terça-feira, dezembro 10, 2024

Minha Querida Helena (7)

Repetido que já foi por ti várias vezes, tenho mesmo que conceder que não gostas do nome que te chamo. Lamento-o, minha querida, já pelo carinho que esse teu nome transporta, já por, da tua sensibilidade literária e poeta, ter inferido o contrário. Porventura, não te agradou a adaptação cinematográfica de “Tróia” que esteve em cena até há poucas semanas . Em boa verdade, podendo escolher, eu também teria preferido um desenlace diferente para a guerra entre cidades que o título invoca.

Infelizmente, não parece ser só disso que não gostas. A meu ver, não gostas igualmente o bastante dos que gostam de ti e, pior que tudo, deixaste de gostar de ti. Estamos, portanto, perante aquele enredo muito glosado em peças dramáticas de diversa natureza em que alguém reclama o seu amor por outrém sem ser correspondido. Pese embora essa amarga realidade, ouso reafirmar-te o meu amor e ouso suplicar-te que voltes a gostar de ti ou, pelo menos, aceites tornar a pensar nisso.

Minha querida Helena: cansa-me a tua amargura; ferem-me as sombras que atravessam o teu olhar e fazem empalidecer o teu rosto. Bonita? Perguntas tu. Bonita, sim, quando o teu rosto desanuvia, quando os teus olhos e os teus lábios consentem uma réstia de ternura. Bonita, fresca quando retornas ao teu corpo de adolescente e te espraias no meu colo ou me apertas para um “chi-coração” cúmplice. Como eu adoro os teus “chi-corações”!

Não me peças, minha querida, que eu desista de te amar. Podes pedir-me, se assim o entenderes, como noutras ocasiões já to disse, que desista de ti, mas, nesse caso, tens de me fazer prova, primeiro, que te reencontraste com a tua auto-estima. 

Helena querida: bonita? Sempre que tu queiras!


José Cadima

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