sexta-feira, novembro 20, 2009

Manual do Doentio

Até que ponto pode ser-se doentio?
É cera quente que se deixa cair de velas acesas. São chapadas dadas na pele tenra. São as nódoas negras de socos nas costas. São marcas de cordas com que se envolvem os pulsos. Acresce o sangue que escorre de lábios mordidos, de agulhas espetadas nas solas dos pés. Soma-se, ainda, as coxas pisadas por joelhos de outros ou a água gelada vertida nos órgãos sexuais, capaz de levar às lágrimas. Soma-se um sem fim de coisas, de raízes de cabelo irritadas por puxões e outros maus-tratos até às privações de oxigénio, por asfixia.
Até que ponto pode ser-se…

José Pedro Cadima

1 comentário:

Anónimo disse...

Não acredito que os poetas finjam...
Porque deveriam dar-se ao trabalho de falar de coisas doentias?...