quarta-feira, julho 06, 2011

Alegoria (esboço de crónica)

Lá em cima, ao fundo: Sameiro. Sameiro, dizes tu, mulher atarefada com a lida da casa, somada aos afazeres do campo. Maria, mulher cada vez mais da cidade, posto que os campos se despovoam a olhos vistos e, na enxurrada, correm risco de ir até as cidades.
Primeiro, foram as mais pequenas mas agora, ai agora, até algumas maiores experimentam já a hemorragia humana de que se julgavam salvaguardadas.
Escândalo! Escândalo! Nem Guimarães escapa. Se os dados galopantes do desemprego o indiciavam, os dos censos, acabados de anunciar, não parecem deixar margem para dúvida. E os seus actores políticos que se achavam tão certos, tão seguros.
Maria! Maria do Sameiro! E agora? Porque há-de ser uma serra, para mais pequena, a constituir a fronteira entre duas faces de uma mesma realidade económica, social atravessada de forma aguda pela crise, por agudas crises de naturezas múltiplas, digo?
Ai Sameiro, Maria do Sameiro, que vai ser de ti, mulher abandonada à tua (pouca) sorte?

JC

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