segunda-feira, agosto 25, 2008

Minha Querida Helena

Obrigado pelas tuas mensagens. Não te sintas obrigada a comunicar comigo enquanto estiveres por essas paragens longínquas. De vez em quando, é bom cortar com o mundo.
A minha comunicação é só na 6ª feira à tarde, na véspera de regressar.
Vejo que os campos de milho começam a agitar-te. Nota o seguinte: os campos de milho fornecem uma cobertura excelente para quem penetre neles. Normalmente, as plantas são muito altas e densas. No passado, o milho era criado de forma menos densa e no mesmo chão era cultivado feijão rasteiro, não tomates. Quem quisesse usar o campo de milho para outras actividades que não a sacha ou a rega, podia fazê-lo com razoável à-vontade. Obviamente, talvez ficasse um pouco empoeirado mas, em situações de emergência, isso pouco importaria, até porque a actividade agrícola já implica, ela própria, lidar com alguma poeira. Isto dito, encontras aqui o fundamento para a ficção criada em torno do milho. Hoje em dia, creio que os campos de milho perderam muito do seu encanto, mesmo pelo modelo de cultivo praticado.
Espero ter dado um modesto contributo para o esclarecimento da questão candente que colocavas.
Também gostei "um poucochinho" de estar contigo ontem. Forneceu-me ânimo para a semana que se avizinha, e alguma preocupação.
Dado gostares um bocadinho de mim, como dizes, sou obrigado a dar um desconto grande às considerações que fazes, nos diferentes aspectos a que te referes. Essa de eu ter umas pernas bonitas não passaria pela cabeça de ninguém mais objectivo. Conforme te expliquei variadas vezes, algumas mulheres é que têm pernas e rabos bonitos. Felizmente, é o teu caso.
Não sei igualmente o que te dizer quando te referes à eventualidade de algumas mulheres se apaixonarem por mim. Seguro, até hoje isso só aconteceu com uma, o que acabou por lhe ser bastante penoso, desgraçadamente. Ainda estou por perceber como pôde acontecer. Para teu conforto, espero bem que isso não venha a acontecer contigo. Os meus sentimentos procurarei eu gerir da melhor forma que puder e souber.
Agradeço a atenção das notícias em cima da hora. Isso de pontos, vírgulas e pontos de interrogação é só um detalhe. Fico feliz com o teu sucesso, mesmo sabendo da minha incapacidade de concorrer com propostas tão tentadoras quanto aquelas que te foram apresentadas. Era expectável esse êxito, digo eu que te conheço relativamente mal. Obrigado pela simpatia de me associares ao teu sucesso. Permite, no entanto, que te faça um reparo: "porra" não é um termo adequado para ser usado por uma senhora com a tua educação e posição. Admito que o tenhas usada neste contexto de familiaridade, o que te desculpa.
Com um programa tão intenso de conferências, até pela ausência de recursos com que nos confrontamos, não acho sensato que procures reter nenhuma das minhas. Ponderarás melhor o assunto. Depois, voltaremos a falar.
Agradeço o esforço que fizeste e os incómodos a que te deste para que possamos estar uns momentos juntos, colados, num futuro próximo. Estou a precisar muito desse refúgio. No entanto, se a minha mensagem, nos parágrafos precedentes, te desapontou demasiado, não te inibas de cancelar o encontro. Há dias em que não sou capaz de ser mais positivo.
Um beijo grande,

José Cadima

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