A semana passada, o hemisfério Sul. A presente semana, o hemisfério
Norte, a Norte mesmo.
Ontem, o
aeroporto, primeiro, e o comboio que partiu atrasado, depois, mas que acabou
por chegar em boa hora, apesar de tudo.
Hoje, o
campus universitário, a conferência e os conferencistas, os caminhos de
Santiago e outros caminhos de peregrinação, neste tempo que poucas vezes se
oferece de esperança, e um sem número de comunicações, algumas fazendo pouco
sentido.
Salvou-se
o campus universitário, que o é de corpo inteiro, com espaço público, com
espaços verdes e tratados que vão para além dos canteiros de flores, com salas
adequadas e bem equipadas, com gente; um campus universitário com gente, digo.
Ontem, a
rapariga que acariciava demoradamente o braço e a mão de outra rapariga, e a
mulher que observava com espanto espelhado no rosto a carícia explícita,
demorada, tão demorada quanto a viagem que fizeram juntas.
Ontem, o
comboio que percorria o vale rasgado, lado a lado com o rio, e as vinhas
verticalmente alinhadas na encosta da serrania vizinha. Alinhadas, sim. A
surpresa, minha, porventura de mais ninguém, resultava do alinhamento do alto
para o baixo ou do baixo para o alto, se preferirem, das vinhas, talvez por
razões a que a latitude em que se encontram, ou outras que nos escapam.
Hoje,
agora, alguma tranquilidade, finalmente, o desejo de uma noite tranquila, quer
dizer, uma noite pautada por horas adequadas para deitar e para levantar.
Hoje,
percorrendo as ruas de Colónia, e, antes, sentado numa sala de aula, senti-me
em casa, de novo. Hoje, senti-me em casa, mesmo à noite, jantando num bar
ornamentado com simbologia russa, num ambiente razoavelmente barulhento,
animado por gente jovem.
Ontem,
comendo com as mãos, num restaurante ´etíope`, senti-me menos confortável.
Valeu a experiência, o carácter acolhedor do local, juntamente com a beleza
exótica das funcionárias em serviço. O restaurante indiano vizinho, tentava-me
mais mas nem sempre temos ou podemos ser reféns do primeiro impulso.
Amanhã? Amanhã
voltarei ao campus universitário, à conferência, ao ritual das comunicações, às
conversas de circunstância, à expectativa de encontrar algo que me surpreenda,
e ao conforto, quiçá, de sentir-me em casa.
José Cadima
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