quinta-feira, abril 09, 2009

“No reino da ausência de imaginação - II”

“Já imaginaram com que cara ficariam o Soares, o Cavaco, o Guterres, e o Soares, e o Cavaco se um dia chegassem a uma qualquer parvónia deste país e não encontrassem a recebê-los e a aplaudi-los uma rebanhada dos ditos? Quero dizer, se não tivessem a esperá-los mais do que a família e, eventualmente, o cão.
É óbvio que o cenário é ficção pura. Pois claro que é, mas deixem-me acreditar que verei esse dia.
E, mais: deixem-me sonhar que um dia virá em que os ministros e os secretários de estado em Portugal terão a dignidade de se demitir quando resultar provado que os seus homens de confiança andam a meter a mão nos bolsos dos portugueses ou a fazer «bom uso» dos impostos cobrados; deixem-me crer que assistirei à dignidade de um gesto de demissão quando um ministro ou um secretário de estado é confrontado com a realidade de uma política que, na forma e no conteúdo, se oferece o oposto do que o ministro e o secretário de estado proclamaram.
De que está à espera Sr. Ministro do Planeamento e Administração do Território para se demitir?
Que é preciso mais Sr.ª. Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional para solicitar a demissão?
Que mais será preciso acontecer Sr.ª. Ministra da Educação para que tome a decisão de voltar para casa? De que estão à espera Srs. Ministros, Srs. Secretários de Estado, Srs. Presidentes das Comissões de Coordenação Regional?”

J.C.
(reprodução parcial de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 95/04/22, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro J.C.

A sua crónica fez-me cair na real e sentir que as coisas pioraram muito nestes dois últimos anos com a governação do nosso bem-amado Engenheiro Sócrates.
Como é que o J.C. aguenta a actual e querida ministra da Educação? Que tristeza lhe deve ir nessa sua alma!...
A da década passada, de quem fala, não me parecia pior, diria até que à posterior e comparando com a actual ela até, num dia ou noutro, era "simpática".
E como será isso possível? A grande diferença é que agora temos um primeiro-ministro que agarra com "unhas e dentes" todos os seus queridos Ministros e faz ouvidos moucos do que o povo pensa ou ajuiza.
O povo deixou de ser quem mais ordena.
Espero que sobreviva, J.C., pois o mundo tornou-se mais cruel do que há 12-13 anos atrás.
Talvez valha a pena propor que as Ministras de Educação passem a ser coelhinhas da Playboy. Parece-me oportuno, logo agora que passamos a ter uma Playboy portuguesa... Não deveriam faltar candidatas...