quarta-feira, março 11, 2009

“A favor de que se enterrem os mortos - I”

“1.Tenho por hábito proceder periodicamente a um balanço da minha participação nas páginas deste jornal, à semelhança do que faço em relação à minha vida. Nem sempre me agrada o resultado dessa observação (introspecção), confesso, mas todos aprendemos que a vida não é feita só de coisas boas. Em todo o caso, pelo que se refere às crónicas, senão é para falar de coisas boas que existem, têm pelo menos na sua génese causas boas.
Obviamente que admito que há causas e causas. Assim como tenho que admitir que ainda hoje não estou plenamente convencido que é uma boa causa perder o meu tempo (se fosse noutra época, deveria dizer o meu latim) com o Eng. Guterres. Por contrapartida, nunca dei por mal empregue qualquer vergastada que dirigi ao Prof. Cavaco.
Aliás, o que mais admirava no homem era, precisamente, o jeito especial que tinha para pôr-se a preceito: quando não eram pacotes políticos eram as inaugurações de última hora; quando não era a ausência de dúvidas era o nunca se enganar; se não eram as portagens da ponte eram os desacatos da polícia de choque; quando não era…
E se fizera falta algum argumento para justificar a justeza do uso das farpas, aí está ainda hoje o mesmo Cavaco Silva a ajeitar o corpo a pretexto de mais uma jantarada, da regionalização ou de qualquer outro assunto que lhe ocorra, e que se lhe sugira que fará a comunicação social falar de si.”

J.C.

(reprodução parcial de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 96/09/06, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

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