sábado, agosto 15, 2009

Crónicas de Maldizer: o benefício de ter uma leitora assídua (II)

Caro J.C.
Fiquei surpreendida por ter reagido ao meu comentário e muito mais por se ter sentido magoado com algumas das minhas palavras.
Claro que deveria ter dado o benefício da dúvida, relativamente ao altruismo, mas...
Mas, Altruista tem um significado muito próprio, relacionado com caridade, com a preocupação com o próximo...
É entendido como sinónimo de solidariedade e dedicação aos outros.
Ainda poderei entendê-lo, ao J.C., no domínio da solidariedade, mas no da dedicação aos outros...terei que comprovar, pois só pessoas como a Madre Teresa de Calcutá é que enveredaram por esse caminho...
Por este motivo e porque não quero de modo algum ser injusta para consigo, aceito o convite que me dirigiu para o conhecer pessoalmente. Fico dependente de um sinal seu...
Uma leitora assídua
***
Caríssima Leitora assídua,
Se era um privilégio tê-la como leitora, a minha admiração por si e o meu agradecimento saem significativamente acrescentados por se mostrar disponível para que lhe exponha pessoalmente as minhas razões. Se o exercício da escrita perde grande parte da sua razão de ser se lhe faltam os leitores, crónicas que versam a problemática complexa da sociedade actual, como as que escrevo, correm o risco de roçar a abstracção se não forem capazes de mexer com os eventuais leitores. É uma oportunidade com que não sonhava.
Interpretou que fiquei magoado consigo do que deixei dito sobre o altruísmo que me anima. Não diria tanto. Detentor de uma personalidade sensível, como terá entendido, fiquei sensibilizado, apenas. De outro modo, não faria justiça à atenção do comentário da caríssima Leitora assídua, agora reforçada com essa sua aceitação do convite que lhe fiz para que esclareçamos as nossas diferenças e, quiçá, aprofundemos eventuais comunhões de pensamento.
Sobre a Madre Teresa de Calcutá não acrescentarei nada, em respeito pela sua memória, aparte dizer-lhe que me condoía a sua fraca figura dos últimos tempos. Porventura, aquando do seu tempo de menina e moça, teria sido mais interessante. Pela irrequietude que deixa transparecer, pelo arrojo das observações que me fez chegar, estou seguro que a caríssima Leitora assídua não me desapontará também nessa dimensão. Note: não é que isso me levasse a menor abertura ao aprofundamento da nossa comunicação. Para mim, um(a) leitor(a) é um(a) leitor(a).
Como modo de agilizar o agendamento do nosso “brainstorming” (desculpe o recurso a este termo estrangeiro; falta-me nesta altura o seu correspondente em português), sugiro que me faça chegar o seu contacto pessoal para o endereço de correio electrónico de um dos editores do blogue. Dessa forma, preservamos ambos a nossa reserva, de que sou muito cioso, confesso-lhe (não gostaria de modo algum de ver cair no domínio público o meu número de telemóvel, particularmente nesta altura de agitação eleitoral; sabe-se lá se algum putativo candidato não tentaria recrutar-me para dar algum brilho à respectiva lista). Fico cheio de esperança de ter notícias suas a muito breve prazo.
Desculpar-me-á que tenha pedido aos editores deste jornal de parede para publicarem esta minha resposta ao seu comentário na página principal. Dada a respectiva extensão, involuntária, não cumpria os requisitos para aparecer como comentário, propriamente dito. Por uma questão de equidade de tratamento e de maior inteligibilidade por parte dos eventuais leitores, vi-me também na obrigação de recuperar para este mesmo espaço o comentário da minha caríssima Leitora assídua.

J. C.

Ps: não tome o que lhe digo acima como indicação de que não apreciarei a sua vinda a terreiro neste fórum, para comentar o que analiso ou outro tema de maior relevância social que deseje versar. Aliás, salvaguardei isso junto dos editores do blogue desde o primeiro momento.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro J.C.

Agora sou eu que só posso ficar sensibilizada com o facto de me ter respondido, de forma tão atenciosa, ao meu comentário, ainda que sinta que não lhe caiu muito bem a minha opinião a propósito, mais uma vez, do tal altruismo. Parece-me que só com conversas pessoais poderemos relevar o "mal ou bem entendido"!
Relativamente à Madre Teresa de Calcutá, tendo ela falecido com 87 anos e ainda activa no terreno, é natural que não tenha achado graça ao seu visual. É que após os sessenta anos, poucas mulheres conseguem manter-se interessantes fisicamente para os homens (no resto são geralmente mais interessantes do que eles durante toda a vida).
Ela teria sempre que dar uma imagem de alguém que não se alimentaria muito bem ou de alguém desgastada pela caridade, senão nunca acabaria por ser beatificada. Se era uma estratégia de marketing ou não,nunca o saberemos!
Tendo ainda em jovem adoptado como princípio o abandono de todos os bens materiais, não terá tido acesso a cremes milagrosos para manter a pele mais firme por mais tempo, nem outras coisas que tais...
Quer gostemos ou não dela (porque uma vida dedicada apenas ao altruismo, também terá períodos em que ele não se revela, daí as críticas que muitos lhe apontaram), o facto de ter ensinado tantas crianças a ler e as respectivas regras de higiene, cuidado de pessoas com lepra,etc, e sabendo que o ser humano é tão imperfeito, ainda assim terei que insistir que é raro abdicar de tanta coisa apenas para ajudar os outros. Teremos que lhe dar algum valor!
Concerteza que o J.C. não aspira a ser uma Madre Teresa de Calcutá, pois não lhe devia ficar muito bem esse "hábito". Corria o risco de nunca ser proposto para beatificação!
Uma leitora assídua

Anónimo disse...

Caro J.C.

Após dois encontros marcados e de o passar a conhecer um pouco melhor, tenho que reconhecer que tem uma faceta que ronda o altruísmo.
É um altruísmo direccionado para as pessoas que lhe estão mais próximas.
Agora que o conheço pessoalmente, reconheço que não lhe ficaria bem o hábito da Madre Teresa de Calcutá!...
Continue a "trabalhar" à sua escala, pois, ainda que de uma forma simples está a potenciar futuros altruístas.
Fico à espera de nova crónica sua.
Uma leitora assídua