Vagueio pela minha memória, revejo imagens e sensações arquivadas e não compreendo: não entendo como foi possível desaguarmos neste mar de ninguém; escapa-me o sentido de um abandono à beira da praia. Acredito que haja uma explicação. Sou consciente que nadar em mar revolto é desgastante e que muitos não lhe resistem. Mas soçobrar à vista da praia?! Não o compreendo, mas o certo é que aconteceu.
Neste entretanto, questiono-me: e se por acaso, por mero acaso, um destes dias eu me cruzar numa qualquer rua com a minha Helena de Tróia, como vou eu ser capaz de conter as emoções, especialmente aquelas que não sei antecipar hoje? Serei porventura capaz de aguentar firme mesmo sabendo Tróia condenada e com ela tantos sonhos que alimentei. E como será Tróia sem a minha Helena, acaso a fortaleza possa algum dia ser reconstruída? Para já, recuso-me a admitir que Tróia possa existir sem a minha Helena. Se num hipotético futuro poderá ser diferente, não sei dizer. Permito-me duvidar, no entanto.
As Helenas são uma dimensão vital de mim. Sem elas, caminho sem destino. O tamanho do amor que dediquei a cada uma que o destino, o vento ou qualquer força que não sei entender colocou no meu trajecto só é comparável ao vazio imenso que a sua perda me traz. E uma após outra desaparecem como emergiram: subitamente, levadas pelo vento, pelo destino ou por qualquer força obscura de que só sei que mas rouba para deixar no seu lugar um imenso vazio. Como eu as amei!
Numa certa acepção, descansa-me sentir o aproximar do fim do trajecto. Pelo menos sei que não haverá mais Helena alguma a dar-me num dia o que me vai tirar no dia seguinte, deixando ao meu redor e, sobretudo, dentro de mim um enorme vazio. Nessa medida, sinto maior tranquilidade que a que experimentei em situações transatas, mesmo sendo tão grande quanto qualquer outro que já experimentei este vazio que deixaste em mim.
Braga, 3 de Setembro de 2004
José Cadima
Neste entretanto, questiono-me: e se por acaso, por mero acaso, um destes dias eu me cruzar numa qualquer rua com a minha Helena de Tróia, como vou eu ser capaz de conter as emoções, especialmente aquelas que não sei antecipar hoje? Serei porventura capaz de aguentar firme mesmo sabendo Tróia condenada e com ela tantos sonhos que alimentei. E como será Tróia sem a minha Helena, acaso a fortaleza possa algum dia ser reconstruída? Para já, recuso-me a admitir que Tróia possa existir sem a minha Helena. Se num hipotético futuro poderá ser diferente, não sei dizer. Permito-me duvidar, no entanto.
As Helenas são uma dimensão vital de mim. Sem elas, caminho sem destino. O tamanho do amor que dediquei a cada uma que o destino, o vento ou qualquer força que não sei entender colocou no meu trajecto só é comparável ao vazio imenso que a sua perda me traz. E uma após outra desaparecem como emergiram: subitamente, levadas pelo vento, pelo destino ou por qualquer força obscura de que só sei que mas rouba para deixar no seu lugar um imenso vazio. Como eu as amei!
Numa certa acepção, descansa-me sentir o aproximar do fim do trajecto. Pelo menos sei que não haverá mais Helena alguma a dar-me num dia o que me vai tirar no dia seguinte, deixando ao meu redor e, sobretudo, dentro de mim um enorme vazio. Nessa medida, sinto maior tranquilidade que a que experimentei em situações transatas, mesmo sendo tão grande quanto qualquer outro que já experimentei este vazio que deixaste em mim.
Braga, 3 de Setembro de 2004
José Cadima
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