quarta-feira, dezembro 02, 2009

Voando sobre um ninho de "locos"

"Volando in Iberia se pude disfrutar de...". Ainda parece que ouço a gravação da senhorita da Iberia tentando convencer-me de que voar "pude ser un placer"...
Já vai longe o tempo em que as viagens de avião eram sonhadas com algumas semanas de antecedência. Já vai longe o tempo em que a experiência de voar era excitante. Até o check-in se fazia de forma pausada e descontraída.
O que vos vou contar a seguir é, no mínimo, surrealista. E estou vivendo-o neste preciso momento. Estou fazendo uma viagem de avião de mais de 12 horas de voo no total. Primeiro reservaram-me uma belíssima surpresa quando ia embarcar de regresso a Portugal e, julgava eu, regressar para a minha adorável casinha. Depois de 3 horas na bicha para o check-in e de 5 horas sem comer, eis que fico a saber que sou a feliz contemplada com 600 euros, porque já não havia lugar no avião para mim. Não sei como reagirá uma mulher obesa a tamanha afirmação...
Eu, apenas perguntei como era possível saberem que havia peso a mais no avião! Responderam-me que os americanos levavam muita bagagem de regresso. Claro que era um dos muitos truques usados para não proferir a palavra "overbooking", tão em moda na actualidade e que revela uma dedicação muito sentimental da companhia aérea para com os passageiros...
Hoje, ao embarcar, depois de ter insistido que era umas das do "delay" de ontem, acabou ocorrendo o mesmo com vários outros estrangeiros. Um grupo de 27 franceses tinha sido separado, tendo ficado 10 deles em terra. Mais outro overbooking, mas desta vez fiquei sem saber se o problema seria do "peso" do avião. Engraçado foi ir de volta para o
mesmo hotel (a 20m do aeroporto) e ver as mesmas caras de 3 horas antes, desta vez, surpreendidas com o meu regresso.
O bónus foi de uma dormida, um pequeno-almoço e um almoço, pois voo só no dia seguinte, dali a 24 horas de distância.
São 22h30m do dia seguinte e depois de ter comido um requintado jantar a bordo, igual ao habitual (juro que já começo a ter um fetiche por estas comidas a bordo), eis que sou brindada com um ressonar, no quadrante sudoeste, que sei que me vai acompanhar até Madrid.
Olhando para o homem, juro que me apetece meter-lhe uma rolha naquela boca aberta, que vai manter desperta grande parte da gente que vai a bordo. Depois são as interessantes bichas para a casa-de-banho, pois ninguém quer fazer chichi nas calças em pleno voo e durante a noite.
Algum tempo após reparo nalgumas jovens alemãs, de pés ao alto e deslindo alguns olhares masculinos fixados nos pés descalços das mesmas. Até às 23h30m ainda achei graça a tanto entusiasmo, mal eu sabia do martírio a que estaria sujeita. Até às 3 e trinta da manhã passaram o tempo rindo, falando e andando… Depois de um “Shuuuu” que não deu resultado, eis que ganho coragem e vou ter com elas e, em tom ameaçador, digo-lhes para se calarem. Deu resultado, mas mal eu sabia que dali a 25m as hospedeiras iriam ligar as luzes, na sua maior intensidade, e perguntar-me que pequeno-almoço desejava. Dali a 1h30m chegaríamos a Madrid e teríamos que adiantar os relógios 7 horas. Que dizer? Nada, infelizmente não havia nada a fazer!... São os tempos pós-modernos que temos! As cobiças dos que vivem nos países menos desenvolvidos. "Carai", que também quero ser menos desenvolvida!...

Leonor

2 comentários:

Anónimo disse...

Se fica tão incomodada em viajar, o melhor é ficar em casa.
Assim não se confronta com situações que lhe desagradam.
Muita gente nem dinheiro tem para comer, muito menos para viajar.

Anónimo disse...

Minha querida leitora ou talvez leitor...

Infelizmente, tive que fazer a referida viagem por questões de trabalho. Mas, felizmente, pagaram-me grande parte da mesma. Deve estar equivocada(o), pois em circunstância alguma mencionei que viajei por simples prazer. A senhorita da Iberia é que pensou que sim!...
É que, também eu, pertenço ao grupo dos que não se podem dar ao luxo de viajar para muito longe apenas para se divertir.
Na realidade, a viagem contribuiu para que eu tenha dinheiro para vir a comer por mais tempo.
Tenho pena que não possa disfrutar das mesmas chatices que eu!...
Leonor