quarta-feira, julho 28, 2010

A proximidade do mundo real

Queria ver-te,
na irracionalidade do ser
que sou, sem direito
de contemplação da mera imagem.

É tamanha a proximidade
que não te alcanço.

Repreendo-me de olhar
para o inalcançável.
É pena de tortura
auto-infligida.

Distancio-me do real,
para um mundo solitário.

Afasto-me alheio a quem sou,
atormentado da impotência
daquilo que sinto.

Afasto-me,
respondendo ao chamamento da arte,
lapidando o sentimento bruto.

José Pedro Cadima