segunda-feira, junho 08, 2009

Minha Querida Helena

Quando escreves o que deixas dito, resulta claro que as coisas não vão bem connosco, isto é, que acumulas um rol de frustrações em relação ao que esperarias de mim. Lamento que assim seja. Era isto que eu não queria que acontecesse.
Se me desconforta ler o que escreveste e concluir desta forma é porque gosto muito, muito de ti e não queria que isto sucedesse. Teria sido evitado se não tivéssemos ido tão longe na nossa ligação afectiva.
Falas de "escape" como se fosse uma coisa negativa. Nunca pus isso assim. Quando falo de seres o meu refúgio, único, isso tem o sentido oposto de um encontro íntimo profundo, natural, profundamente desejado. É também a oportunidade que tenho de ser frágil, de ser "criança", de me sentir cansado. Se não posso ser isso contigo, uma parte muito importante do que és para mim deixa de existir.
Aprendi a sofrer em silêncio, a mascarar a minha dor. Se necessário, voltarei a fazer isso, mesmo que me seja crescentemente penoso. Continuarei a refugiar-me no meu trabalho.
Por favor, avalia bem se é este eu (José Cadima, "apenas") que queres. Se não for, talvez seja melhor que defiramos o nosso próximo encontro para uma data futura mais longínqua.
Um xicoração apertado,

José Cadima

Sem comentários: