“Da minha janela avisto ao longe o Picoto; avisto ao longe o Picoto e vejo, mais perto, um amontoado de construções urbanas de discutível valor estético. É verdade que a beleza e o gosto são discutíveis.
Mesmo uma baleia é bela; é bela(o) desde que não se trate de uma mulher (ou um homem) deformada(o) por uma dieta deficiente ou pela doença. E é precisamente nesse sentido que podemos questionar a estética urbana ou, tão simplesmente, dos edifícios: mamarrachos são sempre mamarrachos, caixotes são toda a vida caixotes.
Discute-se muito a qualidade estética da edificação em Braga. Talvez se devesse discutir a qualidade estética (e de construção) dos edifícios de todas as cidades portuguesas, sabido que é que há bons e maus exemplos em Braga como noutros lugares. Mas, seja: discute-se a qualidade da construção em Braga, e devia discutir-se a construção da cidade, quer dizer, a qualidade da vivência urbana que Braga oferece aos seus cidadãos e aos que a visitam. E é bom que assim seja; melhor: era bom que assim fosse. Era bom que assim fosse porque isso quereria dizer que não bastavam para nos alegrar os males de outros (se além se faz pior…).”
J.C.
Mesmo uma baleia é bela; é bela(o) desde que não se trate de uma mulher (ou um homem) deformada(o) por uma dieta deficiente ou pela doença. E é precisamente nesse sentido que podemos questionar a estética urbana ou, tão simplesmente, dos edifícios: mamarrachos são sempre mamarrachos, caixotes são toda a vida caixotes.
Discute-se muito a qualidade estética da edificação em Braga. Talvez se devesse discutir a qualidade estética (e de construção) dos edifícios de todas as cidades portuguesas, sabido que é que há bons e maus exemplos em Braga como noutros lugares. Mas, seja: discute-se a qualidade da construção em Braga, e devia discutir-se a construção da cidade, quer dizer, a qualidade da vivência urbana que Braga oferece aos seus cidadãos e aos que a visitam. E é bom que assim seja; melhor: era bom que assim fosse. Era bom que assim fosse porque isso quereria dizer que não bastavam para nos alegrar os males de outros (se além se faz pior…).”
J.C.
(reprodução parcial de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 95/03/04, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)
1 comentário:
Caro J.C.
Sinto-o mais poético nestas suas crónicas.
Pelo que percebo o desordenamento continua a existir em Braga e em muitas outras cidades, mas agora conseguem-se avistar algumas casas, aqui e ali, de Marcianos. Para alguns tratar-se-á de uma nova abertura de horizontes, uma nova abertura ao Universo...
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