quarta-feira, dezembro 11, 2024

Minha Querida Helena (8)

 Minha Querida Helena, 

Decorreram entretanto muitos dias desde a derradeira ocasião em que os meus olhos repousaram nos teus; correram muitos mais desde a última vez em senti o teu peito apertado contra o meu; passou ainda mais desde o dia em  que ... Tanto tempo, meu amor! Quantas saudades.

Neste penar, questiono-me se as tuas saudades serão tão grandes quanto as que eu levo de ti  e duvido. Duvido porque, se o fossem, não estarias tanto tempo sem mim ou, porventura, essa é a forma que encontras de me fazer sentir quão escravo eu estou deste amor, quer dizer, de ti. Liberta-me, querida, dessas amarras. Deixa-me fluir para os teus braços.

Nesta distância, questiono-me por onde andarás, que razões te movem, que novo amor te prenderá. Ou será um velho amor a quem retornas? Sei de quanto valor simbólico está rodeado um primeiro amor; sei que o tempo passado lhe renova o encanto e as virtudes; sei que foi com ele que viste pela primeira vez um certo mundo. Sei, todavia, que há um tempo que se esgota e, daí, a esperança que me anima: o ânimo de, a breve trecho, poder repousar os meus nos teus olhos, de envolver-te num abraço longo, longo ... Quem me dera ter sido esse teu primeiro amor; quem me dera tê-lo sido e sê-lo ainda e sempre.

“Olá menina, quero tratar de ti ... Acredita que nunca me senti assim ...Chega só um pouco perto de mim. Faz-me rir e eu prometo que não te farei chorar”

 

José Cadima

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