terça-feira, dezembro 17, 2024

Minha Querida Helena (14)

 Minha Querida Helena,

Tenho que pedir-te desculpa por ter feito uso de um parágrafo de uma das tuas cartas sem o ter devidamente referenciado. A verdade é que o prefácio que, a pedido do meu filho, me comprometi a escrever para o seu livro me parecia cocho da referência ao seu conteúdo e aquele texto ofereceu-se-me ali à mão de semear,  reunindo, a meu modesto ver, todos os requisitos para o efeito: tratava explicitamente o assunto; era tão espontâneo quanto o são todas as tuas cartas.

Tinha-te disso dado conhecimento mas, concordo contigo, de facto, não é a mesma coisa, e este pedido de desculpas, senão me assegura o teu perdão, pelo menos descansa-me o espírito.

Com esse toque no prefácio encerrei, a bem dizer, o trabalho de edição dos textos do José Pedro. A faltar ficam agora: a arrumação dos textos por capítulos, que designei por desesperança, esperança, deslumbramento e sobressaltos; uma derradeira verificação gramatical; e o trabalho de produção gráfica, que, em todo o caso, devido a férias, vai ter que esperar por Setembro. Tenho até já a capa. Curiosamente, também da autoria do poeta (descobri-a entre os seus desenhos do jardim de infância, e creio que mesmo tu a vás achar uma gracinha).

Se me permites, confesso-te que,  a esta distancia, estou satisfeito com o resultado global do projecto (salvaguardado o tal tom sombrio e sofrido de que falo no texto que te roubei). Foi pena que não pudesses ter-me dado uma colaboração maior. O trabalho do José Pedro enriquecer-se-ia com isso e eu ficar-te-ia ainda mais grato, se isso fosse possível. Fica para a próxima, não é minha querida? Fica, talvez, para quando se trate de similar projecto do João Miguel.

E, por hoje, creio que é tudo o que queria dizer-te. Recebe um beijo e um chicoração apertado deste que tanto te quer (mesmo não beneficiando das graças do teu coração).

 

José Cadima

Sem comentários: