quinta-feira, outubro 25, 2012

Cansado, ainda

Ontem, confessava-me cansado.
Hoje, sinto-me cansado, ainda,
mas um pouco menos.
Ontem, o dia correu célere.
Hoje, o dia foi um pouco mais pausado,
talvez por isso a fadiga esteja menos patente.
À flor-da-pele permanece o meu asco
pelos meandros que a política toma em Portugal,
e pelos frequentadores desses meandros,
sobretudo quando constituídos em governos,
necessariamente incompetentes,
dados a favores, grandes e pequenos,
cultores de pequenos, muito pequenos poderes
e de muitos interesses.
Não pude deixar de pensar nisso, hoje,
enquanto “escutava” o discurso de um desses agentes,
sempre muito atarefados,
correndo de compromisso para compromisso,
sem tempo para dar atenção
aos assuntos que importam  aos cidadãos,
tão maltratados nos tempos que correm,
mais ignorados do que quase sempre o foram.
Cansado, retorno às origens,
quer dizer, retomo a casa
e às minhas lutas de todos os outros dias.
Com a fadiga menos estampada no rosto,
talvez consiga transmitir esperança
que não me assiste.
Cansado,
mesmo que menos que ontem, na aparência,
vou ao teu encontro.
Tu surges-me sempre fresca.
Estou-te grato por isso.

José Cadima

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