quinta-feira, janeiro 17, 2013

Olhá Maya!

Olhá Maya! Olha a Maya, e não sou capaz de deixar de me interrogar sobre:
i)  onde foi buscar o nome (porventura, à simpática abelha Maya da nossa infância);
ii)  que idade terá aquela abelha, agora loura, de cabelo bem composto e discurso fluente e ininterrupto;
iii) que procurarão nela os telespectadores a quem se dirige com conselhos múltiplos.
Olho a Maya e interrogo-me sobre o que me trouxe a este lugar, onde sempre me sinto desconfortável, aonde me desloco arrastado pela pressão de palavras bem intencionadas mas que não me convencem. O que me trouxe, mesmo, foi a vontade de retribuir a atenção (a preocupação) com um gesto que não desmerecesse essa atenção.
Olhá Maya. Lá está ela de novo, falando ininterruptamente, dirigindo-se a não se sabe bem quem (felizmente, as suas palavras não me chegam inteligíveis). É toda expressão. É toda gestos e atenção dirigidos a interlocutores abstractos (ou concretos?) a partir de uma sala preenchida com uma cadeira, uma mesa, cartas, muita cor e, presume-se, câmaras de filmar, com gente atrás.
Olha a Maya, baralhando cartas, procurando, supostamente, ajudar alguém a desembaralhar a respectiva vida.

José Cadima 

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