Não escolheria esta terra
para poiso quotidiano.
Não escolheria esta terra,
não porque não me impressionem
a sua luminosidade, que, de tanta, me fere os olhos,
o espaço aberto, que me permite o fluir do pensamento,
o exotismo da sua arquitectura,
que nos transporta para eras remotas.
Não escolheria esta terra
que, paradoxalmente, nestas visitas fortuitas,
me faz sentir bem.
Não escolheria esta terra
sobretudo porque, aqui, sinto-me longe,
para além do que a minha imensa necessidade de amor
me consente.
Longe, porque este espaço aberto,
deixando-me fluir o pensamento,
rapidamente me transporta para memórias
que me fazem sentir mais só.
Não escolheria esta terra
porque não sou capaz de reconhecer-te
nestas ruas estreitas,
neste cenário encadeante,
nesta ausência de sombra,
especialmente hoje.
José Cadima
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