilho, há instantes.
Olho quem passa.
Interrogo-me sobre as lógicas
que trazem mulheres, homens e outras gentes,
nesta hora matinal, nestes tempos incertos,
a este lugar de perdição e/ou de encontro.

Do movimento das pessoas,
a minha atenção vai rodando, ciclicamente, para ti.
Questiono-me sobre quando verei emergir o teu vulto
no imenso espelho de luz
que se configura na minha frente.
Aparecerás rodeada de auréola dourada?
Requisitar-te-á este deus para sua sacerdotisa?
Espero por ti
submergido num mar de questões
para as quais me escapa resposta.
Ainda assim ou por isso mesmo,
espero por ti.

José Cadima

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