“Bracarense que sou vai para uma dúzia de anos (antes, tive, pelo menos, duas outras nacionalidades), ainda não consegui entender porque é que a polícia da cidade não faz férias repartidas, à semelhança do comum dos portugueses. Sucedendo como sucede agora, confrontam-se os habitantes desta urbe periodicamente com o espectáculo do aparcamento em plena Avenida Central, ao lado do parque de estacionamento automóvel ou, como também é muito comum, em segunda fila, Avenida da Liberdade acima. São obviamente apenas dois exemplos, gritantes sem dúvida, do transtorno que a inédita programação de férias que a PSP mantém desencadeia na nossa cidade.
Dir-me-ão a propósito que, no fim de contas, tudo não passaria de um assunto interno da corporação se os cidadãos fossem medianamente educados, detentores de algum espírito cívico. Isso são balelas!
Todos sabemos as economias que sucessivos governos e ministros da educação têm realizado poupando na educação dos portugueses, para investirem em cursos de formação profissional, em centros comerciais de Belém, na Exponorte, e em desfiles de gente fina promovidos pela ANJE; para já não fazer menção dos belos carros e espectaculares vivendas de alguns empresários de maior iniciativa, que vamos tendo.
A Dra. Manuela Ferreira Leite não é desse ponto de vista excepção, embora se tenha que reconhecer que padeceu ela própria da mesma filosofia de investimento na educação, não se podendo por isso exigir-lhe mais. Embora haja quem insinue que, neste caso, um esforço maior de formação também pouco adiantaria.
Uma outra idiossincrasia bracarense refere-se ao respeito sagrado que os meus concidadãos mantêm pelos feriados à segunda-feira. Que eu me recorde, nem uma vez assisti ao cumprimento menos zeloso por parte dos residentes de Braga de um feriado ou dia santo agendado para esse dia. O paralelo que encontro com esta consagração das segundas-feiras será, talvez, a repulsa que lhes suscita feriados ou dias santos à sexta-feira, especialmente se se trata do Natal, do ano Novo ou da Páscoa.
Dentro deste mesmo espírito de proceder ao levantamento sumário das idiossincrasias dos cidadãos desta urbe, poderia ainda trazer outros exemplos, como o hábito de comer «pão-de-rosca» ao Domingo ou a peregrinação do mesmo dia ao Feira Nova. Melhor será, no entanto, fazer delas tema de uma próxima crónica.”
J. C.
Dir-me-ão a propósito que, no fim de contas, tudo não passaria de um assunto interno da corporação se os cidadãos fossem medianamente educados, detentores de algum espírito cívico. Isso são balelas!
Todos sabemos as economias que sucessivos governos e ministros da educação têm realizado poupando na educação dos portugueses, para investirem em cursos de formação profissional, em centros comerciais de Belém, na Exponorte, e em desfiles de gente fina promovidos pela ANJE; para já não fazer menção dos belos carros e espectaculares vivendas de alguns empresários de maior iniciativa, que vamos tendo.
A Dra. Manuela Ferreira Leite não é desse ponto de vista excepção, embora se tenha que reconhecer que padeceu ela própria da mesma filosofia de investimento na educação, não se podendo por isso exigir-lhe mais. Embora haja quem insinue que, neste caso, um esforço maior de formação também pouco adiantaria.
Uma outra idiossincrasia bracarense refere-se ao respeito sagrado que os meus concidadãos mantêm pelos feriados à segunda-feira. Que eu me recorde, nem uma vez assisti ao cumprimento menos zeloso por parte dos residentes de Braga de um feriado ou dia santo agendado para esse dia. O paralelo que encontro com esta consagração das segundas-feiras será, talvez, a repulsa que lhes suscita feriados ou dias santos à sexta-feira, especialmente se se trata do Natal, do ano Novo ou da Páscoa.
Dentro deste mesmo espírito de proceder ao levantamento sumário das idiossincrasias dos cidadãos desta urbe, poderia ainda trazer outros exemplos, como o hábito de comer «pão-de-rosca» ao Domingo ou a peregrinação do mesmo dia ao Feira Nova. Melhor será, no entanto, fazer delas tema de uma próxima crónica.”
J. C.
(reprodução integral de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 95/09/23, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)
1 comentário:
Caro colega
Que crónica tão actual, com uma pitadinha de sal e pimenta! Se não fossem alguns pormenores (Centro Cultural de Belém,…), diria mesmo que corresponderia ao nosso ano de 2008. A "boa" notícia é que continuamos iguais a nós próprios. O famigerado espírito cívico dos bracarenses extensível a todos os portugueses continua igual. Recordo-me, a propósito, da opinião de António Barreto (2003), afirmando que somos muito ricos em expectativas, já que expiramos a ser, por exemplo, como os Noruegueses ou outros que tais, mas falta-nos a iniciativa, o empreendorismo. Somos pobres.
Volvidos quase 13 anos depois da edição da crónica do colega, pouco mudou. Diria apenas, ainda que conheça mal Braga, que passaram a rarear os polícias nas ruas os agentes da autoridade. Quando os vemos, o coração bate mais depressa, recordando-nos que até existem.
Obrigada por me ter recordado que a Drª. Ferreira Leite já andava por aqui em 1995 e o “trabalho” que desenvolveu há mais de uma década atrás. É bom não o esquecer se quiser votar de forma consciente no início do próximo ano.
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