domingo, fevereiro 21, 2010

Romagem de saudade

Estou de regresso de Leiria, onde estive outra vez em breve romagem de saudade. A saudade levou-me a lugares emblemáticos: à praia velha, que estava particularmente bela, deserta que se apresentava do muito lixo que a conspurcou durante muitos anos, ao pequeno vale encantado encrostado na mata nacional que ruma à praia velha, a S. Pedro de Moel, ao pinhal do meu avô José Pedro... Terá sido o meu avô que esteve mais presente na minha memória durante esse tempo. O seu/nosso pinhal é inseparável da sua memória. Cruzando-o, não sou capaz de deixar de recordar-me das visitas que lhe fazíamos, juntos, sobretudo no Verão, acompanhados pelo cantar das cigarras.
Estas visitas provocam-me sempre sentimentos múltipos, gratificantes uns, amargos outros. Gostei de reencontrar o meu irmão. Tive dificuldade em transmitir-lhe as palavras de ânimo de que porventura precisa e que tanto merece que lhe sejam ditas. Evitei cruzar-me com os poucos outros familiares que me inspiram boas recordações, talvez receando que me dessem notícias que se sugerissem também elas amargas.
Hei-de lá voltar com mais tempo e com espírito mais liberto, com mais força para combater os múltiplos fantasmas que me assaltam logo que paro o carro, e com maior vontade de trocar abraços com aqueles que estiveram ausentes desta visita. Quando será a próxima visita, não sei, mas hei-de lá voltar!

J. Cadima Ribeiro

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns pelo seu texto!...

Revelar tantas emoções em público revela muita coragem num mundo tão cinzento e hipócrita como o nosso!...