Minha Querida Helena,
Tenho que pedir-te desculpa
por ter feito uso de um parágrafo de uma das tuas cartas sem o ter devidamente
referenciado. A verdade é que o prefácio que, a pedido do meu filho, me
comprometi a escrever para o seu livro me parecia cocho da referência ao seu
conteúdo e aquele texto ofereceu-se-me ali à mão de semear, reunindo, a meu modesto ver, todos os
requisitos para o efeito: tratava explicitamente o assunto; era tão espontâneo
quanto o são todas as tuas cartas.
Tinha-te disso dado
conhecimento mas, concordo contigo, de facto, não é a mesma coisa, e este
pedido de desculpas, senão me assegura o teu perdão, pelo menos descansa-me o
espírito.
Com esse toque no prefácio
encerrei, a bem dizer, o trabalho de edição dos textos do José Pedro. A faltar
ficam agora: a arrumação dos textos por capítulos, que designei por desesperança, esperança, deslumbramento e sobressaltos; uma derradeira verificação
gramatical; e o trabalho de produção gráfica, que, em todo o caso, devido a
férias, vai ter que esperar por Setembro. Tenho até já a capa. Curiosamente,
também da autoria do poeta (descobri-a
entre os seus desenhos do jardim de infância, e creio que mesmo tu a vás achar
uma gracinha).
Se me permites, confesso-te
que, a esta distancia, estou satisfeito
com o resultado global do projecto (salvaguardado o tal tom sombrio e sofrido
de que falo no texto que te roubei). Foi pena que não pudesses ter-me dado uma
colaboração maior. O trabalho do José Pedro enriquecer-se-ia com isso e eu
ficar-te-ia ainda mais grato, se isso fosse possível. Fica para a próxima, não
é minha querida? Fica, talvez, para quando se trate de similar projecto do João
Miguel.
E, por hoje, creio que é tudo
o que queria dizer-te. Recebe um beijo e um chicoração apertado deste que tanto
te quer (mesmo não beneficiando das graças do teu coração).
José Cadima
Sem comentários:
Enviar um comentário