quinta-feira, agosto 13, 2009

Crónicas de Maldizer: o benefício de ter uma leitora

Caro J.C.
Nunca pensei que tivesse coragem para contar publicamente momentos tão íntimos da sua vida, que, pela leitura que faço, foi muito pouco interessante até há algum tempo atrás.
Muito menos o sabia altruista. A verdade é que o conheço muito mal, apenas das crónicas com que nos premeia, mas "altruismo" não parece casar com "mal dizer"! Não lhe parece?!... E altruistas há muito poucos neste mundo! Não concorda?
Quanto aos seus dotes intelectuais não dúvido nada deles. Mas quanto ao facto de se ter tornado interessante, não me poderei pronunciar, pois não é "visível" através da sua escrita, mas acredito que a escrita seja um dos seus maiores dotes e que o torna verdadeiramente interessante.
Fiquei, não obstante, admirada por ter tido (ter) interesses tão diversificados quando era mais jovem e mesmo nesta fase madura da sua vida. Não será uma mistura explosiva?! Louras, morenas e ruivas, ainda que pareça ter preferência pelas louras (louraças como as apelida).
Pois é bom que o avise que as louraças que vai vendo por aí, são falsas louras. Existem dois motivos para passarem, mais tarde ou mais cedo, a serem louraças:
1-Têm quase sempre sucesso assegurado junto dos homens, porque entre outros motivos, são a encarnação dos anjos que estão lá longe no céu;
2-Necessitam de encobrir as "brancas" que vão aparecendo um pouco por todo o cabelo e essa cor é seguramente a que melhor camufla as atrevidas "brancas".
Desculpe o meu atrevimento em lhe contar estas misérias, mas sendo eu morena por natureza, senti-me na obrigação de lhe contar!
Leitora assídua das suas crónicas
***
Comentário (breve):
i) Antes de produzir um breve comentário de reacção ao comentário da Leitora assídua das (minhas) crónicas, cumpre-me deixar-lhe um sentido agradecimento. Na verdade, poucas vezes o esforçado cronista tem o benefício de receber comentários dos seus leitores(as) ou sequer tem indicação de tê-los(as), isto é, leitores ou leitoras. Além disso, o comentário é lisongeiro para o esforçado cronista que, mesmo não sendo vaidoso, não deixa de ser sensível ao reconhecimento dos seus poucos méritos.
ii) Na componente reacção ao que a cara Leitora assídua das (minhas) crónicas releva, gostaria de lhe dizer que a minha vida sempre foi e continua a ser um livro aberto. Não é por isso grande ousadia deixar passar algum aspecto de reflexão mais intimista, aparte o facto de, tendo tão poucos(as) leitores(as), isso se oferecer mais como um desabafo para o próprio naqueles momentos pontuais que todos temos de avaliação crítica do que tem sido a nossa via. Admito que não terá dados para confirmar o meu altruísmo. Já me custa mais que deixa a pairar a dúvida sobre ter-me tornado um homem muito interessante. As minhas próprias crónicas, que teve a gentileza de vir comentar, não lhe deixam desde logo transparecer inequivocamente essa dimensão? Sei que não é revelador de humildade vir dizer uma tal coisa publicamente mas, por um lado, todos temos os nossos momentos de fraqueza e, por outro, conforme disse já, escrever neste jornal de parede é sobretudo um exercício íntimo, qual diário pessoal que nunca será publicitado. Foi ,aliás, a essa luz que aceitei o repto dos editores deste jornal de parede de, ocasionalmente, voltar a produzir umas crónicas para serem aqui publicadas.
iii) Termino, porque prometi um comentário breve, que já corre o risco de o não ser (os editores do blogue perdoar-me-ão, desta vez, a falta de parcimónia no uso do espaço): querida Leitora assídua das (minhas) crónicas - renovo agradecimentos pelo privilégio de ter um seu comentário, mesmo não me fazendo ele justiça; não quer fazer-me chegar entretanto o seu contacto pessoal? Terei todo o gosto de, em conversa pessoal, trocar consigo impressões sobre dimensões menos esclarecidas do modesto texto que teve a simpatia de comentar.
J.C.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro J.C.

Fiquei surpreendida por ter reagido ao meu comentário e muito mais por se ter sentido magoado com algumas das minhas palavras.
Claro que deveria ter dado o benefício da dúvida, relativamente ao altruismo, mas...
Mas, Altruista tem um significado muito próprio, relacionado com caridade, com a preocupação com o próximo...
É entendido como sinónimo de solidariedade e dedicação aos outros. Ainda poderei entendê-lo, ao J.C., no domínio da solidariedade, mas no da dedicação aos outros...terei que comprovar, pois só pessoas como a Madre Teresa de Calcutá é que enveredaram por esse caminho...
Por este motivo e porque não quero de modo algum ser injusta para consigo, aceito o convite que me dirigiu para o conhecer pessoalmente.
Fico dependente de um sinal seu...

Uma leitora assídua