domingo, julho 31, 2011

Ninguém compra o boneco foleiro (II)

Nas minhas poucas qualidades,
nos meus imensos defeitos,
ninguém parece quer-me,
nem mesmo eu.
Cresceu em mim
uma imensa raiva de mim.

Tal como te pressinto,
nem sequer te imaginas a meu lado.
Sou simplesmente algo,
como um boneco foleiro,
que ninguém compra.

Em perfeito contraste,
eu sinto que te quero muito,
sinto que me fazes toda a falta do mundo,
mesmo desejando ter força bastante
para te ignorar da próxima vez que nos cruzemos,
rua abaixo, rua acima.
Cresceu em mim uma raiva imensa.
Sinto-me um boneco foleiro.

José Pedro Cadima

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