Estafado da caminhada e do Sol escaldante, jogo o corpo na
cama e tento alhear-me do desconforto que me assalta os pés, as pernas e, logo
depois, o corpo por inteiro. Mais tarde retornará o desgaste da viagem
recentemente realizada e o desacerto das horas. Em razão disso, quatro dias
volvidos, ainda almoço na hora em que devia tomar o café da manhã e janto na
hora em que devia lanchar. Neste trocar de horas, escapam-me o pequeno-almoço e
o lanche, propriamente ditos.
Encontrei um Brasil diferente daquele de que me recordo: confiante, agitado mas não socialmente menos contrastado. Se não me deparei
ainda com favelas e expressões extremas de pobreza, choquei-me com o
multiplicar de condomínios fechados e cercas elétricas e/ou de arame farpado a
rodear cada condomínio, cada prédio, cada casa, mesmo em pleno centro da cidade.
Uberlândia, nome de parque temático e imagem aérea noturna
de surpreendente beleza em razão da regularidade e formas do seu alinhamento na
paisagem. Uberlândia, ponto primeiro de passagem nesta jornada que há-de
levar-me a outras terras sobre cujas surpresas que me possam estar reservadas me
interrogo.
A Universidade da Uberlândia está em greve, à semelhança das
demais universidades federais, em greve de professores há mais de dois meses,
digo, por razões que me escapam mas que hão-de ser bem menores que as que
achacam os professores e as universidades portuguesas nesta altura. É a relatividade
das coisas. De momento, no entanto, a UMinho e Portugal estão distantes. Sobram-me
as notícias da desgraça que me são trazidas pelos comentários colocados no Facebook e pelos títulos disponíveis no Twitter. De momento, digo, são esses os
laços que mantenho com a minha terra. Para mágoa, já me bastam.
José Cadima
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