Alguém escreveu que “os amantes infelizes precisam de ter coragem para mudar de caminho”. É bem esse o nosso caso. Óbvio que é que o amor, mesmo que fundado em elementos que transcendem a racionalidade comum, não assegura felicidade, a necessidade vital que temos ambos de experienciar alguns assomos de felicidade nos obriga a procurar outros caminhos. Digo-o com profunda emoção, mas com a mesma profundidade de convicção.
Anos atrás de anos de luta, de procura, de desencontro conduziram-me a esta conclusão. Quero eu dizer, pior que romper com este mar de lágrimas em que se transformou o nosso encontro é insistir nele. Porque te amo muito, porque sinto a tua dor, a tua angústia, as tuas lágrimas, para além das minhas, como se fossem minhas, quero dar-te a oportunidade de voltares a ser feliz. Se o virás a ser ou não, se conseguirei sê-lo sem ti, não te sei dizê-lo. Comigo, a tua tranquilidade, o teu gosto pelas coisas e, sobretudo, pela vida esvaiu-se, sem remédio.
Pouco importa a razão. Talvez tenha sido por nos questionarmos demais, por não termos deixado que os nossos sentimentos fluíssem livremente que chegámos a este ponto sem retorno. Não soubemos tirar partido da naturalidade com que as peles dos nossos corpos conviviam e isso basta para que tenhamos que concluir como o faço nesta hora.
Chego a esta convicção tardiamente. Peço-te perdão por isso. A atracção que nos impelia um para o outro, a crença (a esperança) que voltássemos a ser capazes de comunicar por palavras, a falta de coragem que consinto agora ter existido ditou o prolongar desta nossa ligação afectiva sofrida. Arrependo-me profundamente disso, o que não significa dizer que me arrependa do amor que te dediquei, e dedico, ainda.
Foi bonito o nosso amor. Foi muito bom o nosso reencontro tanto tempo depois de, noutra vida, nos termos cruzado brevemente. Fiquemos com essa memória, relevemos esses momentos sobre as contrariedades que emergiram depois, que não soubemos ou não pudemos gerir, e esta despedida ganha um sentido diferente, e esta penosa resolução de separamos mãos suar-nos-á bem mais leve, bem mais aceitável.
Não nos livramos das lágrimas mas, nota, as lágrimas não nos acompanham só nos momentos tristes. Também estão tantas vezes presentes nos melhores momentos. Em razão dessa ambiguidade, olhemo-las como sinal de futuro. No arco-íris que percebo na lágrima que me corre pela face, creio ver-te sorrir de novo, vejo-te esvoaçar ao longe, junto das margens do mesmo rio onde tantas vezes nos refugiámos em busca de nós próprios, e tu esvoaçaste ocasionalmente.
Até sempre meu amor!
Anos atrás de anos de luta, de procura, de desencontro conduziram-me a esta conclusão. Quero eu dizer, pior que romper com este mar de lágrimas em que se transformou o nosso encontro é insistir nele. Porque te amo muito, porque sinto a tua dor, a tua angústia, as tuas lágrimas, para além das minhas, como se fossem minhas, quero dar-te a oportunidade de voltares a ser feliz. Se o virás a ser ou não, se conseguirei sê-lo sem ti, não te sei dizê-lo. Comigo, a tua tranquilidade, o teu gosto pelas coisas e, sobretudo, pela vida esvaiu-se, sem remédio.
Pouco importa a razão. Talvez tenha sido por nos questionarmos demais, por não termos deixado que os nossos sentimentos fluíssem livremente que chegámos a este ponto sem retorno. Não soubemos tirar partido da naturalidade com que as peles dos nossos corpos conviviam e isso basta para que tenhamos que concluir como o faço nesta hora.
Chego a esta convicção tardiamente. Peço-te perdão por isso. A atracção que nos impelia um para o outro, a crença (a esperança) que voltássemos a ser capazes de comunicar por palavras, a falta de coragem que consinto agora ter existido ditou o prolongar desta nossa ligação afectiva sofrida. Arrependo-me profundamente disso, o que não significa dizer que me arrependa do amor que te dediquei, e dedico, ainda.
Foi bonito o nosso amor. Foi muito bom o nosso reencontro tanto tempo depois de, noutra vida, nos termos cruzado brevemente. Fiquemos com essa memória, relevemos esses momentos sobre as contrariedades que emergiram depois, que não soubemos ou não pudemos gerir, e esta despedida ganha um sentido diferente, e esta penosa resolução de separamos mãos suar-nos-á bem mais leve, bem mais aceitável.
Não nos livramos das lágrimas mas, nota, as lágrimas não nos acompanham só nos momentos tristes. Também estão tantas vezes presentes nos melhores momentos. Em razão dessa ambiguidade, olhemo-las como sinal de futuro. No arco-íris que percebo na lágrima que me corre pela face, creio ver-te sorrir de novo, vejo-te esvoaçar ao longe, junto das margens do mesmo rio onde tantas vezes nos refugiámos em busca de nós próprios, e tu esvoaçaste ocasionalmente.
Até sempre meu amor!
José Cadima
1 comentário:
Meu querido
A tua carta apanhou-me desprevenida. Não esperava um tamanho acto de coragem da tua parte. Obrigada por o teres feito.
Tens razão quando dizes que não basta dois seres se amarem. O amor tem que ser sobretudo um acto de entrega sem espera de retorno e um acto que flui com o tempo, e cujo saldo acabe por ser positivo. Que nos leve a pensar que, ainda que penoso por vezes, esse amor nos traz felicidade, nos orienta o caminho a trilhar. Nos faz, sobretudo, encarar a vida com mais energia e com uma maior simplicidade. Nos ajuda, sobretudo, a encontrar respostas com maior facilidade para os espinhos que nos vão cravando no corpo.
É certo que te amei muito, mas meti-me por caminhos sinuosos e não percebi o quanto especial podias ser para mim, para a minha felicidade.
Ao mesmo tempo, deixei de ser a mulher mais bela do mundo, como muitos me apelidaram num passado ainda recente, o que me fez também reflectir muito no caminho que terei que seguir. Não quero mais ser o motivo de guerras tão violentas e duradouras. Não quero mais ser um motivo de desassossego permanente para uns tantos.
Sinto nas tuas palavras um sinal de esperança, de procura de uma nova felicidade. Espero que o tenhas encontrado. Pois alguém que te amou tanto num passado ainda recente não pode desejar senão que saibas seguir esse sinal.
Não te esqueças de ser tu próprio, aquilo que me fez aproximar de ti, aquilo que eu tanto admirei e amei.
Tua para sempre.
A tua Helena
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